Segundo suspeito de ataque a tiros em escola de Sobral segue foragido cinco dias após o crime


Novidade na investigação do ataque à escola de Sobral
O ataque a tiros que deixou dois mortos e três feridos em uma escola estadual de Sobral, interior do Ceará, completa cinco dias nesta terça-feira (30) com o segundo atirador ainda foragido. O primeiro suspeito do crime foi preso ainda na sexta-feira (26), um dia após o caso. A polícia segue à procura do segundo homem, que já foi identificado, mas não teve identidade revelada.
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O crime ocorreu na Escola Estadual Luiz Felipe. Os dois adolescentes mortos foram identificados como Victor Guilherme Sousa de Aguiar e Luis Claudio Sousa Oliveira Filho, de 17 e 16 anos, respectivamente. Os dois eram estudantes da Escola Estadual Professor Luis Felipe e também participavam de times de futsal na cidade.
Outros três estudantes baleados sobreviveram. Dois foram levados para o hospital com lesões leves e logo foram liberados.
Um deles estava internado em estado grave na Santa Casa de Sobral, mas recebeu alta neste domingo (28). Este último jovem responde por ato infracional análogo a homicídio, roubo, porte ilegal de arma de fogo. A família não autorizou, no entanto, divulgar detalhes sobre seu estado de saúde.
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Retorno das aulas
Já as aulas da instituição retornam em 6 de outubro, de acordo com a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc). Até esta quarta-feira (1º), a escola realizará atividades de apoio psicossocial voltadas a professores e demais servidores, além do planejamento pedagógico para a organização dos espaços e a preparação da rotina escolar.
“Já no período de 1º a 3 de outubro, serão promovidos círculos de diálogo e acolhimento psicossocial com as famílias dos estudante. Na retomada das aulas, serão ofertados momentos conduzidos por psicólogos, assistentes sociais e professores diretores de turma, assegurando um ambiente de apoio emocional, segurança e escuta sensível para os estudantes.”, informou a pasta.
Motivação do crime
Victor Guilherme é um dos alunos que morreu baleado em escola na cidade de Sobral.
Mateus Ferreira/ SVM
Ainda não há confirmação sobre a exata motivação do ataque, mas informações apuradas pelo g1 no inquérito policial do caso apontam que o ataque tem conflito entre facções criminosas da região como motivação.
O documento mostra que Bruno Amorim Rodrigues, o primeiro suspeito preso, pertence a um grupo criminoso rival ao de Victor Guilherme Sousa de Aguiar (vulgo ‘VG’), uma das vítimas do ataque.
Bruno foi “decretado” pelo Comando Vermelho (CV) ao abandonar a facção e se aliar ao grupo rival Primeiro Comando da Capital (PCC). “Decretado”, na linguagem dos criminosos, significa que ele passou a ser jurado de morte.
Já VG, de 16 anos, tinha envolvimento com o CV, conforme o inquérito policial. No entanto, ainda não é possível afirmar se ele era “batizado” (reconhecido pelos chefes da facção como membro) ou se era apenas próximo de criminosos.
Com o jovem, foi encontrada uma mochila com drogas e uma balança de precisão. De acordo com o inquérito, Victor era um fornecedor de drogas na escola.
Em seu depoimento, Bruno Amorim negou que teria envolvimento com o ataque na escola. Ele disse que estava com sua esposa em casa na hora do crime. No entanto, em seu depoimento, a esposa do suspeito disse que no dia do crime (25 de setembro) eles se encontraram somente à tarde. O ataque ocorreu por volta de 9h30.
Ele teria procurado ela depois de quase uma semana separados e “pediu para ficar sem justificar o motivo”. A mulher confirmou que ele tem envolvimento com o PCC. No início da manhã de sexta, ao ser procurando pelos policiais, Bruno pulou o muro de casa e se escondeu na casa de uma vizinha.
Os agentes encontraram o homem escondido sob um lençol no canto de um cômodo da residência. Ao ser perguntado sobre a fuga, o homem disse que “não sabe justificar o motivo do medo.”
Ainda de acordo com inquérito policial, a motocicleta utilizada no crime foi roubada sete dias antes do ataque e teve os pneus modificados. O ataque ocorreu durante o intervalo de aula e os alunos fumavam maconha quando foram surpreendidos.
Ainda não há informações sobre quem pilotava o veículo. Conforme o documento da polícia, o grupo de alunos baleados, junto com outros estudantes (que fugiram a tempo), ficavam naquela localização na hora do recreio para consumir drogas.
Um dos sobreviventes do ataque teve lesão na perna direita.
Mateus Ferreira/ SVM
Novo vídeo de ataque em escola mostra criminosos atirando
Dinâmica do crime
Vídeo mostra correria na escola após ataque a tiros
Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que os dois atiradores chegam de moto a uma rua próximo à escola por volta de 9h30. Eles descem, vão até lateral e atiram pela grade que separa o pátio da escola da rua.
Nas imagens, é possível ver que, imediatamente, um dos jovens cai após ser atingido, enquanto outros correm para longe. Os criminosos também deixam o local correndo e fogem na moto.
Infográfico: estudantes são baleados em escola no CE
Arte g1
Violência crescente no Ceará
Uma das hipóteses para o crime que matou os dois estudantes na escola em Sobral é o confronto entre facções, conforme apuração da TV Globo. Segundo o governador do estado, Elmano de Freitas, sete facções disputam o domínio de territórios onde eles podem monopolizar o tráfico de drogas e serviços como acesso à internet. Os sete grupos criminosos são responsáveis por 90% dos assassinatos no estado, ainda de acordo com Elmano.
A guerra entre os bandos tornou o Ceará o estado com a maior taxa de homicídios dolosos por 100 mil habitantes em 2024, conforme Mapa da Segurança Pública, elaborado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. O número absoluto de homicídios dolosos teve um aumento de 9,85% no Ceará: era 2.893 em 2023 e subiu para 3.178 em 2024.
Além dos assassinatos, os criminosos tentam monopolizar serviços ofertados à população. Em uma onda de ataques coordenados, ocorridos entre fevereiro e março deste ano, criminosos depredaram e incendiaram provedores de internet e deixaram cidades sem acesso. O Comando Vermelho foi a facção responsável. Ela fez pelo menos 19 ataques, como corte de cabos de internet, incêndio de veículos e tiros contra as sedes das empresas, nas cidades Fortaleza, Caucaia, Caridade e São Gonçalo do Amarante.
Em outras regiões, os bandos cobram um “pedágio” para “autorizar” que comerciantes e vendedores informais mantenham seus serviços. Em agosto de 2025, um vendedor de churrasco foi assassinado após recusar a pagar a “taxa” de R$ 1.000 à facção. O valor anterior, que a vítima pagava mensalmente, era R$ 400.
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Reprodução
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