
Alergia a alimentos: veja reações desencadeadas e cuidados
Os atendimentos por alergias alimentares no Departamento Regional de Saúde (DRS) de Campinas (SP) cresceram 46% entre janeiro e agosto deste ano, em comparação com o mesmo período em 2024.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, foram 8.738 registros em 2025, contra 5.979 no mesmo período do ano passado. Leia mais abaixo.
Intolerância ou alergia?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia, as alergias alimentares são reações exageradas do organismo a uma determinada substância presente nos alimentos.
Importante não confundir: a intolerância à lactose, por exemplo, é uma desordem metabólica, na qual a ausência da enzima lactase no intestino determina uma incapacidade na digestão do açúcar do leite, que pode resultar em inchaço abdominal e diarreia.
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Geralmente, em casos de intolerância, o indivíduo pode tolerar pequenos volumes de leite por dia ou se beneficiar dos leites industrializados com baixos teores de lactose.
Já a alergia aos alimentos envolve sintomas alérgicos na pele, no sistema gastrointestinal ou respiratório, com casos leves e até mesmo graves, podendo comprometer vários órgãos.
O que fazer?
As alergias alimentares se manifestam de diversas formas, por isso, a orientação médica é para que o paciente busque realizar uma avaliação com um imunologista, para identificar o mecanismo imunológico que está causando aquele problema.
Um exemplo disso é João Francisco, com apenas 3 anos de idade e uma rotina marcada por restrições alimentares desde o seu primeiro ano de vida.
João Garcia, pai do menino, conta que o filho possui alergia a kiwi e amendoim, apresentando graves reações na pele e na respiração quando ingere ou chega perto dos alimentos.
“No primeiro ano de vida, João começou a ter algumas reações alérgicas na pele e na respiração. Fizemos o exame de sangue para investigar as alergias. Quando ele está na escola, que é o único lugar que não está conosco, ele carrega um kit com adrenalina, corticóide, e uma bombinha respiratória. Temos que nos preocupar em ambientes com muita comida, como aniversários”, explica o pai.
Uma solução encontrada pelos pais de João foi a testagem das reações alérgicas para o início da dessensibilização como modalidade terapêutica.
Essa dessensibilização é um tratamento imunológico que ocorre por meio da exposição de pequenas quantidades do alimento alergênico ao paciente.
“Então a gente continua nessa batalha para que ele possa ter uma vida mais livre, que a gente não fique tão preocupado quando ele sair, se algum alimento pode conter uma contaminação cruzada ou alguma coisa com a qual ele não possa entrar em contato, que é o caso do amendoim”, desabafa João.
Mais casos de alergia?
A alergista e imunologista da Unicamp, Caroline Rosa, explica que é preciso pensar nos fatores genéticos e ambientais para falar sobre o aumento de casos de alergias alimentares.
Ainda segundo a Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia, 50% a 70% dos pacientes que possuem alergia alimentar têm o histórico familiar.
Se o pai e a mãe apresentam alergia, a probabilidade de terem filhos alérgicos é de 75%.
O fator genético é a predisposição familiar para desenvolver ou não determinada doença, o que, segundo a especialista, não conseguimos modificar.
Por outro lado, Caroline diz que os fatores ambientais, além de serem modificáveis, são os principais responsáveis pelo aumento de alergias alimentares.
“Então, essa mudança que a gente vem sofrendo no nosso estilo de vida, com o processo de urbanização, as alterações climáticas, o aumento de ultraprocessados na nossa dieta, tudo isso tem uma relação íntima com a alteração da microbiota e outros fatores que acabam facilitando o aparecimento da alergia alimentar”, afirma a médica.
A médica ainda fala sobre a interrupção precoce do aleitamento materno e o uso indiscriminado de antibióticos em crianças como fatores que podem predispor à alergia alimentar.
Atendimentos por alergias alimentares em Campinas (SP), cresce 46% entre janeiro e agosto de 2025
Divulgação
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