
Ana Maria Gonçalves chega para posse na ABL
Reprodução/Youtube ABL
A escritora Ana Maria Gonçalves tomou posse na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras nesta sexta-feira (7), substituindo Evanildo Bechara, morto em maio deste ano. Ana Maria é a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na instituição. A cerimônia foi realizada no Petit Trianon, na sede da ABL, no Centro do Rio.
Desde a fundação da ABL, Ana Maria é a 13ª mulher a ser eleita e a sexta entre os atuais “imortais”. Com 54 anos – completa 55 seis dias após a posse – é a acadêmica mais jovem a ser eleita.
Na cerimônia, a autora de “Um defeito de cor” foi recebida por Lilia Schwarcz. A escritora recebeu o colar de Ana Maria Machado e o diploma de Gilberto Gil. A comissão de entrada foi formada por Rosiska Darcy de Oliveira, Fernanda Montenegro e Miriam Leitão; a comissão de saída por Domício Proença Filho, Geraldo Carneiro e Eduardo Giannetti.
Ana Maria teve na plateia a presença dos pais e de outros parentes. “Sem esse núcleo de apoio que nossa família cultivou eu nada seria”, declarou em seu discurso.
A versão do fardão utilizado pela escritora na posse foi feita por integrantes da Portela, que teve o livro “Um Defeito de cor” como enredo para seu carnaval de 2024. A agremiação também foi citada no discurso de agradecimento.
Ana Maria recebe diploma da ABL de Gilberto Gil
Reprodução/Youtube ABL
Sobre Ana Maria Gonçalves
Ana Maria Gonçalves é a primeira mulher negra eleita imortal: ‘Não estou na ABL sozinha’
Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, em Minas Gerais, em 1970. É sócia-fundadora da terreiro Produções. Largou a publicidade, onde trabalhou durante 15 anos, para escrever “Ao lado e à margem do que sentes por mim” e “Um defeito de cor”, ganhador do prêmio Casa de Las Americas (Cuba, 2007).
Já publicou contos em Portugal, Itália e nos Estados Unidos, onde morou por oito anos e ministrou cursos e palestras sobre questões raciais.
Foi escritora residente nas Universidades de Tulane (New Orleans), Stanford (California), e Middlebur (Vermont).
É roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa. Começou a escrever contos e poemas desde a adolescência, sem chegar a publicar. A paixão pela leitura nasceu durante a infância, e desde criança lia jornais, revistas e livros.
“Um defeito de cor”, de 952 páginas, foi publicado em 2006 e levou cinco anos para ser concluído (dois anos de pesquisa, um de escrita e dois de reescrita). Ele narra a trajetória de Kehinde, uma mulher negra sequestrada no Reino do Daomé e escravizada na Bahia, inspirada na história de Luiza Mahin, mãe do advogado abolicionista Luis Gama.