Crescem os casos graves de intoxicação por bebidas contaminadas com metanol em São Paulo
“Acordei desesperado porque abri o olho e estava enxergando nada, tudo preto e uma dor de cabeça muito forte”. O relato de Diogo em entrevista ao Fantástico se soma a pelo menos 16 investigações de intoxicação por consumo de bebida adulterada com metanol no estado de São Paulo. Pelo menos duas mortes foram confirmadas.
O metanol, álcool usado na indústria química, é altamente tóxico para o corpo humano e pode levado à morte por falência múltipla de órgãos. O primeiro a ser atingido é o fígado, que transforma o metanol em outras substâncias tóxicas que atingem a medula e o cérebro, causando dor, confusão mental, convulsões, insuficiência pulmonar e coma. O nervo ótico também pode sofrer lesões, deixando a visão turva ou causar cegueira.
A designer de interiores Radharani Domingos também sofreu o mesmo efeito que Diogo. Ainda internada no hospital, ela concordou em conversar com o Fantástico e disse que os primeiros sintomas começaram após consumir bebida alcoólica durante uma comemoração de aniversário em São Paulo.
“Era uma região nobre, não era nenhum boteco de esquina. Bebi três caipirinhas de frutas vermelhas com maracujá e vodca. Causou um estrago bem grande. Não estou enxergando nada.”
Na UTI, Radharani chegou a ter convulsões e precisou ser intubada. A irmã da vítima espera que algum tratamento possa reverter a cegueira.
Esse risco de perda visual é uma das complicações mais graves da intoxicação. O oftalmologista Fábio Azembal alerta que os sintomas iniciais podem enganar: “Os pacientes podem ter alterações de consciência, ficarem confusos, mas principalmente apresentam sintomas gastrointestinais, como cólica abdominal intensa”.
Casos recentes chamaram a atenção dos especialistas pela origem: “Nos casos antigos, a intoxicação estava ligada ao consumo inadequado de álcool de combustível. Agora, a procedência foi de bebidas alcoólicas que, teoricamente, são apropriadas para o uso”, explicou uma médica do Centro de Investigação Toxicológica da Unicamp.
Enquanto a polícia investiga a origem das bebidas adulteradas, as autoridades reforçam a recomendação: qualquer pessoa que apresente sintomas visuais ou mal-estar persistente após ingerir álcool deve procurar atendimento médico imediato para tentar evitar danos irreversíveis à visão.
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