Intoxicação por metanol: médico alerta para sintomas e necessidade de atendimento rápido


SP confirma 3ª morte por intoxicação por metanol em bebidas adulteradas
O governo paulista confirmou a terceira morte por intoxicação por metanol na Grande São Paulo. As vítimas ingeriram bebidas alcoólicas adulteradas.
Marcelo Macedo Lombardi era advogado, tinha 45 anos e morreu no sábado (27) depois de consumir uísque em uma festa, segundo a Prefeitura de São Bernardo do Campo. É a terceira morte suspeita de intoxicação por bebida contaminada com metanol, segundo a Secretaria de Saúde de São Paulo. O Centro de Investigação Toxicológica da Unicamp apura se uma quarta morte está relacionada à bebida adulterada.
Pelo menos 16 casos estão sendo investigados no estado de São Paulo. Wesley tem 31 anos e está internado desde o dia 24 de agosto, quando entrou em coma depois de beber uísque com amigos na Zona Sul da capital paulista. Ele não enxerga e luta para se recuperar de um estado muito grave.
“Ele teve uma pneumonia por broncoespasmo. Depois, um rim dele parou de funcionar e, quando os médicos diminuíram a sedação dele para ele voltar, ele sofreu um AVC”, conta Sheilene Pereira Neves, irmã do Wesley.
No domingo (28), a repórter Graziela Azevedo conversou com a mãe do Rafael, de 27 anos, que também perdeu a visão e está em coma há quase um mês.
“Foi removida a toxicidade do sangue, porém os danos já tinham afetado a visão, o cérebro. Ele está respirando pelo ventilador. É irreversível”, conta Helena Anjos Martins, mãe do Rafael.
Rafael, Diogo, Natália e mais duas amigas contam que compraram gin em uma adega da Zona Sul. Os amigos também passaram mal e chegaram a ficar internados.
A designer de interiores Rhadarani Domingos é outra vítima. Está internada há dez dias depois de tomar caipirinhas de vodca. Sofreu AVC e não consegue enxergar:
“Rosto nenhum diferente. E ainda assim, o que me impressiona, é que, teoricamente, uma caipirinha é uma dose de vodca, mais fruta, açúcar, gelo… E ela causou um estrago bem grande”.
Intoxicação por metanol: médico alerta para sintomas e necessidade de atendimento rápido
Jornal Nacional/ Reprodução
Usado na indústria, o metanol é altamente tóxico para o organismo humano e pode levar à morte. O primeiro a ser atingido é o fígado, depois a medula e o cérebro, causando dor, confusão mental, convulsões e coma. O sangue fica ácido. O nervo óptico também pode sofrer lesões, deixando a visão turva ou causando cegueira. O metanol provoca ainda insuficiência pulmonar e ataca os rins.
“O paciente bebeu, ele vai ter principalmente sintomas gastrointestinais diferentes. Não é só aquela ânsia, aquele mal-estar. É uma sensação de mal-estar gástrico, cólica. Ele pode ter o que a gente chama de acidose metabólica. O que é isso? O pH do sangue tem que ser meio equilibrado. Ele fica mais ácido. Então, o paciente, às vezes, tem falta de ar, uma confusão mental”, explica Fábio Ejzenbaum, chefe do Departamento de Oftalmologia da Santa Casa de São Paulo.
O médico alerta os colegas para o atendimento que precisa ser rápido, com antídoto e medicamentos.
O mais importante agora para autoridades sanitárias e policiais é obter informações que ajudem a rastrear o caminho das bebidas adulteradas com metanol. É o que foi feito em um bar na região dos Jardins, na Alameda Lorena. O advogado do bar diz que o comerciante tem todo o interesse em esclarecer o caso.
“A vida dele depende daquele comércio, daquela empresa. Apresentamos todas as notas fiscais, os produtos. Nos últimos seis meses, ele só compra de distribuidor”, diz Julio César Nabas Ribeiro, advogado do bar.
As equipes da polícia e da Vigilância Sanitária recolheram garrafas de destilados lá e em outros dois bares da Zona Leste.
“A linha de investigação é essa: identificar quem fabricou essa bebida que nós popularmente chamamos de bebida batizada, quem comprou e também identificar outras eventuais vítimas que tenham ingerido esse tipo de bebida, tendo algum tipo de complicação para a saúde”, afirma a delegada Fabíola de Oliveira Alves, do Departamento de Polícia e Proteção à Cidadania.
Uma força-tarefa dos governos federal e de São Paulo se reuniu nesta segunda-feira (29) para monitorar a situação. O Ministério da Justiça já emitiu dois alertas.
“A gente tende a ter mudança nesse nesses números. Então, a ideia também é que esse comitê técnico continue se encontrando mesmo nos próximos dias para atualizar tanto o diagnóstico como as medidas que vão precisar ser tomadas conforme a situação vai evoluir”, diz Marta Machado, secretária de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça.
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