Vendaval atinge o centro da capital, estoura vídeos de prédio e derruba dezenas de árvores
A forte chuva acompanhada de rajadas de vento que atingiu São Paulo na segunda-feira (22) provocou quedas de árvores, destelhamento de imóveis, transbordamento de córregos e falhas em semáforos em toda a cidade.
Segundo a prefeitura, somente na capital foram:
139 árvores caídas;
7 atendimentos sem vítimas para desabamentos;
55 semáforos apagados por falta de energia;
18 pontos de alagamento;
122 equipes atuaram nas ruas para reduzir os impactos e liberar as vias atingidas;
Mais de 500 mil pessoas chegaram a ficar sem luz na Grande SP depois do temporal.
O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo decretou estado de atenção para chuvas às 13h45 em todas as regiões da capital. Às 15h02, ele foi encerrado. A instabilidade se afastou para o Litoral Norte e o Vale do Paraíba, segundo dados da Defesa Civil.
“Tudo isso foi causado por uma frente fria que veio do Sul do Brasil, passou pelo estado de São Paulo e agora começa a se afastar para o alto-mar. O que a gente vai ter agora é um frio bem intenso. As temperaturas em São Paulo vão ficar baixas”, afirmou o meteorologista César Soares, da Climatempo.
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Para esta terça (23), a previsão é de céu encoberto, garoa ocasional, mínima de 14°C e máxima de 18°C, segundo a Climatempo.
A seguir, o balanço dos estragos registrados na segunda, de acordo com os dados das subprefeituras da capital:
Queda de árvores
A Secretaria Municipal das Subprefeituras de São Paulo informou que 139 árvores caíram até as 19h de segunda. Avenidas importantes, como Nove de Julho, Rubem Berta e Sumaré chegaram a ser bloqueadas, mas tiveram o tráfego restabelecido no início da noite.
Segundo o CGE, a intensidade dos ventos foi suficiente até para derrubar árvores saudáveis.
Em nota, a prefeitura destacou que, de janeiro a setembro, já realizou mais de 112 mil podas e removeu preventivamente 9,4 mil árvores. Só neste mês, até o dia 19, foram registradas 8.449 podas e 550 remoções.
Árvores caem sobre carros e bloqueiam totalmente trecho da Alameda Santos
Pessoas sem energia
O boletim da Enel, distribuidora de energia elétrica responsável pelo serviço na capital, publicado às 22h35 de segunda-feira (22), apontou que 382.407 imóveis ainda estavam sem energia elétrica na Grande São Paulo. Somente na capital, o número correspondia a 280.359. Às 15h19, segundo a Enel, havia 579.531 imóveis sem luz.
Segundo entrevista do diretor de operações da concessionária de energia, Marcio Jardim, à TV Globo, a empresa teve, ao longo do dia, mais de mil equipes trabalhando na rua. Segundo ele, a previsão para restabelecer a energia na região só seria informada nesta terça.
Rajadas de vento chegaram a quase 100 km/h em dia ‘que virou noite’ na Grande SP
Rajadas de ventos
Os ventos chegaram a quase 100 km/h em diferentes regiões da cidade:
98,2 km/h no Aeroporto Campo de Marte, Zona Norte, às 14h08;
92,1 km/h em Santana – Carandiru, às 14h20;
87 km/h no Aeroporto de Congonhas, Zona Sul, às 14h05.
O Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul, de São Paulo, registrou ventos de 87 km/h, segundo cálculos do próprio aeroporto.
O recorde na cidade, segundo a Defesa Civil, foi registrado em 12 de outubro de 2024, com 107,6 km/h. A Defesa acionou equipes para atender ocorrências relacionadas à ventania em bairros das zonas Sul e Oeste. Placas de sinalização e galhos também foram derrubados.
Outros pontos também registraram rajadas fortes, como 56,2 km/h no Ipiranga e 55,5 km/h no Centro.
