Da tragédia à inovação: Cubatão mostra sua revolução sustentável na COP30


Prefeito mostra que Cubatão vive novos tempos
Divulgação
Um progresso construído com sacrifício, diante de uma dor que parecia sem fim. Uma locomotiva de desenvolvimento imersa numa triste história marcada pela emissão de 80 mil toneladas de poluentes por dia pelas indústrias. Um despertar a partir de uma tragédia e, então, o que era contaminação transformou-se em ar puro e referência mundial. Essa é a trajetória de Cubatão, que está sendo contada durante a COP30, em Belém, e promete mudar outras realidades no País e no Mundo. “Viemos propor soluções e caminhos para o futuro”, garantiu o prefeito do município da Baixada Santista, César Nascimento. Ele compõe a comitiva que está levando para a conferência da ONU a certeza de que “não existe progresso sem pensar no meio ambiente e nas pessoas”.
No último sábado (15), o chefe da administração municipal esteve no Pavilhão Brasil, na Blue Zone, para mostrar que hoje Cubatão vive novos tempos e está pronta para liderar uma nova agenda. “Não é sobre se adaptar, mas sobre ser protagonista”, enfatizou Nascimento ao apresentar a mudança histórica da cidade, que por décadas simbolizou o fracasso ambiental e hoje se tornou um laboratório vivo de desenvolvimento sustentável. O painel também teve a participação de dirigente do Quênia; Hernán Hougassian, diretor de Transição Ecológica da província de Buenos Aires na Argentina; e Alessandra Fajardo, diretora executiva técnica do Cebeds – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.
Da tragédia ao reconhecimento internacional
Durante sua apresentação, o prefeito reforçou que sua própria história está ligada aos difíceis capítulos vividos pelo município, lembrando o período em que a cidade era chamada de Vale da Morte. Ele destacou que o impacto da poluição deixava marcas profundas. “Toda a riqueza produzida não chegava à população, que era empurrada para as palafitas e morros, vivendo em condições subumanas”. Ao recordar a tragédia da Vila Socó, em 1984, deixou claro que “aquele dia nos ensinou da forma mais dura que não existe progresso sem pensar nas pessoas”.
A partir desse marco, poder público, indústria e sociedade se uniram para transformar a cidade. A redução de 98% dos poluentes, o reflorestamento, o manejo de manguezais e as ações de controle industrial iniciaram um processo que projetaria Cubatão no cenário internacional. “Aquela cidade do passado mudou”, disse. Em 2025, o município recebeu o selo Cidade Verde do Mundo, concedido pela FAO/Arbor Day Foundation, entrando para um grupo de pouco mais de 200 cidades globalmente reconhecidas por práticas ambientais consistentes.
Inovação, justiça climática e nova agenda sustentável
Nascimento mencionou também o protagonismo local na proteção de ecossistemas costeiros, como a recuperação de 3 milhões de m² de manguezais, considerados potentes sumidouros de carbono. O prefeito apresentou ainda projetos de ecoturismo e iniciativas inovadoras, como o conjunto de casas flutuantes que está sendo construído na Vila dos Pescadores para famílias removidas de palafitas. Outro ponto enfatizado foi o avanço energético e tecnológico do município. “Nosso polo industrial já investe em diesel 100% renovável e querosene verde. Agora queremos ser o centro de produção de hidrogênio verde”, disse. Ele também anunciou a proposta de criação de um centro de pesquisas em manguezais e falou do trabalho conjunto com o IPT para alcançar o patamar de carbono neutro.
No campo social, exibiu os resultados de um dos maiores projetos de urbanização socioambiental da América Latina ao citar a retirada de 5.300 famílias de áreas de risco, a recuperação de mais de 1 milhão de m² de Mata Atlântica e a entrega de milhares de moradias e obras de saneamento que vão eliminar o despejo de 2 milhões de litros de esgoto por dia no estuário. E garantiu que todos esses avanços foram conquistados sem apoio de fundos internacionais. “O que fizemos pela Mata Atlântica e pelos manguezais merece a mesma atenção e o mesmo nível de investimento global. É um pleito por justiça climática”, disse, ao explicar a pauta levada por Cubatão à COP30.
Ao finalizar sua participação, o prefeito retomou o propósito central da presença do município na conferência. Para ele, a experiência de Cubatão mostra que é possível unir desenvolvimento industrial, justiça social e preservação. “Nossa cidade venceu a etapa da poluição extrema. Hoje, Cubatão é a cidade verde do mundo, a cidade vale da vida”.
Além de Nascimento, a comitiva cubatense é formada pelo pela vice-prefeita e secretária de Habitação, Andrea Castro, pelo secretário de Meio Ambiente, Segurança Climática e Bem-estar animal, Cleiton Jordão Santos, e pelo secretário de Comunicação Social, Claudio Barazal. Desde o primeiro dia a delegação vem fortalecendo conexões estratégicas com governos e instituições internacionais.
Prefeitura de Cubatão
Site: https://www.cubatao.sp.gov.br/

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