O Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá é um espaço de encontros – e sua 13.ª edição não seria diferente. Por se tratar de um evento internacional, a literatura atravessa fronteiras e, desta vez, chega atrelada aos temas de encruzilhada e memória. Neste ano, o festival recebe três escritoras internacionais: Léonora Miano, Rute Simões Ribeiro e Scholastique Mukasonga. Conheça mais a respeito de cada uma a seguir.
Léonora Miano
Nascida em Douala, Camarões, em 12 de março de 1973, Léonora Miano se mudou para a França ainda jovem e hoje é uma das vozes mais relevantes da literatura afro-francesa. Naturalizada francesa em 2008, Miano aborda a consciência negra e a diáspora africana em suas escritas.
De Camarões, a escritora Léonora Miano tem a diáspora negra como norte de sua literatura
Lina Mensah
Seu primeiro romance, “L’intérieur de la nuit” (2005), arrancou prêmios logo em sua publicação de estreia. A obra adiantou um pouco do estilo de escrita de Léonora, apresentando personagens africanas que voltam para a terra natal – muitas vezes imaginária – em busca de raiz e pertencimento. Foi com “La saison de l’ombre” (2013) que o reconhecimento da autora se expandiu ao ganhar o Prêmio Femina, sendo a primeira autora de origem africana a vencer a premiação. Em seus lançamentos seguintes, como “Rouge impératrice” (2019) e “Stardust” (2022), Léonora escreve ambienta memória, poder e resistência em cenários africanos.
Rute Simões Ribeiro
A escritora portuguesa Rute Simões Ribeiro participará de rodas de conversa, além de ministrar uma oficina durante a programação do 13.º Fliaraxá
Acervo pessoal
Rute Simões Ribeiro é portuguesa, e sua escrita é voltada para o íntimo, o social e o fabuloso. Seu primeiro livro, “Ensaio sobre o Dever” (2017), foi finalista do Prêmio LeYa. Depois vieram “A Alegria de Ser Miserável” e “O Escritor e o Prisioneiro” (ambos 2018), seguidos de “A Breve História” . Em 2020, lançou “A Revolução dos Homens Sentados”, uma coletânea de textos que expande a escrita de Rute para além dos limites do gênero. Em 2021, chegaram ao mundo “Choram Mães-Casa seus Filhos-Metade” e “O Homem Que Sonhou”, interseções entre poema e peça dramática. Em 2022, “A Breve História da Menina Eterna” foi publicada pela Editora Nós, levando sua escrita a ainda mais leitores.
Scholastique Mukasonga
Scholastique Mukasonga nasceu em 1956, na província de Gikongoro, ruandesa de origem, hoje radicada na França. Sua obra mais emblemática, “Nossa Senhora do Nilo” (“Notre-Dame du Nil”, 2012), foi premiada com o Prix Renaudot e o Prix Ahmadou-Kourouma no mesmo ano. Nesse romance, um internato dominado por tensões étnicas antecipa os horrores do genocídio ruandês.
A ruandesa Scholastique Mukasonga é a escritora homenageada do 13.º Fliaraxá
Juliana Lubini
Mas o que realmente impressiona e caracteriza a escrita de Mukasonga são seus relatos autobiográficos. “Baratas” (“Inyenzi ou les Cafards”, 2006) resgata memórias do conflito Hutu-Tutsi – “um túmulo em papel”. Em “A Mulher de Pés Descalços” (“La Femme aux pieds nus”, 2008), ela abraça as lembranças da mãe e a memória familiar; mais uma vez, este foi um trabalho finalista de prêmio internacional. Seu livro mais recente é “Julienne” (2024) e conta a história de sua irmã, colocando na escrita a culpa do sobrevivente e restauro da humanidade.
Sobre o 13.º Fliaraxá
O 13.º Fliaraxá ocorre de 1.º a 5 de outubro, no Teatro CBMM do Centro Cultural Uniaraxá. O evento acontece com mesas de conversa com escritores, lançamentos de livros, Prêmio de Redação, atividades para as crianças, apresentações musicais, entre outras. Todas as atividades do Festival são gratuitas.
Há 13 anos, a CBMM apresenta o Festival Literário Internacional de Araxá – Fliaraxá –, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, com a parceria da Bem Brasil e apoio Centro Cultural Uniaraxá, TV Integração e Academia Araxaense de Letras.