Piauí demarca mais de mil hectares quilombolas reconhecidos pela Fundação Cultural Palmares
Reprodução/TV Clube
As comunidades quilombolas Barra das Queimadas, em Dom Inocêncio, e Veredão, em Simões, no Sul do Piauí, tiveram os territórios oficialmente demarcados pelo Instituto de Regularização Fundiária e Patrimônio Imobiliário do Piauí (Interpi) na quarta-feira (24). Ao todo, são mais de 1.183 hectares registrados.
A comunidade Veredão recebeu o reconhecimento como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares (FPC) em 2014. E a comunidade Barra de Queimadas em 2024.
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✊🏿 Criada em 1988, a FPC é a primeira instituição pública do Brasil voltada à promoção da cultura afro-brasileira. A entidade atua na preservação da memória, da história, das tradições do povo negro e na proteção do patrimônio cultural, tanto material quanto imaterial, e o combate ao racismo.
Comunidade Veredão
Segundo o Relatório de Identificação e Delimitação do Território (RIDT), elaborado pelo Interpi, a área delimitada da Comunidade Quilombola Veredão em Simões tem 111 hectares e perímetro de pouco mais de 6 mil metros. Cerca de 148 pessoas, organizados em 51 famílias, moram na região.
A maioria dos moradores está na faixa adulta e ativa, entre 19 e 59 anos, representando 63% da população. Cerca de 15% têm 60 anos ou mais, o que aponta para a necessidade de políticas voltadas à saúde e previdência rural.
A taxa de natalidade é baixa: crianças e adolescentes somam 22% dos habitantes. Há mais mulheres (78) do que homens (70) na comunidade.
A migração sazonal é comum, especialmente entre homens solteiros. Desde os anos 1980, moradores se deslocam para estados como São Paulo e Goiás em busca de trabalho. Durante a colheita, entre maio e setembro, muitas casas ficam fechadas, e famílias se mudam temporariamente para povoados rurais.
Comunidade Barra das Queimadas
De acordo com o Interpi, foi reconhecido uma área de 1.072 hectares, com perímetro de 19,4 mil metros, atribuída a comunidade Barra das Queimadas em Dom Inocêncio.
A comunidade foi formada por descendentes de João Gomes e Canuta, que receberam a terra por meio de um acordo verbal com antigos patrões após o fim da escravidão. O pilão é um símbolo cultural importante e aparece na logomarca da associação local. O padroeiro é São Benedito.
O relatório do Interpi não especifica o número total de pessoas ou famílias que compõem a comunidade atualmente.
Próximos passos
Com o reconhecimento, os territórios passam a ter proteção legal contra invasões e especulação imobiliária. A medida também preserva práticas culturais e facilita o acesso a políticas públicas específicas.
Após a demarcação, os próximos passos incluem a homologação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o registro em cartório.
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