Calçadão da Rua Halfeld, em Juiz de Fora
TV Integração
Vitrines cheias, carrinhos de pipoca, artistas de rua e o vai e vem de quem atravessa o Centro. O Calçadão da Rua Halfeld, um dos endereços mais tradicionais de Juiz de Fora, completa 50 anos de inauguração neste sábado (15).
Conhecido pelas galerias, pelo comércio intenso e pela vista para o Cine-Theatro Central, o espaço guarda histórias e transformações que acompanharam o crescimento da cidade nas últimas décadas.
Confira algumas curiosidades desse ponto tão movimentado.
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Calçadão da Rua Halfeld em Juiz de Fora 50 anos
Acervo: Mauricio Lima Corrêa/Simón Eugénio Sáenz Arévalo
A loja mais antiga do Calçadão
Ótica Juiz de Fora no Calçadão da Rua Halfeld
Google Maps/Reprodução
Entre os pontos que resistem ao tempo está a Ótica Juiz de Fora, considerada uma das mais antigas do Calçadão, segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/JF).
Fundada em 14 de dezembro de 1972, o negócio familiar é comandado até hoje pelo casal Olindário Gonçalves Pires, fundador da empresa, e Maria Campos Pires.
Com 53 anos de história, a ótica também é administrada pelas filhas Rozaine, Lyane e Lenise Pires, que dão continuidade ao legado com um toque moderno e atenção às mudanças no comércio local.
O ‘canivete perdido’ que virou folclore
Canivetes foram distruídos na inauguração do Calçadão em Juiz de Fora, há 50 anos.
Acervo: Mauricio Lima Corrêa/ Maria Angélica Giudice
Outra história curiosa da época da construção do Calçadão envolve o então prefeito Saulo Pinto Moreira. Em 15 de novembro de 1975, ele assumiu a Prefeitura após a saída de Itamar Franco.
Segundo o historiador Roberto Dilly, as obras de modernização do Centro incluíam a criação do Calçadão e diversos buracos foram abertos pela cidade. A situação inspirou uma das lendas urbanas mais conhecidas da época:
“Algum piadista espalhou que o doutor Saulo havia mandado abrir as valas na Halfeld para procurar um canivete de estimação do avô dele. Virou um folclore”, contou.
O prefeito levou a brincadeira com bom humor e mandou confeccionar canivetes com o logotipo da Prefeitura e cabo de acrílico branco, que foram distribuídos aos moradores. O gesto transformou a piada em símbolo da época, e o ‘canivete perdido’ entrou para o imaginário popular como parte da história do Calçadão.
Bloco Pintinho de Ouro: tradição no Carnaval
Bloco Pintinho de Ouro durante o carnaval de 2023 em Juiz de Fora
TV Integração/Reprodução
Entre as muitas histórias que o Calçadão já viu passar, uma delas virou tradição: o Bloco Pintinho de Ouro
O grupo surgiu em 2006, quando três amigos decidiram brincar o Carnaval vestidos com jardineiras de colégio infantil. O que começou como uma farra despretensiosa logo se transformou em um dos blocos mais queridos da cidade.
Todos os anos, o Parque Halfeld vira palco da festa, que reúne foliões fantasiados de “pintinhos”. Quase duas décadas depois, o bloco faz parte da memória afetiva do Calçadão — assim como as máscaras, o sobe e desce e até a sirene do meio-dia, sons e imagens que há décadas marcam o ritmo da rua.
Cinema no coração da cidade
Pessoas lotaram as ltimas sessoes do Cine Palace em Juiz de Fora
Reprodução/TV Integração
O Calçadão também já foi lar de um dos cinemas mais tradicionais de Juiz de Fora: o Cinearte Palace, que fechou as portas em 2017.
Inaugurado em 1948, o espaço abrigava a antiga Rádio Industrial e a Companhia Central de Diversões, responsável pela maioria das salas de cinema da cidade. Durante décadas, o Cinearte Palace foi ponto de encontro de gerações e palco de eventos culturais, como o Festival de Cinema Francês e o Primeiro Plano.
Com o tempo, o público migrou para os complexos de cinema nos shoppings, mas o espaço segue vivo na memória de quem cresceu indo ao Calçadão para ver filmes na tela grande.
Do bonde ao Calçadão: 144 anos de história
Antes de se tornar símbolo da vida no Centro, a Rua Halfeld já era um dos principais eixos da cidade. Chamada inicialmente de Rua Califórnia, fez parte do trajeto da primeira linha de bondes, em 1881.
Com o aumento das carruagens, em 1884, passou a ter mão única. Cinco anos depois, recebeu iluminação elétrica — um marco de modernidade para a época.
O nome homenageia o engenheiro alemão Henrique Guilherme Fernando Halfeld, um dos fundadores de Juiz de Fora.
A principal transformação veio em novembro de 1975, com a inauguração do Calçadão no trecho entre as avenidas Rio Branco e Getúlio Vargas. Desde então, o espaço passou a ser exclusivo para pedestres e virou ponto de encontro, trabalho e convivência de gerações.
De acordo com o historiador Roberto Dilly, o projeto nasceu na gestão de Itamar Franco, mas foi realizado por Saulo Pinto Moreira.
“A ideia era criar uma rua para as pessoas, não para os carros — conceito que ganhava força nos anos 1970, inspirado em cidades como Curitiba, Porto Alegre, Rio e Belo Horizonte”, explicou.
Calçadão da Rua Halfeld é considerado o coração de Juiz de Fora
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