13º Fliaraxá homenageia a ruandesa Scholastique Mukasonga e Itamar Vieira Junior


O Fliaraxá chega à sua 13ª edição trazendo ao Brasil a escritora ruandesa Scholastique Mukasonga, que é a autora homenageada do festival, assim como o baiano Itamar Vieira Jr. Além deles, o festival vai contar com a presença de mais de 40 escritores e escritoras de diversas regiões do país, envolvidos pelo tema “Literatura, Encruzilhada e Memória”. A escritora camaronesa Léonora Miano é presença confirmada.
O Festival Literário Internacional de Araxá vai acontecer entre os dias 1.º e 5 de outubro de 2025, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá. O Patrono será Agripa Vasconcelos, autor de romances como “A Vida em Flor de Dona Beja”, e o autor homenageado local é Fernando Braga de Araújo, autor de livros como “Araxá Põe a Mesa”.
O escritor baiano Itamar Vieira Junior e a ruandesa Scholastique Mukasonga são os autores homenageados do 13º Fliaraxá
Uendel Galter e Juliana Lubini
Confira os nomes dos escritores e artistas que estarão presentes no 13.º Fliaraxá: Alê Santos, Bianca Santana, Calila das Mercês, Cecília Oliveira, Christiane Sobral, Cidinha da Silva, Daniella Zupo, Eliane Marques, Geni Núñez, Henrique Marques Samyn, Hugo Monteiro Ferreira, Itamar Vieira Junior, Jamil Chade, Jeovanna Vieira, Jeferson Tenório, João Anzanello Carrascoza, Juliana Monteiro, Léonora Miano, Lívia Sant’Anna Vaz, Lisa Alves, Marcelino Freire, Mara Vasconcelos, Mariana Carrara, Matheus Leitão, Morgana Kretzmann, Myriam Scotti, Natalia Timerman, Nina Rizzi, Paulo Scott, Ricardo Ramos Filho, Scholastique Mukasonga, Sérgio Abranches, Simone Paulino, Taiane Santi Martins, Tatiana Salem Levy, Tino Freitas e Vinícius Neves Mariano.
É nesse contexto que o festival reúne mais de 40 autores e autoras de diferentes origens sociais, étnicas e geográficas, reafirmando seu compromisso de equilíbrio com a diversidade, a ética e a transformação. A curadoria desta edição está a cargo dos escritores Jeferson Tenório, Bianca Santana e Sérgio Abranches, que assinam a programação de Afonso Borges. Além disso, o curador Leo Cunha atua no campo infantojuvenil, e Rafael Nolli, Carlos Vinícius e Luiz Humberto França, na curadoria local.
Segundo o presidente do festival, Afonso Borges, “a proposta temática do Fliaraxá – Literatura, Encruzilhada e Memória – é convidar a todos e todas a uma reflexão sobre a importância da lembrança, sob a perspectiva histórica, frente caminhos éticos que a humanidade necessita se orientar. Esta é a vida da Sholastique: o dever da memória posta em uma encruzilhada. Assim como toda a literatura do Itamar, fundada na gênese do brasileiro.”
O processo curatorial abarca a seleção e a organização de mesas de debate, oficinas criativas, lançamentos de livros, atividades infantojuvenis, maratona de leitura, palestras cênico-literárias, Prêmios de Redação e Desenho, além de exposições e apresentações musicais e teatrais. Em um mundo atravessado por crises ambientais, políticas e simbólicas, o 13.º Fliaraxá é um encontro diverso e inclusivo, permeado por convidados que instigam o pensamento relativo aos rumos da humanidade por meio da escuta, da leitura e do debate.
Lançamento de livros
Uma das marcas do Fliaraxá é a valorização da produção independente. Autoras e autores terão espaço para lançar gratuitamente suas obras durante o festival, com a única contrapartida de doar dois exemplares para bibliotecas da cidade (a doação fica sob responsabilidade da produção do festival). As vendas também poderão ser realizadas diretamente pelos escritores, via Pix, sem cobrança de comissão.
Jeferson Tenório, um dos autores confirmados da programação do 13º Fiaraxá, autografa seus livros
@alnereis
Prêmio de Redação e Desenho
Perpetuando a tradição de suas edições anteriores, o 13.º Fliaraxá realiza o Prêmio de Redação e Desenho do evento. Com o tema “A literatura na encruzilhada – O valor do livro e do escritor na vida de um país”, a proposta do concurso é inspirar reflexões sobre o papel que os livros desempenham na vida cotidiana, o impacto de um escritor na sociedade, quais escolhas podem ser feitas para manter a literatura viva, e demais questões tangentes à construção de um Brasil mais leitor, crítico e criativo.
O prêmio é voltado para estudantes entre 4 e 18 anos de idade, matriculados em escolas públicas e particulares de Araxá. O concurso é dividido em seis categorias: três para redação e três para desenho, respeitando as faixas etárias e também garantindo a participação de pessoas com deficiência (PCDs).
Os estudantes podem participar com apenas um trabalho por categoria, que deve ser digitalizado e enviado pela escola à organização do evento. As redações devem ser escritas à mão, com caneta preta ou azul, na folha oficial disponibilizada no site do 13.º Fliaraxá. Já os desenhos podem ser feitos com o material da escolha do aluno.
A premiação é um estímulo à parte: os primeiros colocados de cada categoria receberão R$1.000,00, os segundos colocados, R$500,00, e os terceiros, R$300,00. Além disso, os professores dos alunos premiados serão presenteados com um livro da autora homenageada do 13.º Fliaraxá, Scholastique Mukasonga.
As inscrições vão de 30 de julho a 18 de setembro de 2025, e os trabalhos devem ser enviados para o e-mail redacao@fliaraxa.com.br, acompanhados do Termo de Autorização (para estudantes menores de 18 anos de idade). Todos os documentos, incluindo o regulamento da premiação e as folhas de desenho e redação, estão disponíveis em fliaraxa.com.br. A divulgação dos vencedores será feita no dia 4 de outubro, durante a cerimônia de premiação no 13.º Fliaraxá.
“Para Abrir Outras Janelas”: palestra cênico-literária, com Odilon Esteves
O ator Odilon Esteves, uma das atrações convidadas do 13.º Fliaraxá, leva a palestra cênico-literária “Para Abrir Outras Janelas” para integrar a programação do evento. Cada encontro tem duração de duas horas, com duas sessões programadas em dias diferentes, para ampliar o acesso do público. As performances serão realizadas nos dias 3 e 5 de outubro, das 10h às 12h, no Centro Cultural Uniaraxá.
“Para Abrir Outras Janelas” tem uma dinâmica interativa. A cada palestra, o público vota nas obras e autores que deseja que o Odilon interprete – seja por meio de trechos, leitura dramática ou comentários. Assim, é a plateia quem define o rumo da apresentação. O conteúdo da peça é o mesmo em ambas as sessões, embora a votação possa levar a caminhos diferentes. A base, no entanto, permanece a mesma.
Odilon Esteves apresenta a palestra cênico-literária “Para Abrir Outras Janelas” no 13º Fliaraxá
Matheus Soriedem
A performance narra o percurso de leitura do palestrante, desde a quinta série, quando a literatura passou a fazer parte de sua vida. A influência familiar, com a presença de livros infantojuvenis, teve importância, mas o contato decisivo ocorreu quando Odilon estava na escola. Em Novo Cruzeiro, cidade mineira onde o ator morava à época, uma professora apresentou a coleção Vagalume. Odilon ficou impressionado com a capacidade das palavras de se transformarem em imagens, criando um verdadeiro filme mental. A leitura abriu novas perspectivas, comparáveis a “mil janelas” – daí surge o nome da peça.
Maratona de Leitura Seja Breve
Dentro da programação do 13º Fliaraxá, está a Maratona de Leitura Seja Breve, uma atividade formativa voltada para a leitura e reflexão, em parceria com a Editora Seja Breve, de Bernardo Ajzenberg e Cadão Volpato. O desafio propõe que cada participante tenha quatro horas para ler um livro escolhido na hora e, logo depois, escreva uma redação com reflexões sobre a obra. A data e o local da realização da ação, que acontece durante o festival, serão divulgados em breve, no site do 13.º Fliaraxá.
Serão disponibilizadas 25 vagas ao público, e as inscrições devem ser feitas por meio de formulário on-line (a ser divulgado). Os dez melhores textos serão premiados com R$300,00 cada. Os laureados serão anunciados no sábado, 4/10, junto da cerimônia do Prêmio de Redação e Desenho. Todos os participantes receberão, como presente, o livro que leram durante a maratona e um certificado oficial. Trata-se de uma atividade gratuita e aberta a qualquer pessoa interessada, sem restrição de idade.
