Seis ônibus são depredados entre a madrugada de quinta e esta sexta em SP; mais de 240 foram vandalizados desde junho


Também foram registrados casos de depredação em Cotia e em Osasco, na Grande São Paulo. Em Cotia, um adolescente foi apreendido com artefato usado em ataques contra coletivos na região. Ônibus atacado na Avenida Rio Branco.
Arquivo Pessoal
Ao menos seis ônibus foram depredados na cidade de São Paulo entre quinta-feira (3) e esta sexta (4), segundo informações da SPTrans.
Entre eles um coletivo da linha 9300 – Terminal Parque Dom Pedro / Terminal Casa Verde – atingido por uma pedra na Avenida Rio Branco, no Centro. Segundo testemunhas, uma pessoa jogou o objeto e fugiu correndo. Não houve feridos.
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Em Cotia, na Grande SP, um adolescente foi apreendido também nesta sexta com um artefato usado em ataques contra coletivos na região. Ele foi levado à delegacia de Cotia.
A Viação Raposo, que opera na região, teve cinco ônibus vandalizados apenas nesta sexta – um deles na Estrada da Roselândia e os demais na Rodovia Raposo Tavares.
Mais casos também foram registrados também em Osasco: três nesta sexta-feira. Ninguém ficou ferido.
Desde 12 de junho, o número de casos de vandalismos contra coletivos na capital chegou a 247. Os ataques acontecem de forma distribuída por todas as regiões da cidade.
Em nota, a SPTrans informou que todas as informações estão sendo repassadas às autoridades para auxiliar nas investigações. A empresa também reforçou a orientação para que as concessionárias comuniquem imediatamente qualquer ocorrência à Central de Operações e registrem boletim de ocorrência.
Também em nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana comunicou que “a Guarda Civil Metropolitana foi acionada nesta tarde pela SPTrans para atuar em três ocorrências de vandalismo contra ônibus do transporte coletivo municipal. Em resposta, a GCM realizou a preservação das áreas afetadas, abrangendo três locais: Rua Norma Pieruccini Giannotti, Avenida Bosque da Saúde e Rua Rio Branco, garantindo a segurança do perímetro até a conclusão dos procedimentos de perícia e retirada dos veículos”.
“Desde o 12 de junho, as empresas operadoras relataram que 255 ônibus do sistema municipal foram depredados, incluindo cinco durante a tarde desta sexta-feira (4). Os atos aconteceram de forma distribuída por todas as regiões da cidade.”
Mais de 240 ônibus vandalizados em SP
235 ônibus já foram atacados na cidade de SP desde junho, diz SPTrans
Na maioria das investidas, os veículos foram acertados por pedras e tiveram os vidros quebrados.
Em um dos casos mais graves, que aconteceu na Zona Sul da capital, uma passageira foi atingida no rosto e sofreu uma fratura no nariz (veja vídeo acima).
VIDEO: registra o momento em que ônibus é atacado em Mauá, na Grande SP
Na madrugada de quinta (3), uma fila de ônibus atacados foi registrada no 47° Distrito Policial do Capão Redondo, onde uma onda de ataques também ocorreu.
A gestão municipal afirma que os trabalhadores e pessoas de baixa renda as mais prejudicadas, porque os veículos saem de circulação e deixam as linhas desassistidas.
Fila de ônibus atacados na madrugada desta quinta-feira (3) no 47° DP do Capão Redondo, na Zona Sul da capital.
Reprodução/TV Globo
Além da capital, outras cidades como Santo André, Osasco e Santos também foram alvo desse tipo de vandalismo (veja mapa abaixo).
No total, essas cidades já reportaram mais de 280 ataques desde o início do mês passado, contando capital, Grande SP e Litoral Paulista.
São Paulo: 235 ônibus vandalizados
Santo André: 13 ônibus vandalizados
Osasco: 12 ônibus vandalizados
Santos: 11 ônibus vandalizados
Taboão da Serra: 6 ônibus vandalizados
São Bernardo do Campo: ao menos 2 ônibus vandalizados
Mauá: 1 ônibus vandalizado
O g1 mapeou a quantidade e em quais cidades os crimes aconteceram. Confira no mapa abaixo:
Confira onde ocorreram os ataques a coletivos desde o início do mês de junho.
