Influenciadora de Piracicaba é alvo de operação contra crimes com uso de deep fake
Alvo de uma operação contra o uso de deepfakes (imagens falsas) de celebridades para a prática de crimes digitais, a influenciadora Laís Rodrigues Moreira, conhecida como Japa, se associava a estelionatários, que exploravam seu alcance nas redes sociais, segundo a Polícia Civil.
Na manhã desta quarta-feira (1º), as equipes apreenderam três motocicletas de luxo e veículo na casa da suspeita, em um condomínio fechado na região do Bairro Pompéia, em Piracicaba (SP).
A mãe da suspeita também é investigada, segundo as investigações, que apontam movimentação de R$ 8 milhões pela dupla. O valor era movimentado na conta bancária da mãe da influenciadora.
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Japa tinha sua massa de seguidores utilizada para crimes virtuais, segundo a polícia
Reprodução
Relação com jogos de azar
Japa tem 123 mil seguidores no Instagram. Nele, ela ostenta fotos em motos e carros de luxo, mansões e embarcações.
De acordo com as investigações, Japa ajudava a impulsionar os golpes e, também, a promover jogos de azar ilegais.
“Ela se vincula a eles ou os criminosos, estelionatários se vinculam a ela para usar essa massa de seguidores dela e atingir um número muito maior de potenciais vítimas”, explicou o delegado Filipe Borges Bringhenti.
Influenciadora Laís Rodrigues Moreira, conhecida como Japa
Reprodução
Como funcionavam os golpes?
Segundo as investigações, o grupo utilizava tecnologia de inteligência artificial para criar deepfakes de celebridades como a modelo Gisele Bundchen, da ex-BBB Juliette, da apresentadora Angélica e de Sabrina Sato – para enganar pessoas com vendas fraudulentas de produtos pela internet.
Os vídeos falsos eram usados para promover produtos inexistentes como kits de cosméticos e ofertas fraudulentas, levando as vítimas a realizarem pagamentos via PIX.
Segundo investigação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, em um desses vídeos, os criminosos usaram a imagem da modelo Gisele Bündchen supostamente anunciando uma promoção em que estariam sendo dadas malas de viagem. O produto seria de graça, mas era necessário pagar o frete.
Os interessados eram levados para um site alterado para parecer legítimo onde eram feitos os pagamentos. No entanto, após os valores serem pagos, quem pagou não recebia o produto – era dessa forma que os estelionatários lucravam. O dinheiro caía em contas de fachada.
Polícia apreende motocicletas e carro em casa de influenciadora digital de Piracicaba durante operação contra crimes cibernéticos
Gustavo Nolasco/EPTV
“O que chamou a atenção dos investigadores não foi apenas o valor relativamente baixo do prejuízo, R$ 44,57 cobrados como ‘taxa de frete’, mas a sofisticação técnica por trás do golpe. Os criminosos haviam criado um vídeo com ‘deepfake’ da imagem e voz de Gisele Bündchen, fazendo parecer que a modelo estava realmente promovendo o produto inexistente”, conta a delegada Isadora Galian.
Segundo a polícia, os criminosos montaram uma espécie de engenharia digital, com uso de inteligência artificial para criação de conteúdo falso até lavagem de dinheiro.
O esquema utilizada empresas fantasmas, contas com nomes de “laranjas”, incluindo idosas de 80 a 84 anos, e gateways de pagamentos fraudulentos.
Grupo suspeito de usar vídeo com ‘deepfake’ da modelo Gisele Bündchen para aplicar golpes com vendas de produtos é alvo de operação policial no RS
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Balanço da operação
A Operação Modo Selva ocorre nos estados de Rio Grande Sul, Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Pernambuco. As ações envolveram equipes da Delegacia de Investigações Cibernéticas Especiais (Dicesp) e do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos Dercc).
Ao todos são foram expedidos pela Justiça nove mandados de busca e apreensão, sete de prisão preventiva, além do sequestro e bloqueio de 10 veículos, e de 21 ativos, investimentos ou aplicações, contas bancárias e carteiras de criptoativos.
No interior de São Paulo, foram cumpridos cinco mandados de prisão e de busca e apreensão em Piracicaba (SP) e Hortolândia (SP).
Os valores obtidos com o esquema podem chegar a R$ 210 milhões.
Polícia cumpre mandados de busca e apreensão em condomínio de Piracicaba
Gustavo Nolasco/EPTV
Como não cair em golpes
A Polícia Civil alerta a população sobre os sinais de golpes digitais que utilizam deepfakes:
Desconfie de promoções “imperdíveis” protagonizadas por celebridades
Verifique sempre a autenticidade dos perfis que divulgam ofertas
Pesquise a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui antes de comprar
Nunca forneça dados pessoais ou realize pagamentos sem confirmar a legitimidade da oferta
Denuncie imediatamente qualquer suspeita de golpe, mesmo que o valor seja baixo
Sobre denúncias, a Polícia Civil enfatiza que “uma das descobertas mais preocupantes foi constatar que a grande maioria das vítimas jamais denunciava os golpes”.
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