Imposto de Renda: calculadora mostra quanto você deixará de pagar com nova isenção
O dólar inicia a sessão desta quinta-feira (2) em meio às preocupações com a paralisação do governo dos Estados Unidos. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h.
Os mercados reagem a uma agenda esvaziada de dados nos Estados Unidos e a novidades no Brasil. O impasse fiscal em Washington já afeta serviços, trabalhadores e a divulgação de indicadores, enquanto, por aqui, a pauta tributária ganhou destaque no Congresso.
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▶️ A paralisação do governo americano, iniciada na quarta (1º), deve durar ao menos três dias. O Senado não terá sessões nesta quinta por conta do Yom Kippur, o que impede a votação de medidas emergenciais de financiamento.
▶️ O shutdown já atinge 750 mil servidores federais sem salário, com perdas estimadas em US$ 400 milhões. Diversas agências tiveram de suspender ou limitar serviços temporariamente.
▶️ Entre os dados impactados, estão o índice de preços ao consumidor e o payroll, considerado essencial para orientar as decisões do Fed. O atraso também pode postergar o reajuste da Previdência Social americana previsto para 2026.
▶️ Nesta quinta (2), não haverá a divulgação dos pedidos semanais de seguro-desemprego. Assim, a atenção deve se concentrar no discurso de Logan, do Fed, às 11h30, e nos dados de demissões do setor privado da Challenger.
▶️ No Brasil, os investidores acompanham a aprovação, pela Câmara, do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil mensais.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,18%;
Acumulado do mês: +0,11%;
Acumulado do ano: -13,77%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,05%;
Acumulado do mês: -0,49%;
Acumulado do ano: +20,98%.
Paralisação orçamentária nos EUA
O governo dos EUA entrou em paralisação nesta quarta-feira (1º) após o Congresso não conseguir aprovar um projeto orçamentário para estender o financiamento federal.
A paralisação, também conhecida como “shutdown”, é a 15ª desde 1981. No centro do impasse está o setor de saúde. Os democratas afirmam que só aprovarão o orçamento se programas de assistência médica prestes a expirar forem prolongados.
Com o governo impedido de gastar, milhares de servidores públicos serão colocados em licença, enquanto outros, que trabalham em serviços essenciais, podem ter os salários suspensos.
Já os republicanos de Donald Trump defendem que saúde e financiamento federal sejam tratados separadamente. Eles acusam os democratas de usar o orçamento como moeda de troca para atender demandas próprias antes das eleições legislativas de 2026, que definirão o controle do Congresso.
Nas redes sociais, a Casa Branca confirmou a paralisação, que chamou de: “shutdown democrata”. Na terça-feira, republicanos e democratas trocaram acusações sobre quem seria culpado pelo shutdown.
A crise ganhou novos contornos com as ameaças do presidente norte-americano. Trump afirmou que poderia “fazer coisas ruins e irreversíveis”, como demitir servidores e encerrar programas ligados aos democratas, caso o governo fosse paralisado.
“Vamos demitir muita gente. E eles serão democratas”, disse Trump na terça-feira.
Na segunda-feira (29), lideranças democratas e republicanas se reuniram com Trump na Casa Branca para tentar negociar uma saída. As conversas não avançaram, e ambos passaram a se acusar de forçar a paralisação do governo.
Na noite desta terça-feira (30), senadores tentaram aprovar o orçamento, mas a última proposta discutida recebeu apenas 55 dos 60 votos necessários.
Dados de trabalho e da indústria americana
Mesmo com a paralisação administrativa do governo norte-americano no foco, investidores também avaliaram uma série de indicadores divulgados nesta quarta-feira.
O destaque ficou com o corte de 32 mil vagas pelo setor privado dos EUA em setembro, segundo o relatório da ADP, empresa que acompanha o mercado de trabalho. Em agosto, o número também foi negativo, com 3 mil postos fechados (dado revisado). A expectativa era de abertura de 50 mil vagas, o que mostra uma desaceleração.
🔎 Esse relatório da ADP, feito em parceria com a Universidade de Stanford, ganhou mais atenção porque o Departamento do Trabalho dos EUA não vai divulgar seu relatório oficial nesta sexta-feira, devido à paralisação do governo. Com isso, os dados privados podem influenciar mais o mercado.
A paralisação também suspendeu outras divulgações, como os gastos com construção e os pedidos de auxílio-desemprego. Segundo economistas, essa falta de informações pode dificultar o acompanhamento da economia e aumentar a reação dos mercados.
Diante da fraqueza no mercado de trabalho, há expectativa de que o Federal Reserve (Fed) — o banco central dos EUA — reduza novamente os juros na reunião de outubro. Em setembro, o Fed já havia cortado a taxa básica em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4,00% a 4,25%, como forma de estimular a economia.
