Grupo suspeito de usar vídeo com ‘deepfake’ da modelo Gisele Bündchen para aplicar golpes com vendas de produtos é alvo de operação policial no RS


Grupo suspeito de usar vídeo com ‘deepfake’ da modelo Gisele Bundchen para aplicar golpes com vendas de produtos é alvo de operação policial no RS
Polícia Civil/Divulgação
A Polícia Civil cumpre, na manhã desta quarta-feira (1º), 26 ordens judiciais contra suspeitos de integrar um grupo criminoso que usa vídeos com “deepfake” de celebridades para enganar pessoas com vendas fraudulentas de produtos pela internet. Os valores obtidos com o esquema podem chegar a R$ 210 milhões.
No total, são cumpridos nove mandados de busca e apreensão, sete de prisão preventiva, além de além do sequestro e indisponibilidade de 10 veículos, bloqueio de 21 ativos, investimentos ou aplicações, contas bancárias e carteiras de criptoativos em cinco estados: Rio Grande Sul, Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Pernambuco.
A investigação da polícia identificou vídeos falsos usando imagens, por exemplo, da modelo Gisele Bündchen, além das apresentadoras Angélica Huck, Juliette, Maísa e Sabrina Sato.
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Em um desses vídeos, os criminosos usaram a imagem da modelo supostamente anunciando uma promoção em que estariam sendo dadas malas de viagem. O produto seria de graça, mas era necessário pagar o frete. Os interessados eram levados para um site alterado para parecer legítimo onde eram feitos os pagamentos. No entanto, após os valores serem pagos, quem pagou não recebia o produto – era dessa forma que os estelionatários lucravam. O dinheiro caia em contas de fachada.
“O que chamou a atenção dos investigadores não foi apenas o valor relativamente baixo do prejuízo, R$ 44,57 cobrados como ‘taxa de frete’, mas a sofisticação técnica por trás do golpe. Os criminosos haviam criado um vídeo com ‘deepfake’ da imagem e voz de Gisele Bündchen, fazendo parecer que a modelo estava realmente promovendo o produto inexistente”, conta a delegada Isadora Galian.
Os suspeitos devem responder por estelionato, organização criminosa, lavagem de dinheiro e jogo de azar.
Suspeitos identificados
O esquema começou a ser investigado quando uma mulher do Rio Grande do Sul procurou a Polícia Civil para denunciá-lo.
Os suspeitos foram identificados a partir de perfis falsos nas redes sociais que anunciavam as campanhas publicitárias fraudulentas. Os investigadores detalham que um dos perfis usava um nome fictício criado com dados falsos e conexão por meio de VPN para ocultar a localização de quem de fato estaria fazendo uso do perfil.
Apesar disso, os perfis verdadeiros dos estelionatários foram identificados. Por meio delas, eles ostentavam os ganhos com os golpes e debochavam das vítimas.
“As redes sociais dos investigados eram verdadeiras vitrines de ostentação, com veículos de luxo como Porsche Cayenne S, Range Rover Velar, BMW 430i e motocicletas BMW. Um debochou de uma vítima que havia perdido R$ 800: disse que ‘colocou R$ 200. Perdeu. Depois colocou mais 600”, conta a delegada Isadora.
Mentoria para golpes
Ao longo da investigação, a Polícia Civil identificou o perfil de um estelionatário que ensinava técnicas de golpes digitais para seguidores.
“Através desta ‘mentoria’, ele criava uma verdadeira rede de multiplicação do crime”, conta a delegada Isadora.
Como não cair em golpes
A Polícia Civil alertar a população sobre os sinais de golpes digitais que utilizam deepfakes:
Desconfie de promoções “imperdíveis” protagonizadas por celebridades
Verifique sempre a autenticidade dos perfis que divulgam ofertas
Pesquise a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui antes de comprar
Nunca forneça dados pessoais ou realize pagamentos sem confirmar a legitimidade da oferta
Denuncie imediatamente qualquer suspeita de golpe, mesmo que o valor seja baixo
Sobre denúncias, a Polícia Civil enfatiza que “uma das descobertas mais preocupantes foi constatar que a grande maioria das vítimas jamais denunciava os golpes”.
“Por cobrarem valores relativamente baixos, geralmente entre R$ 20,00 e R$ 100,00 – muitas pessoas simplesmente ‘engoliam o prejuízo’ sem procurar as autoridades. Isso criava uma situação perversa onde os criminosos tinham uma espécie de ‘imunidade estatística’. Eles sabiam que a maioria das pessoas não iria denunciar, então podiam operar em massa sem medo”, explica a delegada Isadora.
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