3I/ATLAS: cauda do cometa interestelar continua crescendo; sinais de rádio são naturais

Animação simula o pouso da sonda Rosetta no cometa Churyumov
O cometa interestelar 3I/ATLAS voltou a chamar atenção dos astrônomos após uma nova imagem revelar que sua cauda cresceu de forma significativa.
O registro, feito na noite de 10 de novembro, mostra o visitante cósmico mais ativo, com uma trilha de gás e partículas mais longa e mais bem definida do que nas semanas anteriores.
A foto foi feita por um observatório na Itália e mostra o cometa mais ativo do que antes. O núcleo aparece brilhante e, atrás dele, surge uma cauda muito mais longa e evidente, bem maior do que nas últimas semanas.
☄️ ENTENDA: A aparência mais ativa do cometa é típica quando ele se aproxima do Sol. Bolsões de gás presos no núcleo congelado do corpo celeste se rompem com o aquecimento e liberam jatos que empurram poeira para o espaço. É esse processo que alimenta o crescimento das caudas.
Nos últimos dias, porém, o 3I/ATLAS também ganhou repercussão por outro motivo: a detecção de emissões de rádio pelo radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul.
O cometa 3I/ATLAS cruza um campo denso de estrelas em registro feito pelo instrumento GMOS no telescópio Gemini Sul, no Chile. Na imagem, o cometa permanece fixo enquanto as estrelas viram rastros coloridos devido às exposições em diferentes filtros.
Gemini Observatory/NSF NOIRLab
Nas redes sociais, a informação gerou especulações sobre a possibilidade de origem artificial. Para os cientistas, essa interpretação não se sustenta.
Segundo o astrônomo Cássio Barbosa, as emissões têm explicação conhecida.
“Essas emissões vêm de radicais hidroxila, formados quando a radiação ultravioleta do Sol quebra moléculas de água do cometa. Isso é uma assinatura química natural”, afirma.
O fenômeno, comum em corpos gelados, já foi usado para identificar água em asteroides e na própria Lua.
Cometa interestelar 3I/ATLAS registrado em 11 de novembro de 2025, com a cauda já mais longa e definida.
The Virtual Telescope Project/Gianluca Masi
Barbosa lembra que o termo “sinal de rádio” costuma gerar confusão. “Se eu fosse escolher uma frequência para comunicação, não seria essa. O ruído do gelo se rompendo abafaria qualquer mensagem”, diz.
A repercussão também aumentou após o pesquisador Avi Loeb, da Universidade Harvard, sugerir que o 3I/ATLAS poderia ter origem artificial, a mesma hipótese levantada por ele sobre ʻOumuamua, em 2017, um corpo menor interstelar que também passou pelo Sistema Solar.
Barbosa discorda: “A comunidade científica considera essa hipótese a mais improvável. Não há nada nas evidências que sustente isso.” Para ele, o tema costuma ganhar força nas redes por causa do apelo midiático. “É uma forma de gerar cliques.”
O 3I/ATLAS visto a partir da órbita de Marte.
ESA
O que é o cometa?
O 3I/ATLAS foi descoberto em julho de 2025 por um telescópio do projeto ATLAS, no Chile, e rapidamente chamou atenção: ele não nasceu no nosso Sistema Solar.
É apenas o terceiro cometa interestelar já identificado, depois de ʻOumuamua (2017) e Borisov (2019). Esses objetos são considerados verdadeiros forasteiros cósmicos, formados em torno de outras estrelas e lançados ao espaço há bilhões de anos.
Por sua trajetória e velocidade, astrônomos acreditam que o 3I/ATLAS possa ser até 3 bilhões de anos mais antigo que o Sol, o que o torna uma relíquia da formação de outros sistemas planetários.
Diagrama mostra a trajetória do cometa interestelar 3I/ATLAS pelo Sistema Solar.
NASA/JPL-Caltech
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