A CPI mista que investiga fraudes em benefícios do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) aprovou nesta quinta-feira (2) a convocação do ex-procurador-geral da entidade Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho. O depoimento ainda será agendado.
Virgílio Filho foi afastado do cargo, por determinação da Justiça Federal, no mesmo dia em que a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação sobre um esquema de desvios na Previdência. O governo federal o dispensou formalmente do cargo ainda naquela data.
Segundo as investigações, o ex-procurador recebeu, por meio de empresas e de contas bancárias da esposa, R$ 11,9 milhões de empresas relacionadas às associações investigadas por descontos irregulares em benefícios previdenciários.
CPMI do INSS prende presidente da Conafer por falso testemunho
Parte do montante, ainda de acordo com as investigações da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU), estaria relacionada a repasses do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS” e apontado como um dos principais operadores das fraudes.
A CPI também convocou pessoas ligadas ao ex-procurador: a esposa, Thaisa Hoffmann Jonasson; e a irmã de Virgílio Filho, Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira. Os depoimentos ainda não foram agendados.
A Polícia Federal afirma que empresas relacionadas à Thaisa Hoffmann receberam R$ 7,5 milhões do “Careca do INSS”. De acordo com a investigação, um carro de luxo também foi transferido por Antunes para a esposa do ex-procurador.
A irmã de Virgílio, ainda segundo a PF, recebeu R$ 630 mil de um escritório de advocacia relacionado às associações investigadas pelas fraudes na Previdência.
🔎Em depoimento à CPI na última semana, o “Careca do INSS” negou ter relacionamentos “dentro do INSS para qualquer que seja ligação”. O empresário, no entanto, confirmou ter feito repasses a Thaisa Hoffmann Jonasson.
Segundo ele, Thaisa foi contratada para oferecer serviços dentro do aplicativo que o “Careca” oferecia a associações de aposentados e pensionistas. “A produção dela foi de serviço médico, que poderia ser utilizado em aplicativo para aula médica ou exposição sobre doenças prevalentes na faixa etária dos aposentados”, disse.
Além das convocações, o colegiado também aprovou a quebra do sigilo telemático de Virgílio Filho. A esposa do ex-procurador teve os sigilos telefônico e telemático quebrados pela CPI. No mês passado, a comissão mista quebrou os sigilos bancário e fiscal do procurador afastado do INSS.
LEIA TAMBÉM:
CPMI do INSS prende presidente da Conafer, suspeito de operar fraude em aposentadorias, por falso testemunho
CPI do INSS: relator acusa depoente de ser um dos articuladores da fraude
CPMI do INSS ouve presidente da Conafer, entidade que, entre 2019 e 2023, aumentou volume de descontos de R$ 400 mil para R$ 202 milhões
Depoimento Careca do INSS na CPI
Reprodução
Outros alvos
A comissão também aprovou a convocação de outros ex-funcionários do INSS. Dois deles — Reinaldo Carlos Barroso de Almeida e Jucimar Fonseca da Silva — também foram afastados das funções por ordem judicial.
Reinaldo era diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão no INSS. As investigações apontam que ele atuou para a inserção, na base de dados da Previdência, de informações e cadastros de aposentados em associações investigadas por descontar valores irregularmente de benefícios previdenciários.
Jucimar foi coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios no INSS e, de acordo com a PF, desbloqueou e abriu caminho para a autorização de descontos em aposentadorias e pensões.
Outro convocado pela CPI é o ex-diretor de Atendimento do INSS Jobson de Paiva Silveira Sales. Ele teria atuado para reverter e permitir a continuidade de um acordo de cooperação, que permite a realização dos descontos em folha, com a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer).
– Esta reportagem está em atualização