Arte/g1 Design
O Sindicato dos Motoristas de São Paulo disse que tem trabalhado para oferecer mais segurança aos operadores do transporte público e também aos passageiros. Também afirmou que pediu uma reunião urgente com a SSP para tratar do problema e cobrar medidas de segurança.
Rumos da investigação
A Polícia Civil descartou por ora a participação de facções criminosas na onda de ataques ao transporte público que o estado de São Paulo, em especial a capital, vem sofrendo.
Em coletiva na quinta-feira (3), o delegado Ronaldo Sayeg, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), explicou que “as organizações criminosas agem com propósitos específicos e principalmente com reivindicações claras que surgem durante os atos ou posteriormente”.
Contudo, a polícia não identificou, por enquanto, o propósito nos atos de vandalismo.
Agora, a polícia trabalha com outras duas linhas de investigação: uma delas aponta para a atuação de adolescentes e jovens motivados por desafios propostos em redes sociais; a outra apura a possível articulação dos ataques por empresas de transporte coletivo.
O Deic tem monitorado por meio de um órgão de inteligência cibernética as ações em plataformas digitais e redes sociais para identificar a possível ação desses jovens.
Segundo o diretor do Deic, os autores dos ataques aos ônibus seriam jovens, conforme o depoimento de vítimas e de funcionários. Contudo, nenhum agressor foi identificado até a última atualização da reportagem.
“Essa é uma investigação peculiar, porque não apresenta um padrão. São diversos ônibus, de diversas empresas em diferentes locais da cidade, o que de fato traz uma demora para a resolução [do caso]”, explica o delegado.
A Polícia Militar colocou em prática, desde quarta (2), a Operação Impacto e Proteção a Coletivos, com base em um mapeamento estratégico feito em conjunto com a Polícia Civil.
O coronel Lucena, coordenador operacional da Polícia Militar, afirmou que 3.641 viaturas e 7.890 policiais foram mobilizados para atuar em todo o estado de São Paulo, com foco em locais com registros de depredações e possíveis ações criminosas contra o transporte coletivo.
Nesta quinta-feira (3), mais de 600 motocicletas partiram do Anhembi, na Zona Norte da capital, como parte das ações táticas. Também foram montados 12 pontos de bloqueio em regiões monitoradas, com o objetivo de realizar abordagens e reforçar a segurança.
Casos ficarão concentrados para facilitar investigação
Ônibus apedrejado na Zona Sul de São Paulo nesta quarta-feira (2).
Reprodução/TV Globo
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que os boletins de ocorrência relacionados aos ataques a ônibus na capital e na região metropolitana serão concentrados em duas delegacias para facilitar o andamento das investigações. A medida foi tomada após a série de atos de vandalismo.
“A gente tinha vários boletins de ocorrência em várias delegacias, né? O que foi feito é uma concentração em duas delegacias, uma na região do ABC e outra aqui na cidade de São Paulo. As investigações ainda estão em andamento, não têm uma conclusão, mas não tenho dúvida nenhuma de que a Polícia Civil está muito empenhada para desvendar esse mistério, para poder localizar quem são os responsáveis por esse tipo de vandalismo”, afirmou Nunes.
A prefeitura está utilizando imagens do programa Smart Sampa para colaborar com a identificação dos envolvidos. O patrulhamento também foi reforçado nas regiões afetadas.
Ônibus são vandalizados na capital paulista no fim de semana, segundo a SPTrans
Reprodução
O que dizem as empresas envolvidas
SPTRANS:
“A Secretaria Municipal de Mobilidade e Transporte (SMT) e a SPTrans reiteram o repúdio aos atos de vandalismo registrados no sistema de transporte e seguem fornecendo todas as informações necessárias para auxiliar nas investigações. Do dia 12 de junho até 2 de julho, as empresas operadoras relataram que 235 ônibus do sistema municipal foram depredados. A SPTrans reforça a orientação para que as concessionárias comuniquem imediatamente todos os casos à Central de Operações e formalizem as ocorrências junto às autoridades policiais. Cabe ressaltar que a empresa é obrigada a encaminhar o veículo para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que realizará a próxima viagem programada, garantindo a continuidade do serviço prestado aos passageiros. Caso isso não ocorra, a empresa é penalizada pela viagem não realizada”.
