Agricultora estuda para conquistar diploma do ensino médio aos 80 anos e inspira filhos: ‘sou uma guerreira’


Severina Rodrigues estuda para conquistar o diploma aos 80 anos, através do Ensino de Jovens e Adultos (EJA)
TV Cabo Branco/Reprodução
Retomar os estudos aos oitenta anos de idade é um ato que requer força. Para Severina Rodrigues, que começou a trabalhar como agricultora desde cedo, ser forte é uma atitude natural, fruto da resistência de uma vida inteira.
“Eu sou forte. Não me abalo por qualquer coisa não. Graças a Deus, sou uma guerreira”, afirma Severina, com um sorriso.
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Ela, que atende pelo apelido carinhoso de Nice, perdeu a mãe quando era muito jovem, e teve que abrir mão dos estudos para começar a trabalhar e ajudar a cuidar da casa e dos irmãos mais novos.
“Fiquei sem mãe muito nova, tomando conta dos irmãos. Trabalhando no roçado, ajudando em casa. Depois de casada, aí é que não pude estudar mesmo. Agora depois de idosa, resolvi estudar”, conta a estudante.
Aos 80 anos, Severina Rodrigues curja a EJA
TV Paraíba/Reprodução
À noite, Nice cursa a Educação para Jovens e Adultos (EJA) em uma escola da cidade de Riachão do Bacamarte, no Agreste da Paraíba. Apesar do cansaço de dividir a rotina entre o roçado durante o dia e os estudos no turno da noite, seu compromisso e desempenho escolar são louvados pelos professores.
“Ela é ativa. Sempre faz as atividades, não falta um dia. Sempre vem. Aluna exemplar”, disse Adelmo Catão, professor de Nice.
Inspiração para família
Paraíba Positiva: aos 80, agricultora de 80 anos conquista diploma
A dedicação e força de vontade de Nice é tomada como fonte de inspiração pelos integrantes da família que também não tinham ingressado na vida escolar. A estudante de oitenta anos divide os corredores da escola onde estuda com a filha e alguns netos.
“Eu digo aos meus netos: vocês vão estudar, porque a gente só é gente quando estuda. Eu não estudei no tempo de nova porque não pude”, diz ela.
Vera Lúcia, filha de Nice, se emociona ao falar sobre o exemplo que vê na busca incansável da mãe pela realização do sonho antigo de obter a conclusão do ensino médio.
“Ela fica aqui e eu na outra sala. Ela veio primeiro, porque é mais adiantada do que eu. Ela veio e puxou todo mundo”, revelou Vera Lúcia, com a voz carregada de emoção.
A admiração também se estende aos colegas de turma de Nice, que enxergam nela uma motivação para não desistirem e seguirem em frente com os estudos, sem se deixarem intimidar por parâmetros como a faixa etária. Uma delas é Ana Paula, que decidiu voltar às salas de aula aos quarenta e quatro anos.
“Saber que tem uma pessoa tão maravilhosa como dona Nice, com oitenta anos estudando, com garra… É gratificante. Eu que tenho apenas quarenta e quatro anos, já tentei desistir, mas através dela, vou continuar”, afirmou a estudante.
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