Cirurgia nasal raríssima é realizada no Complexo Hospitalar Samuel Libânio – Crédito: Divulgação
Uma cirurgia raríssima foi realizada no Complexo Hospitalar Samuel Libânio (CHSL) no dia 18 de setembro. O procedimento cirúrgico foi conduzido pelo cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, médico Carlos Gustavo Lemos Neves, que é microcirurgião reconstrutor que atua em Goiânia. Segundo ele, a microcirurgia reconstrutiva de uma paciente com lesão nasal, da forma que foi feita no CHSL, é inédita em todo o país.
A cirurgia, que contou com uma equipe multidisciplinar do CHSL, foi feita de forma assistencial e gratuita, ou seja, um enorme ganho médico e social.
“Isso é muito importante para nós do Complexo Hospitalar e mostra que, com nossos investimentos em tecnologia, estamos proporcionando mais qualidade para os nossos pacientes. Isso tudo só foi possível com a vinda do Dr. Carlos Gustavo. Além disso, estamos investindo na compra de muitos equipamentos de ponta que fazem a diferença no atendimento dos pacientes da nossa região”, disse o diretor técnico do CHSL, Saulo Gonçalves Lamas.
Sobre a cirurgia de reconstrução nasal complexa
O procedimento cirúrgico foi realizado em uma área que, dentro da cirurgia plástica, é possível por meio de transplantes de tecidos e diversas transferências desses tecidos, sejam reconstruídos vários locais do corpo.
“Eu me dedico há muitos anos à cirurgia reconstrutiva. Eu estive aqui em Pouso Alegre, no ano passado, onde conheci os colegas médicos Dr. Sampaio, Dra. Jerusa e o Dr. Marcelo. Na época, conversamos muito sobre esse tipo de cirurgia e voltei a Goiânia, até que teve um caso identificado aqui e encaminhado para mim. Essa paciente foi até Goiânia e eu verifiquei que teria que ser feita uma reconstrução nasal complexa. Ela ficou muito esperançosa e eu me dispus a ajudá-la, fazer um trabalho assistencial mesmo”, declara Dr. Carlos, que atualmente é presidente da Sociedade Brasileira de Microcirurgia.
Dr. Carlos explica que a paciente teve uma doença autoimune, quando as células do corpo agridem as próprias células do corpo. Então, a paciente começou a digerir o septo nasal e o nariz foi sumindo tanto interno quanto externamente.
“Com isso, a paciente tem pouca atividade social e usa máscara para sair. Então, levamos tecido de outro lugar do corpo dela e transplantamos no local. O transplante precisa de vascularização própria, circulação sanguínea. Então, nesse caso, fizemos o transplante da região do antebraço e com o artério, com os pedículos da artéria radial, que é o que nutre, nós transplantamos para a face. É como se fosse a água filtrada. Então, a água limpa seria o sangue arterial levando o sangue limpo para os tecidos. Não dá para só chegar o sangue limpo, tem que ter o sangue saindo, o esgoto saindo. E o sangue venoso vai pela veia, que é o sangue sujo, o metabolismo do corpo. Então, para você entender, precisamos emendar esses ‘canos’. Fazemos essa emenda com a ajuda do microscópio, que amplia a visão. Depois conseguimos emendar esses vasinhos que são tão finos quanto dois milímetros de diâmetro onde passa o sangue. O fio que usamos é mais fino que fio de cabelo. E aí restabelece a circulação e o corpo vai poder cicatrizar. E esperamos que a mãe natureza faça sua função de cicatrizar”, explica Dr. Carlos, lembrando que desde a anestesia a cirurgia foi realizada em 14 horas.
Estrutura CHSL
Dr. Carlos elogiou a estrutura do Complexo Hospitalar Samuel Libânio (CHSL).
“Olha, esse hospital é maravilhoso, tem toda estrutura. Parabéns para o pessoal daqui. Agradeço o acolhimento de todos, de toda equipe que possui muita empatia humana. Então, aqui a estrutura é muito boa para realizar uma cirurgia de alta complexidade como essa, tem tudo aqui, equipamentos, tecnologia e tudo mais”, destaca.
“Foi um prazer receber o doutor Carlos para essa cirurgia inédita. Acredito que tem outros casos de microcirurgias, mas não exatamente igual a essa cirurgia que tivemos aqui que trará uma nova fase, uma nova vida para a paciente. O Centro Cirúrgico lutou muito para conseguir tudo que foi necessário para realizar a cirurgia. Isso mostra também que Centro Cirúrgico está preparado, inclusive, para essas cirurgias raríssimas. Nosso Complexo Hospitalar está evoluindo cada vez mais para atender a população de Pouso Alegre e região da melhor maneira possível, mesmo nesses casos desafiadores”, relata a médica Fabrizia Serra, coordenadora do Centro Cirúrgico do CHSL.
O médico cirurgião plástico do CHSL, Marcelo Prado de Carvalho, que atuou ao lado do Dr. Carlos falou sobre a cirurgia.
“Eu atendo o Ambulatório de Oncologia que compreende um atendimento de pacientes de mais de 50 cidades e nós atendemos vários tipos de pacientes com câncer de pele que se necessitam de reconstrução e um belo dia nós nos deparamos com essa paciente de 32 anos que veio acometida por uma doença autoimune de origem indeterminada onde houve uma destruição da camada cartilaginosa do nariz septo nasal da cavidade nasal. Eu tive a sorte de, em um congresso, encontrar com o Dr. Carlos Augusto, que é um microcirurgião renovado e contei o drama que essa paciente está vivenciando por ser jovem, com essa deformidade. Desde o início, ele foi muito bondoso, muito solícito, oferecendo ajuda. A cirurgia ocorreu de forma muito precisa, a paciente ainda se encontra hospitalizada, mas graças a Deus pela competência da equipe e do Dr. Carlos e por Deus, ela está muito bem”, conta Dr. Marcelo.
Médico responsável: Dr. Saulo Gonçalves Lamas: CRM 53978 MG – RQE 36342 – RQE 36343