
Estudante vende doces há dois anos em sinal para pagar faculdade e fatura R$ 260 por dia
Emily Gomide, de 21 anos, vende brigadeiros no cruzamento da Avenida Barão de Gurgueia com a Avenida Professor Valter Alencar, em Teresina, para pagar a mensalidade do curso de arquitetura e urbanismo em uma faculdade privada. Ela começou a vender os doces há dois anos e disse faturar cerca de R$ 260 por dia.
“Em 2023, eu passei para arquitetura e meus pais não conseguiam pagar. E eu pensei: ‘não, eu não vou desistir, vou enfrentar'”, contou a estudante ao g1.
Por segurança, Emily contou que evita levar o celular com acesso às suas contas bancárias para o sinal onde costuma vencer os doces. No início, vendia os brigadeiros em diversas ruas da capital, mas percebeu que iria fidelizar mais clientes se ficasse em um ponto fixo.
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“Eu vendia nas oficinas, vendia andando. Atualmente, eu estou vendendo no sinal e é bem mais cansativo. A gente fica muito tempo só naquele local e vende mais, tem clientes fidedignos, né?”, contou a jovem.
A jovem carrega em sua caixa térmica cerca de 22 embalagens, cada uma com quatro brigadeiros de sabores variados. Juntando todo o valor faturado no mês, disse conseguir pagar a mensalidade.
Emily produz os brigadeiros e compra os ingredientes por conta própria. Em meio à rotina de estudos, vida pessoal e academia, ela encaixa a produção e a venda nos horários e dias livres.
“Eu tento conciliar saúde física, mental e também o estudo. Do jeito que dá: 8h, 9h, às vezes às seis da manhã eu produzo e vendo das duas e meia da tarde até o horário que dá, nos dias em que estou livre”, explicou.
A estudante contou que recebeu a ajuda inicial de sua mãe, que investiu na produção dos doces. Ela contou ainda que acredita que a experiência com as vendas contribui para sua formação profissional na arquitetura.
“Foi minha primeira ideia de empreendedorismo. Eu quero entrar no ramo, então esse é um meio. Arquitetura e Urbanismo abre portas para eu vender meus serviços, então estou aprendendo a vender, a falar com clientes. Estou na faculdade da vida, além da faculdade de arquitetura”, afirmou Emily.
Dificuldades com o calor e assédio
Emily relatou que o assédio é uma das maiores dificuldades que enfrenta ao vender brigadeiros no sinal. Segundo ela, muitas vezes precisa deixar claro para os homens que está ali apenas trabalhando.
“Tem esse preconceito dos homens pensarem que estou me vendendo. Eles têm o olhar de dar em cima, e isso é ruim. Mas na hora é cortar e falar: ‘olha, eu estou trabalhando’, é isso”, relatou a estudante.
Além do assédio, Emily também precisa lidar com o sol forte e as altas temperaturas. Para se proteger, usa protetor solar e roupas compridas.
“É bastante protetor solar, pelo menos fator 60. Além do chapéu solar, tem também a blusa de manga com proteção UV e a calça. Também tem o pé, porque o tornozelo fica preto”, finalizou a jovem.
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Vitória Bacelar/g1
*Vitória Bacelar, estagiária sob supervisão de Ilana Serena.
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