Apenas 13% dos estudantes da UFU são negros: ‘A exclusão começa muito antes do vestibular’, afirma pró-reitor


Estudante de Engenharia Aeronáutica da UFU, Grace Anne Rodrigues
TV Integração/Reprodução
A cada 100 alunos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), apenas 13 são pretos ou pardos. O dado é da própria instituição, que aponta que muitos jovens negros ainda não veem a universidade como um espaço possível.
De acordo com a Diretoria de Administração e Controle Acadêmico (Dirac), a presença de estudantes pretos e pardos na UFU é de apenas 13%. Isso equivale a 2.711 alunos entre mais de 21 mil.
A universidade pública segue as diretrizes da Lei de Cotas desde 2013 e reserva 50% das vagas para alunos da rede pública, priorizando candidatos de baixa renda e autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Mesmo assim, o pró-reitor de Graduação, Valdenor Barros Morais, comentou que os números refletem a desigualdade histórica na educação.
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Valdenor explica que, mesmo com a política afirmativa, muitos jovens negros não enxergam a universidade como um lugar possível. “Ainda tem gente em Uberlândia que acredita que se paga para estudar na UFU. A exclusão começa muito antes do vestibular”, ressaltou.
Apesar do número, a Dirac aponta ainda que o número real de alunos negros pode ser maior, já que mais de 5 mil estudantes não declararam cor ou etnia na matrícula.
Histórias que mostram desafios e conquistas
A estudante de Engenharia Aeronáutica Grace Anne Rodrigues, uma das poucas alunas negras do curso da UFU, conta que só conseguiu chegar até a universidade graças ao incentivo de professores durante o ensino fundamental.
Para ela, avançar até o ensino superior representa um progresso ainda pequeno, mas significativo. “Eu tive oportunidades que grande parte da população negra não teve. Meus professores me incentivaram a participar de Olimpíadas, e isso fez diferença”, lembra.
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Pesquisas recentes da Next Generation mostram que só 38% das pessoas pardas e 28% das pretas conseguem concluir o ensino superior, bem abaixo dos 51% da população branca. Além disso, a desigualdade aumenta ainda na pós-graduação.
No doutorado em que estuda, o jurista e historiador Flávio Muniz é o único aluno negro da turma. “É um duplo sentimento: gratidão por chegar a esse espaço e tristeza porque pessoas negras ainda são minoria. Isso revela um problema estrutural muito maior”, destacou.
O historiador ainda afirmou que o maior desafio não é entrar, mas permanecer na universidade. “A realidade econômica, familiar e social pesa. As condições externas conspiram para que a pessoa negra não tenha as mesmas ferramentas para continuar estudando.
Treze a cada 100 alunos matriculados na UFU são pretos ou pardos, aponta instituição
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