Morte em esquema de agiotagem: polícia descobre que vítima e executor eram rivais
A morte de Júlio César Carlos da Rocha, de 28 anos, em janeiro deste ano, no bairro São José, em Vitória, foi resultado de uma emboscada em meio a uma guerra por território entre agiotas rivais, segundo a Polícia Civil.
O autor dos disparos, Douglas Jesus de Oliveira, de 36 anos, foi preso meses depois, e a corporação afirmou, nesta terça-feira (9), que a motivação do crime está ligada ao controle do esquema de agiotagem (empréstimo ilegal de dinheiro) na Grande São Pedro.
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Segundo o adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, delegado George Zan, o suspeito Douglas Jesus de Oliveira, de 36 anos, foi identificado como autor dos disparos.
“A vítima trabalhava para um desses grupos e o autor tem relação com o grupo rival. Eles tiveram um desentendimento na questão da dominância da prática de agiotagem na região”, disse.
Júlio César Carlos da Rocha, de 28 anos, foi assassinado por disputas relacionadas a agiotagem em Vitória
Reprodução/TV Gazeta
Execução em frente à residência
Na noite do crime, Júlio César estava em frente à sua casa com a companheira, amigos e uma criança de seis anos. Douglas teria chegado ao local de moto, com um comparsa, e parado a duas ruas de distância. Em seguida, foi a pé até a residência e começou a atirar.
“Júlio César estava com a companheira em frente à residência dele, mais um casal de amigos e uma criança de seis anos. Estavam confraternizando. O atirador vem andando pela rua e, quando vai se aproximar da residência, começa a atirar no meio da rua, uma rua movimentada”, detalhou o delegado.
A vítima tentou fugir para dentro da casa, onde a criança estava. A mãe da menina se colocou na frente dos disparos para proteger a filha e foi baleada. Júlio César foi atingido e não resistiu. Após o crime, o suspeito fugiu correndo e encontrou o comparsa, que o aguardava na motocicleta.
“É um crime que chama atenção pelo ato heroico dessa mãe. Ela, em meio aos disparos, se coloca no caminho dos tiros para salvar a vida da filha. A criança saiu ilesa”, contou Zan.
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Arma e máquina de contar dinheiro: material encontrado com o suspeito de executar rival da agiotagem em Vitória
Reprodução/TV Gazeta
Investigação e prisão
Três dias depois do crime, um homem foi preso no bairro Redenção com uma pistola calibre 9 mm — a mesma utilizada na execução. Ele foi liberado após audiência de custódia, mas, após exame balístico confirmar a relação da arma com o crime, Douglas foi preso novamente em 8 de julho.
Na casa dele, a polícia apreendeu uma máquina de contar dinheiro. O delegado disse acreditar que três barbearias que pertencem ao suspeito localizadas perto uma da outra poderiam estar ligados ao esquema.
“A gente acredita que essas barbearias eventualmente também poderiam ter sido utilizadas para lavagem de dinheiro”, afirmou.
Durante o interrogatório, Douglas teria negado participação no assassinato.
Douglas Jesus de Oliveira, de 36 anos, é apontado como autor da execução de rival da agiotagem em Vitória
Reprodução/TV Gazeta
“Ele disse que não tinha praticado o crime, que era trabalhador. Ao ser confrontado com os demais elementos, ficou em silêncio”, disse Zan.
Ainda segundo o delegado, agora a polícia trabalha para identificar o comparsa que pilotava a motocicleta e apurar se o crime teve um mandante.
“A investigação ainda está em andamento. Queremos entender melhor a motivação e a relação entre os grupos”, destacou o delegado.