Após ser liberada do hospital, criança de 5 anos morre depois de acidente com portão em MS


Portão caiu sobre a cabeça da vítima. Hospital informou que está reavaliando internamente todas as condutas e decisões adotadas. Sophie morreu após acidente doméstico em casa, e foi liberada ao procurar atendimento médico em hospital de Campo Grande (MS)
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A família de Sophie Emanuelle Viana Rochete, de 5 anos, acusa a Santa Casa de Campo Grande (MS) de omissão de socorro depois que a menina morreu ao ser liberada do hospital. Ela buscou atendimento na unidade duas vezes depois de sofrer um acidente doméstico, quando um portão caiu sobre sua cabeça, enquanto brincava, no Jardim Aeroporto.
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Segundo o que o pai contou aos policiais, no domingo (25) Sophie brincava dentro de casa com outras crianças da mesma faixa etária, quando todas saíram correndo para pedir doces à mãe de uma delas. Uma das crianças abriu o portão de entrada, do tipo ‘correr’, e ao puxá-lo, o portão se soltou do trilho e caiu sobre Sophie.
A menina foi socorrida até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Vila Almeida, mas devido a gravidade ela foi transferida para a Santa Casa, onde deu entrada na segunda-feira (26). No hospital, ainda conforme o boletim de ocorrência, foi feito raio-x e concedida alta médica em menos de quatro horas.
No documento dado à família, a médica que fez esse primeiro atendimento informou que ‘Não encontramos evidências que indicam que o trauma crânio encefálico foi grave. Entretanto novos sintomas e complicações inesperadas podem desenvolver-se horas ou mesmo dias após o trauma. As primeiras 24 horas são as mais cruciais e a criança deve permanecer junto a acompanhante confiável pelo menos durante este período’. A médica ainda cita possíveis sintomas que podem aparecer e que a família deve ficar atenta, como sonolência, vômitos, convulsão, dor de cabeça, fraqueza, pulso lento, entre outros.
Por fim, a orientação é aplicar bolsa de gelo no local do trauma. Retornar se o inchaço aumentar. ‘A criança pode comer e beber normalmente’.
A criança voltou para a casa, mas após algumas horas passou mal e retornou para a Santa Casa, onde foi realizada tomografia constatando uma lesão no crânio. Após o diagnóstico Sophie ficou em observação.
O pai reclamou na delegacia que foram longos períodos de espera sem atendimento. A menina apresentou piora e quando a equipe médica chegou, o estado de saúde dela já era grave. Sophie teve duas paradas cardíacas e não sobreviveu. O óbito foi constatado na noite de quinta-feira (29). A família acusa a equipe médica de omissão de socorro.
O encaminhamento do corpo ao Instituto de Medicina e Odontologia Legal informa: ‘Paciente com história de traumatismo cranioencefálico há quatro dias (queda de portão sobre a cabeça) evoluindo com rebaixamento da consciência, bradicardia e PCR, sendo realizadas manobras de RCP, sem sucesso’.
Na certidão de óbito, a causa da morte aparece como ‘hemorragia subaracnóidea, hematoma subdural, fratura parietal direita, impacto por objeto em queda’.
Nas redes sociais, a tia da criança publicou a indignação da família. ‘Ao acordar, [segunda-feira] ela estava com muita dor na cabeça, o remédio vomitava, febre de 39 graus, retornamos a santa casa, onde queriam novo pedido de Upa para atendê-la , disse que não tinha e que não iríamos, pois a médica sequer deixou a menina em observação após um trauma na cabeça’, escreveu Vailza Viana.
No segundo atendimento, ainda conforme a tia, o problema continuou. ‘O rosto dela começou a inchar todo, e não pediram uma ressonância para ver a situação interna da cabecinha dela, ao passar dos dias, ela reclamando de dor, eles receitaram até morfina de tanta dor que ela estava sentindo, deixaram minha sobrinha ir morrendo aos poucos”, publicou.
O que diz o hospital
Em nota, a Santa Casa de Campo Grande informou que está acompanhando o caso desde o momento do óbito, prestando solidariedade à família. Afirma ainda que todas as condutas e decisões adotadas estão sendo avaliadas e reavaliadas internamente.
Informou ainda que Sophie passou por diversos exames e foi submetida a avaliações realizadas por diferentes profissionais e especialistas, tanto na primeira quanto na segunda passagem pelo hospital.
‘No primeiro atendimento, após um período de observação rigorosa e sem sinais preocupantes, a paciente recebeu alta. Cerca de 10 horas depois, houve um retorno ao hospital, já com um quadro de piora, sendo prontamente atendida novamente’, diz a nota.
O corpo foi encaminhado para necropsia. ‘Seguimos acompanhando de perto o desenrolar da situação. Permanecemos à disposição para quaisquer esclarecimentos sobre os fatos. Reafirmamos nosso compromisso com a transparência e com a prestação de um atendimento de qualidade à população. Mais uma vez, lamentamos profundamente o ocorrido e nos solidarizamos com os familiares e amigos’.
Na delegacia de Polícia Civil o caso foi registrado como morte por causa indeterminada e segue em investigação.
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