Clube do Livro do Fliaraxá
O 13º Fliaraxá promove, desde o início de junho, um clube de leitura em Araxá para ampliar o debate sobre memória, história e literatura africana e aproximar a cidade da obra da escritora homenageada Scholastique Mukasonga. O objetivo da proposta é, além de discutir a obra da escritora, levantar questionamentos a respeito do tema do festival, “Literatura, Encruzilhada e Memória”. Os encontros são organizados pelo professor e escritor Rafael Nolli, de forma gratuita e aberta ao público.
Clube do Livro do Fliaraxá se reúne para discutir obras de autoras que estarão presentes na 13ª edição do festival
Gabriel Sirbag
Ao longo das reuniões do clube, Nolli apresentou um pouco do contexto histórico, político e cultural de Ruanda, país no qual se fundamentam as histórias dos romances de Scholastique, discutidos ao longo dos encontros. O clube também se dedicou a ler a obra “Stardust”, de Léonora Miano, autora camaronesa que estará presente no festival. Os livros que pautam os encontros são disponibilizados pela própria organização do festival aos participantes do clube.
Flicast no 13.º Fliaraxá
Durante os dias da décima terceira edição do Fliaraxá, a literatura também vai ganhar voz nas ondas do Flicast, o podcast oficial do festival. Serão cerca de oito episódios gravados ao vivo durante a programação, com a presença de três autores convidados em cada edição. O papo é uma imersão na vivência do festival: conversas espontâneas, reflexões inesperadas e histórias que só acontecem quando a boa prosa encontra a curiosidade. O flicast estará disponível nas plataformas de áudio para ouvir, reouvir e se inspirar — a qualquer momento e lugar.
Convênio com o Instituto Terra
Um festival literário, como todo evento público, provoca excedente nas emissões de gases na atmosfera, em especial o dióxido de carbono. O aumento de carros e ônibus no entorno; a fabricação dos itens estruturais da montagem, o movimento de caminhões; o deslocamento dos convidados, vindos de outros estados e países: tudo isso aumenta a poluição no ar. Um grande evento, em qualquer lugar do mundo, por maior valor cultural que traga à cidade – no caso, Araxá – provoca danos à natureza, invisíveis a olho nu.
A solução mais comum é simples: compensar as emissões de carbono por meio do plantio de árvores. Por isso, em sua 13ª edição, o Fliaraxá dá sequência à parceria firmada nos anos anteriores com o Instituto Terra. Além de plantar árvores, o convênio com a instituição fundada por Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado garante o investimento no cultivo de plantas nativas, fundamentais para a regeneração do meio ambiente e a proteção da biodiversidade.
A parceria também apoia um dos pontos fortes do Instituto Terra: o investimento na educação ambiental, na formação de jovens profissionais especializados. No futuro, o convênio prevê ainda a recuperação de nascentes, atividade na qual o instituto tem excelência em seus 27 anos de existência.
Exposição educativa “Portinari para Crianças”
Com vistas à realização do 13.º Fliaraxá, a Associação Cultural Sempre um Papo e a CBMM promovem a mostra “Portinari para Crianças”, que apresenta 42 reproduções de obras do pintor Candido Portinari. As pinturas, que retratam crianças se divertindo com brinquedos e jogos, revelam as várias facetas que a infância pode ter, com seus atravessamentos sociais e culturais.
Mostra “Portinari para Crianças” está em cartaz desde julho no Parque do Cristo em Araxá
@silvaguimartins
A exposição, que tem entrada gratuita, foi inaugurada no dia 16 de julho, e fica em cartaz até o dia 5 de outubro, no Parque do Cristo, localizado no Micro Distrito Santa Rita, em Araxá. A curadoria foi feita por João Candido Portinari, fundador e diretor-geral do Projeto Portinari, com a colaboração de Guilherme de Almeida, coordenador do Núcleo de Arte e Educação. A mostra conta com recursos de acessibilidade, como Libras e audiodescrição, na forma de QR Codes.
Sobre o 13.º Fliaraxá
O Fliaraxá é viabilizado por meio da Lei Rouanet e apresentado pelo Ministério da Cultura e CBMM, que em 2025 completa 70 anos de fundação. O patrocínio é do Itaú e Bem Brasil e apoio cultural Centro Cultural Uniaraxá e Academia Araxaense de Letras, em uma realização da Associação Cultural Sempre um Papo. Toda programação é gratuita.

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