Crime da 113 Sul: quem é Adriana Villela, acusada de mandar matar os próprios pais
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recorreu da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que anulou a condenação de Adriana Villela e reabriu a fase de provas sobre o Crime da 113 Sul – que ganhou série documental no Globoplay.
No início de setembro, a ação penal contra Adriana Villela – acusada de ser a mandante dos assassinatos, voltou à estaca zero depois que a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu anular a condenação.
No recurso, o MPDFT pediu que a Sexta Turma do STJ reconsidere a decisão, negue o recurso da defesa e determine a prisão imediata de Adriana Vilella.
O MPDFT diz que o entendimento adotado no caso não segue entendimento consolidado do STJ sobre a nulidade de processos em casos de tribunal do júri.
Adriana Villela no documentário ‘Crime da 113 Sul’
TV Globo
Aponta ainda omissão dos ministros na análise de inúmeras evidências do acesso da defesa a todas as provas, inclusive às mídias que, segundo a própria defesa, estavam juntadas nos autos desmembrados que foram por ela acessados e copiados.
Além disso, diz que a defesa fez uso dos vídeos nelas contidos durante a sessão de julgamento e não registrou qualquer inconformismo na ata da sessão plenária.
Crime da 113 Sul
O crime ocorreu em 28 de agosto de 2009, no sexto andar do bloco C da 113 Sul, quadra nobre de Brasília. No local, residiam José Guilherme Villela e sua esposa, Maria Villela.
Os dois formavam um renomado casal de advogados, responsáveis por um escritório que atendia o mais alto escalão da capital federal, incluindo ex-presidentes e ministros.
Foram mortos a golpes de faca:
José Guilherme Villela, 73 anos, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), morto com 38 facadas;
Maria Carvalho Mendes Villela, 69 anos, advogada, morta com 12 facadas;
Francisca Nascimento da Silva, 58 anos, morta com 23 facadas. Ela trabalhava como empregada doméstica da família.
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Arquivo pessoal
A dinâmica do crime — segundo os executores
De acordo com investigações da polícia e relatos dos executores, as mortes teriam acontecido por volta das 19h15 da noite de 28 de agosto de 2009.
Três homens foram condenados pela execução do crime:
Leonardo Campos Alves, ex-porteiro do prédio onde o casal Villela morava: condenado em 2013 a 60 anos de reclusão;
Francisco Mairlon Barros Aguiar: condenado em 2013 a 55 anos de reclusão;
Paulo Cardoso Santana, sobrinho de Leonardo: condenado em 2016 a 62 anos de reclusão.
Em depoimentos, Leonardo disse que foi contratado por Adriana para simular um assalto na casa dos pais dela. Ele já tinha trabalhado como porteiro do Edifício Leme e conhecia o casal Villela.
Foi quando Leonardo chamou uma dupla de comparsas, Paulo e Mairlon, para auxiliá-lo na ação.
O ex-porteiro Leonardo Campos Alves
Reprodução/TV Globo
Filha é apontada como mandante
Os executores, presos em 2010 e condenados em 2013 (Leonardo e Francisco) e em 2016 (Paulo), afirmam que mataram o casal após ordens de Adriana –que os contratou por cerca de 27 mil dólares e joias.
O crime teria sido motivado por desavenças financeiras. As investigações mostram ainda troca de mensagens entre a arquiteta e os pais, que reclamavam do “temperamento agressivo” da acusada e das cobranças por dinheiro.
Adriana Villela foi denunciada pelo Ministério Público do DF como mandante da execução dos próprios pais. Ela chegou a ser presa duas vezes de forma preventiva devido às investigações do crime, mas foi liberada.
Adriana nega as acusações e acusa o trio de latrocínio, versão essa que chegou a ser dada por Leonardo em seus primeiros depoimentos.
No quinto depoimento à Polícia Civil, Leonardo apresentou uma nova versão e disse que Adriana tinha sido a mandante. Os vídeos desses depoimentos, tornados públicos no documentário do Globoplay, levantam dúvidas sobre a condução dessas oitivas – e foram o motivo da anulação da condenação.
Reviravolta na Justiça
A condenação de Adriana foi anulada na terça (2) pelo Superior Tribunal de Justiça. Com isso, o caso retrocede e pode inclusive passar por um novo julgamento.
Os ministros acataram o argumento de que houve cerceamento da defesa de Adriana Villela porque parte dos depoimentos colhidos pela polícia só foi apresentada durante o julgamento.
Com a decisão, Adriana volta a ser ré pelos crimes, mas as provas e os depoimentos colhidos desde 2010 estão anulados.
Infográfico – Veja linha do tempo do Crime da 113 Sul na Justiça
Arte/g1