O diretor do Instituto de Criminalística da Polícia Federal (PF), Carlos Eduardo Palhares, afirmou à Globonews que há pelo menos dois erros que podem deixar os destilados batizados e causar intoxicação por metanol . Palhares afirmou que são duas falhas que podem ocorrer ou durante a fabricação ou na preparação da falsificação .
O INC vai analisar amostras para determinar a origem da contaminação.
Em entrevista ao Conexão Globonews nesta sexta (03), Palhares afirmou que uma eventual falha de fabricação pode ocorrer quando não se descarta corretamente a primeira destilação , que tem metanol, e aí pode haver resíduos que causam intoxicação.
“Então, se é feito, por exemplo, uma cachaça, os fabricantes de cachaça, eles já sabem que a primeira parte da destilação deve ser descartada porque tem metanol. Se por um acaso a bebida que está sendo examinada teve esse metanol residual do processo de fabricação, a gente vai conseguir saber e a gente vai conseguir falar, olha, tem metanol, tem metanol em determinado quantitativo e esse metanol é oriundo do próprio processo de fermentação daquele elemento”, afirmou à Globonews.
A segunda hipótese de falha ocorre, segundo ele , na lavagem de garrafas de marcas conhecidas para colocar bebida de qualidade inferior — e parecer que se trata da bebida original. “ Se foi feita a lavagem da garrafa e ficou um resíduo muito pequenininho, nós temos, na Polícia Federal, condição de detectar o metanol”.
Palhares explicou: “ existe hoje um comércio ilegal de garrafas de bebidas. Então, a pessoa compra uma bebida original, ao final, ela pega aquela garrafa e descarta a garrafa no lixo, do jeito que ela veio, muitas vezes coloca até a tampa. Quando você descarta essa garrafa daquele jeito e põe a tampa, você está dando para um falsificador o principal insumo para ele”.
Todas as hipóteses descritas por ele estão sendo analisadas e serão descartadas ou confirmadas a partir do resultado de analises. São os chamados exames avançados de isótopos estáveis, uma forma de rastrear a origem do metanol nas amostras . É um exame de alta complexidade, crucial para detectar se a contaminação se deu por fontes naturais ou inserção de compostos industriais.
Hipótese de inserção de metanol
Há a hipótese também, que ainda precisa ser verificada , de inserção de metanol nas garrafas , com o objetivo de aumentar o teor alcoólico, e acelerar a sensação de embriaguez.
“É possível que tenha havido contaminação, por produtos químicos, às vezes de limpeza, ou mesmo um álcool, um metanol de bomba. Aí a situação é uma situação completamente diferente”, disse o diretor do INC.
Ele explicou quais seriam os produtos químicos : “ Seja o próprio metanol, que pode ser comprado em casas que vêm de produtos químicos, ou mesmo o metanol que vem do combustível, né? Álcool, por exemplo, da bomba de poço de gasolina”, concluiu .
Todas as possibilidades ainda estão sob investigação e ainda será necessário avançar nos laudos desses exames.