G1 ao vivo Enem 2025: Correção da prova do 2° domingo 16/11
Neste domingo (16), segundo dia de provas, o Enem 2025 voltou a conectar ciência e cotidiano nas questões 45 questões de matemática e outras 45 de ciências da natureza (biologia, física e química)
Os temas de destaque abordados na prova foram:
Produção de vacinas — do isolamento do vírus à sua inativação pelo calor,
Recordes de Usain Bolt nas pistas,
Descarte de hormônios no solo,
poluição por óleo nos oceanos,
Espécie de lagarto do deserto dos EUA que produz um hormônio capaz de regular a glicose e que foi essencial na criação do Ozempic,
Tirinha da Turma da Mônica para abordar vibração sonora e taças que se quebram,
Cálculos sobre o custo de produzir plástico por petróleo ou reciclagem,
Comparativo do rendimento entre GNV e gasolina.
Matemática
A prova de Matemática apresentou um conjunto variado de situações do cotidiano, incluindo duas questões sobre o uso de GNV (gás natural veicular), explorando comparações de consumo e rendimento. Também trouxe duas questões envolvendo jogos digitais ou videogames, usando mecânicas de jogos para trabalhar proporções, relações numéricas e interpretação de dados.
Entre os destaques, houve uma questão que citava Usain Bolt, usando o tempo do jamaicano nos 100 metros rasos para discutir velocidade média e relações entre distância, tempo e desempenho. Outro item abordou economia de água em vasos sanitários, descrevendo a prática de colocar garrafas PET no reservatório para reduzir o volume de cada descarga — situação usada para avaliar noções de volume e proporcionalidade.
Química
A parte de Química manteve o padrão dos últimos anos e não trouxe surpresas, segundo Caio Zanvettor, professor e autor de Química do Colégio e Sistema pH. Ele destaca que a prova cobrou conteúdos tradicionais — como estequiometria, usinas nucleares e equilíbrio químico — e exigiu domínio conceitual.
Zanvettor observa que as questões estavam menos contextualizadas que o habitual no Enem. Em muitas delas, o estudante não conseguia avançar apenas pela interpretação: era necessário domínio direto do conteúdo.
Entre os destaques, ele menciona uma questão de nomenclatura cobrada de forma sistemática, algo pouco comum no exame. Também não identificou nenhum texto-base extenso utilizado para gerar várias perguntas, nem no segundo dia nem no primeiro.
Física
Para Daniel Ávila, professor de Física da Plataforma AZ, a prova seguiu um modelo conhecido pelos candidatos, sem grandes surpresas. Os temas trabalhados mantiveram o perfil clássico do Enem, com ênfase em eletricidade, fenômenos de ondulatória e situações envolvendo força de atrito.
Acauan Figueiredo, professor de Física do Curso Anglo, avaliou que a prova seguiu muito bem o que foi apresentado nos últimos anos, com nível de dificuldade médio e nada acima do normal ou fora da realidade. Na visão dele, considerando toda a prova de Ciências da Natureza, houve uma distribuição equilibrada entre questões teóricas e questões de cálculo.
Ele destacou que, em Matemática, apareceram itens envolvendo razão e proporção, relações direta e inversamente proporcionais e questões envolvendo funções. Em Ciências da Natureza, apareceram temas como o funcionamento de uma vacina. Todas as questões apresentavam contextualização para que o estudante entendesse como aplicar o conceito no dia a dia.
O professor localizou algumas questões interdisciplinares, incluindo a primeira questão do caderno cinza, que unia Geografia e Biologia. Ele mencionou também uma questão que combinava Física e Biologia ao tratar de icterícia, com um texto explicando a doença e, em seguida, um gráfico de frequência e comprimento de onda.
Em Física, os blocos mais relevantes foram mecânica e eletricidade, que tradicionalmente concentram boa parte das perguntas. Ele citou como uma das questões mais difíceis um item envolvendo mecânica, velocidade de um avião em relação ao ar e deslocamento em três dimensões; mesmo sendo mais exigente, não ultrapassava o padrão do exame.
A prova também trouxe situações do cotidiano, como o uso de dispositivos elétricos, disjuntores e réguas elétricas, questionando quantas tarefas poderiam ser realizadas simultaneamente. Outro item envolvia uma tirinha da Turma da Mônica para identificar um fenômeno físico e a grandeza associada.
O professor não identificou nenhuma pergunta baseada em um texto longo que originasse várias questões, nem percebeu textos tão extensos quanto os de outras edições.
Lincoln Ribeiro, professor de Física do Elite Rede de Ensino, avaliou que a prova apresentou um caráter bastante objetivo e não trouxe cálculos complexos. Ele observou que um número significativo de questões exigia análise de gráficos, habilidade que aparece com frequência nas edições recentes do Enem.
Das cerca de 15 questões da área, quatro abordaram conteúdos tradicionalmente mais cobrados, especialmente Eletrodinâmica, incluindo ao menos dois circuitos elétricos, a exemplo do que ocorreu no ano anterior. A prova também contou com um item de cinemática vetorial.
O professor destacou uma questão de Eletrodinâmica sobre tubo de imagem, semelhante a enunciados já vistos em outros vestibulares, inclusive com a mesma figura utilizada em provas da FAMERP (SP). Houve ainda uma questão de ondulatória com boa contextualização, relacionada ao fototratamento de bebês com icterícia, descrita em um enunciado extenso que ocupava a página inteira.
Biologia
Gabriella Leal, professora e autora de Biologia do Colégio e Sistema pH, avaliou que a prova manteve o padrão tradicional do Enem, com nível de dificuldade médio e textos curtos e diretos. Segundo ela, ecologia foi o eixo central da disciplina, com duas questões específicas sobre biomas — uma comparando deserto e caatinga e outra envolvendo o cerrado — além de itens sobre poluição e ciclos biogeoquímicos.
A professora observou que nenhum item abordou fisiologia humana, conteúdo que apareceu em edições anteriores. Entre as perguntas mais desafiadoras, ela destacou a que tratava de fotossíntese oxigênica, tanto pelo conceito quanto pela nomenclatura, o que pode ter elevado a dificuldade para muitos estudantes. Outro ponto delicado foi uma questão sobre digestão do colesterol, em que o enunciado levava o aluno a distinguir corretamente a função dos lisossomos, evitando confusão com o retículo endoplasmático.
A prova também trouxe itens mais conteudistas, como uma questão sobre aves, que exigia identificar uma glândula específica responsável por impermeabilizar as penas — um tipo de abordagem menos comum no perfil tradicional do Enem.
Gabriella listou ainda quatro questões diretamente relacionadas à saúde: uma sobre esquistossomose, que pedia o hospedeiro intermediário (o molusco); outra sobre intoxicação alimentar; uma terceira sobre vacinas, abordando o processo de produção e o conceito de imunização artificial ativa; e uma última sobre carência de vitamina A, associada à cegueira noturna.
ENEM 2025 -DOMINGO (16) – RIBEIRÃO PRETO (SP) – Movimentação de candidatos, familiares, amigos e professores de cursinhos na Unip
Érico Andrade/g1
Em atualização.