Indústria reforça cuidados contra metanol durante compra de matéria-prima
O descarte irregular de garrafas vazias pode abrir portas para a produção clandestina de bebidas, conforme alertam especialistas. Na região de Jundiaí (SP), as fábricas de destilados têm tomado cuidado redobrado na hora de produzir e descartar materiais com álcool.
Os químicos das fábricas precisam conferir se os componentes da matéria-prima, apresentados no laudo do fornecedor, estão corretos.
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Fábricas de destilados de Jundiaí (SP) têm tomado cuidado redobrado na hora de produzir e descartar materiais com álcool
Reprodução/TV TEM
O gráfico elaborado pelos especialistas mostra os parâmetros do álcool e se ele possui algum tipo de contaminante. Se tiver, a matéria-prima é descartada, depois de uma análise sensorial do produto.
“Tudo que é correto dá mais trabalho, mas também você limita a pessoa que faz coisas erradas. A falta de fiscalização da indústria de bebidas também abre margem para este tipo de falsificação. Mais fiscalização, autuação, você acaba tirando as pessoas que fazem produtos de má qualidade, que prejudicam o mercado de quem faz da forma correta”, diz Paulo Brunholi, dono de uma fábrica de destilados.
Análise de matéria-prima é feita antes da produção de destilados em fábricas de Jundiaí (SP)
Reprodução/TV TEM
Ainda de acordo com especialistas, garrafas descartadas com rótulos e com tampas são alvos de criminosos para a fabricação clandestina de bebidas.
Gabriel Pinheiro, diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), alerta que tanto donos de restaurantes quanto consumidores precisam se unir para combater a falsificação de bebidas, especialmente durante o período de ocorrências envolvendo a ingestão de metanol.
“Quando for descartar a garrafa, precisa deixar evidências de que aquela garrafa foi aberta. Uma dica básica é nunca jogar a tampa da garrafa no mesmo lixo que ela, porque isso ajuda o falsificador. Outra dica é rasgar o rótulo da embalagem ou riscar. Todo mundo precisa ser parte da solução deste problema agora”, destaca Gabriel.
Gabriel Pinheiro, diretor da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), fala sobre falsificação de bebidas
Reprodução/TV TEM
Apreensão na região de Jundiaí
A Polícia Civil acredita que fábricas clandestinas estariam usando metanol para higienizar garrafas antes de enchê-las. Mais de mil garrafas foram apreendidas em operações pelo país.
Na sexta-feira (3), quatro pessoas foram presas em flagrante por importar ilegalmente bebidas e produzir destilados sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na região de Jundiaí. Ao todo, 100 garrafas foram apreendidas.
Ainda na região, a corporação apreendeu bebidas com indícios de falsificação e de origem ilegal em estabelecimentos comerciais de Várzea Paulista (SP).
De acordo com a Delegacia de Investigações Gerais (DIG), a Operação Drink Batizado vistoriou diversos estabelecimentos com o objetivo de identificar e coibir a comercialização de bebidas adulteradas.
Além de bebidas com indícios de falsificação, também foram apreendidos produtos que não possuíam os selos e registros exigidos pelos órgãos fiscalizadores.
A ação contou com o apoio técnico de representantes da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), que acompanharam as inspeções e fizeram análises para verificar a autenticidade e a regularidade dos itens apreendidos.
Todo o material foi encaminhado à sede da DIG de Jundiaí. Após a conclusão da análise, a Polícia Civil tomará as medidas cabíveis para responsabilizar os estabelecimentos envolvidos.
Polícia Civil realiza operação paa combater venda de bebidas falsificadas e adulteradas em Várzea Paulista (SP)
Polícia Civil/Divulgação
‘Batismo’ de bebidas
Falsificadores pegam as garrafas de marcas famosas de bebidas alcoólicas, como gin e vodca, e adulteram o conteúdo, acrescentando metanol. Em seguida, o produto é comercializado.
O metanol é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. A ingestão, inalação ou até mesmo o contato prolongado com metanol podem causar náusea, tontura, convulsões, cegueira e até a morte.
Um homem de 37 anos foi internado no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), em Jundiaí, por intoxicação por metanol. Até a tarde de terça-feira (7), ele seguia hospitalizado. Não foram divulgados detalhes sobre o estado de saúde do paciente.
O caso foi confirmado pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), de Campinas (SP). Segundo o hospital, a ocorrência foi informada ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e a Vigilância Sanitária de Jundiaí, que seguem acompanhando a situação conforme os protocolos de saúde pública.
Sintomas
Os sintomas de alerta costumam aparecer entre 10 e 12 horas após a ingestão, mas podem surgir em até 48 horas após o consumo. Se o diagnóstico correto e o atendimento adequado não forem feitos rapidamente, a mortalidade pode ser superior a 50%.
Se o socorro for rápido, a mortalidade pode ser de menos de 10%, explica a médica intensivista e emergencista Patrícia Mello, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
Entre os sintomas iniciais da intoxicação por metanol, estão:
Dor de cabeça intensa;
Alterações de consciência;
Náusea;
Dor abdominal;
Vômito;
Vertigem.
Além disso, podem aparecer sintomas visuais, como visão borrada, fotofobia, escotoma (ponto cego ou mancha escura) e até a perda súbita da visão.
Se a ingestão for muito intensa e muito rápida, a pessoa pode evoluir rapidamente para um coma. Se o paciente tiver histórico de ingestão de bebida ou de alguma fonte duvidosa de algum líquido, deve relatar para que o médico suspeite da intoxicação.
Quais são os sintomas da intoxicação causada por metanol em bebidas alcoólicas adulteradas
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