
Local de deslizamento de terra em Manaus que deixou família soterrada
Rede Amazônica
Com a chegada do período de chuvas, cresce a preocupação em Manaus com os riscos de alagamentos, erosões e deslizamentos de terra. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), a capital amazonense possui entre 360 e 380 áreas classificadas como de risco alto ou muito alto.
Para 2026, a Prefeitura de Manaus prevê R$ 7,5 milhões para monitoramento, prevenção e resposta a desastres. Especialistas afirmam que o valor é insuficiente diante da dimensão do problema.
Mais de 112 mil pessoas vivem nessas regiões vulneráveis. Moradores relatam perdas frequentes durante as chuvas.
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Maria Auxiliadora, que vive em área alagada, conta que já perdeu móveis após a água invadir sua casa. “Eu perdi uma geladeira, eu perdi um colchão. To vivendo nessas condições, alaga minha casa todinha”.
Florismar Figueiredo, dona de casa, teme não conseguir retirar a mãe idosa em situações de emergência.
“Está sendo difícil a gente carregar minha mãe. Se der uma chuva a noite é a maior dificuldade por que a água preenche o beco, a gente precisa pedir ajuda dos vizinhos”.
A família mora na Compensa, Zona Oeste da cidade, que segundo o último mapeamento do serviço geológico do Brasil é classificada como Zona de Risco Alto. Porém são as zonas Norte e Leste as que concentram os setores mais críticos.
De acordo com o pesquisador Marcos Oliveira, do SGB, os últimos 15 anos registraram as maiores cheias do Rio Negro em mais de um século de monitoramento. Ele alerta para chuvas cada vez mais fortes e frequentes.
“O cenário futuro é de muita chuva, chuvas cada vez mais torrenciais, cheias cada vez maiores como nós temos observado”, diz.
Oliveira explica que obras de contenção de erosões conhecidas como vossorocas custam entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões cada. Manaus tem mais de 110 dessas formações. Somados aos problemas de drenagem nos igarapés, o investimento necessário seria várias vezes maior que o previsto no orçamento.
“Vossoroca é uma erosão grande que ela evolui de forma muito rápida, começa de baixo pra cima e vai pegando as casas que estão nos topos dos morros e das colinas”, explica.
Local onde duas casas foram atingidas e soterradas por deslizamento de terra em Manaus
Patrick Marques, g1 AM
Orçamento em debate
A Lei Orçamentária Anual de 2026 destina R$ 1,45 milhão para prevenção e R$ 6,12 milhões para resposta a desastres, totalizando R$ 7,57 milhões.
O secretário da Defesa Civil de Manaus, Ângelo de Lima Júnior, afirma que há ações de prevenção em comunidades, mas não detalha como os recursos serão aplicados.
“Estamos conversando com os gestores a nossa necessidade de trabalhar na prevenção. Aquela instrução, aquela capacitação para a comunidade, nós sabemos que a ação é integrada e quanto mais a defesa civil estiver de posse desse tipo de assistência, nós podemos ajudar imediatamente essa população, essa comunidade que tanto necessita”
Para o conselheiro federal de Administração, Inácio Guedes, o valor é subestimado. Ele compara os R$ 7 milhões destinados à Defesa Civil com os mais de R$ 225 milhões previstos para a Secretaria de Cultura.
“O que deve ser feito, em um planejamento estratégico, é avaliar dos últimos as ocorrências e quanto tem sido colocado a disposição pra isso. Eu não acredito que a Defesa Civil, com pouco mais de R$ 7 milhões, consiga efetivamente trazer segurança e dar qualidade ao seu atendimento”.
Chuva causa deslizamento de terra e queda de muro em Manaus