Brasil compra mais de 2 mil ampolas de antídoto pra intoxicação por metanol
O Ministério da Saúde anunciou neste sábado (4) a importação de antídotos contra a contaminação de bebidas destiladas adulteradas.
Duas mil e quinhentas unidades de fomepizol devem chegar ao Brasil na próxima semana. O medicamento não é produzido no Brasil. O governo comprou de um fabricante do Japão, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
O Ministério da Saúde também anunciou a compra de mais 12 mil ampolas de etanol farmacêutico, para reforçar o estoque do medicamento que já está disponível em unidades do SUS. Os dois antídotos podem ser utilizados em casos de suspeita de intoxicação por metanol, antes mesmo da confirmação — sempre por um profissional de saúde.
O fomepizol consegue bloquear de forma direta e seletiva a enzima do fígado que transforma o metanol em ácido fórmico, substância altamente tóxica para o organismo. Com isso, o metanol circula pelo organismo sem se transformar em veneno e pode ser eliminado naturalmente ou com a ajuda da hemodiálise.
Outro antídoto é o etanol farmacêutico. Ele não bloqueia, mas disputa espaço com o metanol pela enzima do fígado, o que retarda o aparecimento dos sintomas graves da intoxicação e dá mais tempo para o tratamento funcionar.
O Ministério da Saúde afirmou que o importante agora é reforçar a entrega dos antídotos em todo o país. Quatro estados (Bahia, Pernambuco, Paraná e Mato Grosso do Sul) e O Distrito Federal pediram ao governo remessas de etanol farmacêutico. Quinhentas e oitenta ampolas foram enviadas neste sábado (4) e devem chegar até domingo.
O Ministério da Saúde informou que os casos notificados subiram de 113, nesta sexta, para 195 neste sábado. Desse total, 14 foram confirmados e 181 estão em investigação. São Paulo concentra a maior parte das notificações. Mais nove estados entraram na lista de casos em análise — agora, são 14 estados e o Distrito Federal.
Até o momento, 12 mortes estão sendo investigadas por suspeita de intoxicação por metanol e uma morte foi confirmada. A Secretaria de Saúde de São Paulo anunciou uma segunda morte, mas ela ainda não foi incluída no último balanço do governo federal.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reforçou a recomendação sobre cuidados no consumo de bebida alcoólica destilada. “Eu quero reforçar o conjunto da população, reforço aqui como ministro, mas como médico, sempre a recomendação: nesse momento, evite fazer uso desses destilados, sobretudo se você não tem absoluta certeza da origem da aquisição desse produto”, afirmou ele.
Em uma carta aberta, a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas manifestou solidariedade às vítimas de intoxicação, reforçou o compromisso inegociável com a segurança dos consumidores e que “a falsificação não é um acidente”: é um crime que afeta consumidores, comerciantes idôneos e fabricantes de produtos originais.