“Isso deve reforçar também a postura do Federal Reserve de tentar depender mais para o gerenciamento do risco do mercado de trabalho do que o risco inflacionário. E a perspectiva de juros mais baixos prejudica a rentabilidade de títulos americanos, com isso dificulta a atração de investimentos externos e o dólar cai globalmente”, explica Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Nos EUA também foram publicados dados do índice que mede a atividade do setor, calculado pelo Instituto de Gestão de Suprimentos (ISM), que subiu de 48,7 para 49,1, indicando melhora. No entanto, como o número segue abaixo de 50, ainda aponta queda na produção. Foi o sétimo mês seguido de contração.
Apesar da alta na produção, os pedidos e o emprego nas fábricas continuam fracos, afetados pelas tarifas sobre importações.
O governo anunciou novas taxas de até 50% sobre produtos como caminhões, móveis e armários, o que tem gerado cancelamentos e atrasos nas entregas. Os preços dos materiais caíram um pouco, mas os gargalos na cadeia de suprimentos continuam.
Indústria brasileira em contração
No Brasil, a agenda econômica teve a divulgação do PMI de setembro, medido pelo S&P Global. O indicador mostrou que a indústria brasileira teve o pior desempenho em quase dois anos e meio no mês passado, tendo registrado uma queda de 47,7 em agosto para 46,5. Com isso, o dado fica ainda mais abaixo da marca de 50, que separa crescimento de queda na atividade.
A demanda caiu, e os fabricantes receberam menos pedidos — no ritmo mais fraco desde abril. A produção também recuou pelo quinto mês seguido. As exportações diminuíram, afetadas por tarifas dos EUA, mas houve compensação com pedidos de países como Argentina, Itália e México.
Por outro lado, os custos com insumos caíram pela primeira vez desde o fim de 2023, o que permitiu descontos para tentar estimular as vendas. A queda do dólar e a maior oferta de materiais ajudaram nesse alívio.
Apesar do cenário ruim, os empresários seguem otimistas para os próximos 12 meses. Eles esperam melhora na demanda, acordos comerciais com os EUA e novos investimentos. Com isso, o número de empregos teve leve alta em setembro, após queda em agosto.
Outros dados divulgado nesta quarta-feira, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), indicaram que as exportações de máquinas e equipamentos do Brasil para os EUA ainda devem passar por uma redução em setembro, diante do impacto das tarifas norte-americanas.
O setor registrou uma queda de 10,7% em agosto na comparação com o mesmo período do ano anterior, com queda nas compras tanto de bens importados como de produzidos localmente, afirmou a associação.
Por fim, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou que a produção brasileira de petróleo somou 3,896 milhões de barris por dia (bpd) em agosto, umaumento de 16,6% em relação ao mesmo mês de 2024.
Bolsas globais
Em Wall Street, os mercados americanos inverteram o sinal negativo visto no começo do pregão e fecharam em alta, mesmo após os dados mais fracos de emprego e a paralisação do governo dos Estados Unidos.
Segundo dados preliminares, o índice Dow Jones subiu 0,09%, aos 46.439,93 pontos. O S&P 500 avançou 0,34%, para 6.710,92 e o Nasdaq Composite avançou 0,42%, aos 22.754,03 pontos.
As bolsas europeias fecharam em alta, impulsionadas pelos ganhos nos setores bancário e farmacêutico. Os investidores deixaram de lado os dados fracos da indústria, que mostraram nova contração na atividade, e se concentraram em ações que puxaram os índices para máximas de fechamento.
O índice pan-europeu STOXX 600 subiu 1,21%, aos 564,92 pontos. Em Londres, o FTSE 100 avançou 1,03%, aos 9.446,43 pontos. Em Frankfurt, o DAX teve alta de 0,98%, aos 24.113,62 pontos, enquanto o CAC 40 de Paris ganhou 0,90%, aos 7.966,95 pontos.
Na Ásia, as bolsas da China estão fechadas por conta de feriado. Enquanto isso, o mercado japonês teve queda nesta quarta-feira, com investidores vendendo ações para garantir lucros após uma sequência de altas. O índice Nikkei caiu ao menor nível em três semanas, pressionado por perdas em empresas como a Tóquio Electron e o SoftBank Group.
O Nikkei do Japão caiu 0,85%, fechando em 44.550,85 pontos. Já o Topix recuou 1,37%, para 3.094,74 pontos. Em outros países asiáticos, o Kospi da Coreia do Sul subiu 0,91%, o Taiex de Taiwan avançou 0,63%, o Straits Times de Cingapura teve alta de 0,53%, e o S&P/ASX 200 da Austrália caiu 0,04%.
Os índices de Hong Kong, Xangai e Shenzhen seguirão fechados até 8 de outubro.
Cédulas de dólar
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