Tempestade com ventos de até 98 km/h causa estragos na Grande SP
Volume de chuva e alagamentos
Até as 18h de segunda, a média de chuva na cidade foi de 33,4 mm. Por regiões, o acumulado foi:
Zona Sul: 34,8 mm
Zona Leste: 32,4 mm
Zona Norte: 31,9 mm
Zona Oeste: 31,8 mm
Centro: 29 mm
Segundo o meteorologista Cesar Soares, da Climatempo, o volume de chuva registrado em São Paulo não foi o principal fator de preocupação.
“De maneira geral, o acumulado não foi tão grande pela capital, exceto em algumas áreas da região metropolitana, como Franco da Rocha, que registrou volumes acima dos 80 milímetros”, disse.
O que mais chamou atenção, segundo Soares, foram as rajadas de vento associadas à linha de instabilidade que se formou antes da chegada da frente fria à capital.
“Já observávamos pelo interior ventos de 70 a 80 km/h. Ao chegar a São Paulo, esse sistema se intensificou ainda mais, com registros de até 98 km/h no Aeroporto Campo de Marte”, afirmou.
Além disso, o CGE apontou 18 pontos de alagamento. Houve ainda extravasamento dos córregos Morro do S (Campo Limpo), Zavuvus (Cidade Ademar) e Água Espraiada (Santo Amaro).
Banheiro químico é arrastado pela água em alagamento na Estação Mauá.
Atendimentos para desabamentos
A Defesa Civil contabilizou sete atendimentos para desabamentos entre 7h e 19h de segunda: três na Zona Leste, um na Norte e três na Sul. Não há informações sobre feridos.
Problemas nos semáforos
De acordo com a Companhia de Engenharia de Trafego (CET), ao menos 55 semáforos ficaram apagados por falta de energia em diferentes pontos da cidade, além de outros 25 que apresentaram falha e 18 que permaneceram em amarelo piscante. A situação refletiu diretamente no trânsito, que registrou 351 km de lentidão às 18h de segunda.
A CET informou que, além dos 55 semáforos apagados por falta de energia, 549 agentes e 248 viaturas (214 carros e 34 motos) foram mobilizados para organizar o trânsito.
A capital ainda registrou lentidão de 351 km às 18h, abaixo do recorde do ano, que foi de 1.335 km em 8 de agosto.
1ª tempestade da primavera
Na segunda, houve registros de quedas de árvores e destelhamentos na Grande São Paulo, além de falta de energia. Passageiros no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, registraram o momento em que a água da chuva invadiu a área do terminal próxima ao portão 4 (veja no vídeo abaixo).
Saguão no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de SP, fica alagado
Parte do teto da Estação Brás, da CPTM, no Centro, importante polo de transporte na cidade de São Paulo, que tem como um centro de integração entre Metrô e trem, desabou. Nas imagens, é possível ver água da chuva caindo no saguão da estação e o chão molhado.
Parte de teto da estação Brás, em SP, caiu
No início da tarde, por volta das 14h, o tempo fechado e a chuva forte fizeram o “dia virar noite”, com o céu cinza escuro.
Uma imagem impressionante registrou o momento em que uma tempestade de aproxima da região da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. No vídeo abaixo, a é possível ver uma nuvem de chuva avançando rapidamente sobre prédios. Em instantes, a visibilidade é totalmente encoberta e o “dia vira noite”.
Imagem mostra tempestade chegando na Barra Funda, na Zona Oeste de SP
O alerta, emitido pelo sistema de mensagem automática da Defesa Civil, envia mensagens automáticas para todos os celulares na área de risco, independentemente do cadastro prévio ou do CEP.
Tempestade atinge região da Vila Cordeiro, na Zona Sul de SP
“Alerta severo: temporais com rajadas de vento nas próximas horas na capital e Região Metropolitana. Risco de queda de árvore e destelhamento. Abrigue-se”, dizia a mensagem.
Alerta da Defesa Civil emitido nesta segunda-feira (22).
Reprodução
Mais cedo, duas árvores caíram em razão da ventania e bloquearam totalmente um trecho da Alameda Santos, na região da Avenida Paulista, Centro de São Paulo.
Árvores caíram na Alameda Santos
Aldieres Batista/TV Globo