Companhia aérea acionou o Capítulo 11 da Lei de Falências nos Estados Unidos. Veja todos os episódios que envolvem a crise financeira da empresa no último ano. Companhia aérea azul voos Araxá e Patos de Minas
Azul/Divulgação
A Azul Linhas Aéreas anunciou nesta quarta-feira (28) que acionou o Chapter 11 (Capítulo 11) da Lei de Falências nos Estados Unidos – um mecanismo semelhante ao processo de recuperação judicial no Brasil. A medida é mais um episódio de problemas recentes aos quais a companhia conviveu no último ano. Entre eles, estão a suspensão de rotas no Brasil e cancelamentos de voos.
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Além disso, a aérea fez uma negociação com credores para eliminar R$ 11 bilhões em dívidas. Em entrevista ao g1 em janeiro, o CEO da empresa, John Rodgerson, disse que o acordo deixaria a companhia mais “forte do que nunca” e apontou corte de custos, falta de peças e dólar alto como razões para as suspensões e cancelamentos.
Relembre abaixo cada um dos episódios recentes que envolvem a crise financeira da Azul e saiba mais sobre o pedido de recuperação na Justiça norte-americana.
Suspensão de rotas no Brasil
Entre janeiro e fevereiro, a empresa, que tem como principal hub nacional o Aeroporto de Viracopos, em Campinas, suspendeu a operação em pelo menos 14 cidades brasileiras por conta de custos operacionais. Veja os municípios:
Barreirinhas (MA)
Campos (RJ)
Correia Pinto (SC)
Crateús (CE)
Jaguaruna (SC)
Iguatu (CE)
Mossoró (RN)
Parnaíba (PI)
Ponta Grossa (PR)
Rio Verde (GO)
São Benedito (CE)
São Raimundo Nonato (PI)
Sobral (CE)
Três Lagoas (MS)
Um dia antes de entrar com o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, na terça-feira (27), a Azul anunciou mais uma suspensão de rota. A partir do dia 3 de agosto, a companhia não vai mais operar o trajeto Campinas-Uberaba.
“Os clientes terão como opção a rota para Confins, com oferta de uma frequência diária. O aeroporto de Confins / Belo Horizonte é o segundo hub da Azul no país”, disse a empresa em nota enviada ao g1.
Cancelamentos de voos
Ao longo de 2024, e especialmente no final do ano, a Azul conviveu com cancelamentos de voos. A companhia afirmou que, em sua maioria, são causados por fatores externos, como mau tempo ou problemas em aeroportos, e também pela necessidade de manutenção nas aeronaves, programadas ou não.
Em dezembro, a empresa cancelou voos no Aeroporto Internacional de Viracopos duas vezes em quatro dias, o que causou revolta de passageiros e bate-boca no terminal.
‘Não vou voar onde estou perdendo dinheiro’
Na entrevista ao g1 em janeiro, John Rodgerson apontou corte de custos, opção por rotas mais lucrativas, falta mundial de peças e motores, alta do dólar como fatores para as suspensões de voos no início do ano.
“Não vou continuar voando onde estou perdendo dinheiro. Então, como qualquer empresário, você aloca seus recursos da melhor forma possível”, disse à época.
O CEO pontuou que embora tenha anunciado a suspensão de rotas, a Azul permanece expandindo o mercado. “Antes da pandemia, a Azul operava em 110 cidades do Brasil. Hoje estamos em 160, e vamos para 150 com esses fechamentos, mas estamos servindo muito mais cidades que servíamos antes”, afirmou.
Também neste ano, a Azul anunciou novas rotas internacionais, com voos diretos de Campinas para Montevidéu, Madri e Porto.
Acordo para eliminar dívida
Rodgerson afirmou também que o acordo com os credores, além de um aporte de R$ 3,1 bilhões, iria garantir a companhia “mais forte que nunca”.
Segundo a Azul, a reestruturação teve início em 2024 a medida que a companhia enfrentava muitos desafios, como a desvalorização do real frente ao dólar, altos custos com combustível de aviação, problemas judiciais no setor, crise global de fornecimento e enchentes no Rio Grande do Sul.
“Este é mais um momento muito importante na história da Azul, pois encerra um processo de negociação que torna a nossa empresa mais sólida e robusta. Além da extinção de R$ 11 bilhões das obrigações financeiras, recebemos hoje um aporte de novo capital de mais de R$ 3,1 bilhões, que irão reforçar o balanço da companhia e garantir que estejamos mais fortes que nunca”, disse o executivo após o acordo.
Recuperação Judicial
O processo nos Estados Unidos “permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.
O objetivo é reduzir significativamente o endividamento da companhia e gerar caixa. De acordo com a empresa, o processo contempla US$ 1,6 bilhão em financiamento e deve eliminar mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,28 bilhões) em dívidas, além de prever US$ 950 milhões em novos aportes de capital no momento da saída do processo.
A Azul informou que, neste período, vai seguir operando normalmente, “mantendo nossos compromissos com nossos públicos de interesse, incluindo continuar voando e fazendo reservas como de costume”.
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