MOBIBRASIL:
“A Mobibrasil, concessionária do sistema de transportes de São Paulo, lamenta profundamente mais um ato de violência que atinge os serviços e veículos das linhas que opera na cidade de São Paulo.
A empresa prestou imediato socorro e todo o apoio necessário à passageira envolvida, inclusive acompanhando-a durante o atendimento na unidade hospitalar, mantendo-se solidária e atenta à sua recuperação também no período pós-atendimento.
Reiteramos que estamos à disposição dos profissionais de saúde e das autoridades de segurança pública, não somente para colaborar na apuração deste caso – o mais grave até o momento – mas também para contribuir com informações em todas as ocorrências semelhantes que vêm sendo registradas. Infelizmente, tivemos diversos ônibus vandalizados nos últimos dias, e estamos envidando todos os esforços possíveis para que esta situação seja esclarecida e para que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados.
A Mobibrasil reafirma seu compromisso com a integridade e segurança de todos e informa que, em respeito às políticas internas de compliance e à legislação vigente, especialmente a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018), não divulga dados pessoais de colaboradores ou passageiros eventualmente envolvidos nas ocorrências.”
O que dizem as prefeituras
São Bernardo do Campo
“A Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria de Segurança, informa que por volta das 6h30 da manhã deste sábado (28/6), a Polícia Militar foi acionada, via Copom, para atendimento de indivíduo alterado em via pública.
Após diligências, o homem de 27 anos foi encontrado na Avenida Senador Vergueiro, próximo à Avenida Presidente Artur Bernardes, com duas pedras na mão, oferecendo resistência à abordagem.
O indivíduo foi encaminhado ao Hospital de Urgência por ter se lesionado durante a ação delituosa, onde foi medicado, liberado e conduzido ao 2o DP.
Reconhecido pelos motoristas dos ônibus depredados, o homem foi preso em flagrante por ter depredado e vandalizado veículo de transporte coletivo, pontos de ônibus e ter resistido à prisão, fatos que se enquadram no artigo 163, de dano qualificado e atentado contra a segurança de meio de transporte.
Sobre os questionamentos acerca dos pontos de ônibus da Avenida Luiz Pequini, no domingo (29/6), informamos que nem a Guarda Civil Municipal, nem a Secretaria de Transporte, Mobilidade e Infraestrutura foi acionada. Os pontos de ônibus são gerenciados pela BR7, sugerimos consultar a empresa.”
Mauá
“A Prefeitura de Mauá informa que as duas únicas ocorrências deste tipo, ocorreram na noite do sábado (14/06), por volta das 22h30, na Avenida João Ramalho. Dois veículos que operavam nas linhas 30 – Araguaia e 32 – João Ramalho, respectivamente, foram vandalizados. Não houve feridos e nem impacto aos passageiros, pois prontamente carros reservas foram colocados na operação.”
Santo André
“A Prefeitura de Santo André informa que, durante o mês de junho, o sistema de transporte coletivo da cidade registrou oito ocorrências de vandalismo, envolvendo apedrejamento de ônibus. Os casos aconteceram em diferentes regiões da cidade, com destaque para a noite de 14 de junho, quando quatro veículos das linhas 103 e 141 (Suzantur) e B-21 e T-14 (Guaianazes) foram alvos de pedras arremessadas na Rua Coronel Alfredo Flaquer, nas proximidades da passarela Luiz Melito, na região central. Não houve feridos.
Outras quatro ocorrências foram registradas na noite de 28 de junho, com ataques às linhas B-21 e T-23 (Viação Guaianazes), na Avenida Giovanni Batista Pirelli; à linha T12-C (Viação Guaianazes), na Avenida dos Estados com a Avenida André Ramalho; e à linha T-17 (Viação Guaianazes), na Rua Coronel Alfredo Flaquer.
Em todos os casos, as pedras atingiram vidros laterais ou traseiros dos ônibus. Não houve vítimas, apenas danos materiais.”

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