Após sinalização de Trump, China concorda em iniciar ‘o mais rápido possível’ novas negociações comerciais com EUA


Trump ameaça ‘corte de laços’ no comércio com a China
A China afirmou neste sábado (18) que concordou em realizar uma nova rodada de negociações comerciais com os Estados Unidos “o mais rápido possível”, enquanto líderes buscam evitar outra prejudicial batalha de tarifas de retaliação.
O anúncio veio após uma chamada por vídeo entre o principal negociador de Pequim, o vice-premiê He Lifeng, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que envolveu “trocas francas, profundas e construtivas”, informou a agência estatal chinesa Xinhua.
📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça
O anúncio chinês ocorreu horas após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter afirmado que a tarifa de 100% sobre produtos chineses não é sustentável, mas que foi forçado a adotá-la pela postura chinesa.
Em entrevista à Fox Business Network, Trump voltou a falar sobre a necessidade de um acordo justo entre as duas maiores economias do mundo e afirmou que a China está sempre buscando vantagem nas negociações. Ele também admitiu que ainda não sabe qual será o desfecho do conflito comercial.
Trump confirmou que deve se reunir com o presidente Xi Jinping nas próximas duas semanas para discutir o comércio e declarou: “Vamos ver o que acontece”. Uma reunião entre os dois líderes está prevista para acontecer na Coreia do Sul, segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
Também nesta sexta, a missão da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) afirmou que os Estados Unidos têm enfraquecido o sistema de comércio multilateral baseado em regras desde que o novo governo assumiu o cargo em 2025.
Veja os vídeos em alta no g1:
Veja os vídeos que estão em alta no g1
O comunicado cita o uso recorrente de políticas discriminatórias, tarifas de retaliação e sanções unilaterais que, segundo Pequim, violam os compromissos assumidos na OMC.
A delegação chinesa informou que um relatório do Ministério do Comércio irá avaliar o cumprimento das regras pelos Estados Unidos em 11 áreas.
O documento também deve renovar os apelos para que Washington respeite as normas da OMC e coopere com outros países-membros no fortalecimento da governança econômica global.
Escalada de tensões
As tensões comerciais entre China e Estados Unidos se intensificaram nesta semana, após uma nova rodada de críticas e tarifas de ambos os lados.
Na sexta-feira (10), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a decisão da China de restringir a exportação de elementos usados em terras raras e anunciou uma tarifa extra de 100% sobre produtos chineses a partir de 1º de novembro.
O republicano também ameaçou encerrar negócios com a China relacionados a “óleo de cozinha e outros elementos de comércio”.
Segundo Trump, as medidas respondem à decisão de Pequim de suspender a compra de soja dos Estados Unidos em maio, em reação às políticas comerciais americanas.
“Acredito que a China, ao deixar de comprar nossa soja e causar dificuldades aos nossos produtores, comete um ato economicamente hostil”, escreveu Trump no Truth Social.
“Estamos considerando encerrar negócios com a China relacionados a óleo de cozinha e outros elementos do comércio, como retaliação. Por exemplo, podemos facilmente produzir óleo de cozinha nós mesmos, sem precisar comprá-lo da China”, completou.
Em resposta, o Ministério do Comércio da China afirmou que os controles sobre elementos de terras raras – que Trump chamou de “surpreendentes” e “muito hostis” – são uma reação às medidas adotadas pelos EUA desde as negociações comerciais entre os dois países no mês passado.
“Ameaçar impor tarifas altas a qualquer momento não é a forma correta de lidar com a China. Nossa posição sobre guerras tarifárias é consistente: não queremos brigar, mas não temos medo de brigar”, declarou o ministério.
“Se os EUA persistirem em agir unilateralmente, a China tomará medidas correspondentes para defender seus direitos e interesses legítimos.”
Exportadores chineses “desistem” dos EUA
Com o aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos, exportadores chineses têm direcionado seus negócios para outras regiões, como Europa, América Latina e Oriente Médio.
Empresas que antes dependiam fortemente do mercado americano agora tentam compensar as perdas conquistando novos compradores, segundo a agência de notícias Reuters.
Apesar da queda nas vendas para os Estados Unidos, as exportações totais da China cresceram 7,1% nos primeiros nove meses do ano, evidenciando a força da economia do país.
Mesmo assim, muitos empresários afirmam que o cenário continua difícil: a concorrência aumentou, os preços caíram e alguns passaram a vender com prejuízo.
Na maior feira comercial do mundo, a Feira de Cantão, quase não há mais compradores dos Estados Unidos. Por outro lado, aumentou o interesse de países como o Brasil.
Para os fabricantes chineses, perder os Estados Unidos — o maior mercado consumidor do mundo — tem sido como “perder a locomotiva” que impulsionava o setor.
Ações asiáticas têm pior semana desde abril
As bolsas da China e de Hong Kong caíram com força nesta semana, registrando o pior desempenho desde abril.
O clima de cautela entre investidores aumentou por causa das tensões comerciais com os Estados Unidos e da venda de ações de empresas ligadas à inteligência artificial para realização de lucros.
O índice de Xangai caiu quase 2%, o CSI300 recuou pouco mais de 2% e o Hang Seng, de Hong Kong, perdeu cerca de 2,5%. Na semana, o Hang Seng acumulou uma queda de 4%.
Analistas afirmam que o mercado segue instável e que os investidores aguardam a reunião do Partido Comunista Chinês na próxima semana, quando será debatido o novo plano econômico do país.
Bandeiras dos EUA e da China tremulam em Pequim
Tingshu Wang/Reuters

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *