O grupo Babymetal
Divulgação
O trio de heavy metal japonês Babymetal não veio ao Brasil para tomar “açaí de verdade”. Ok, elas também vieram para isso, mas a vinda rendeu um bom show no festival Knotfest e o crescimento do fã-clube brasileiro. No ano passado, a banda trouxe riffs pesados, melodias grudentas e aquela sensação de que você não sabe se está em um show de metal ou de pop.
Essa dúvida era comum quando elas eram adolescentes em 2010. Agora, elas já são bem mais conhecidas, têm 20 e tantos anos e lançaram cinco discos. O mais recente se chama “Metal Forth” e saiu no mês passado.
Graças a parcerias com veteranos como Rob Halford e Tom Morello, elas provaram que é possível causar algum estranhamento e, mesmo assim, ganharem elogios. Ao g1, elas falaram sobre esse respeito conquistado por meio de shows e parcerias. Elas também comentaram sobre a vinda ao Brasil, sobre rótulos e o apoio de lendas do rock pesado.
g1 – Em que medida vocês se sentem aceitas pelas cenas J-pop e metal — e em que medida vocês ainda são vistas com suspeita por ambas?
Su-metal (Babymetal) – Quando começamos as atividades do Babymetal, éramos vistas com suspeita, especialmente pela cena metal, e as pessoas diziam: “Isto não é metal”. Mas, ao longo de 15 anos de atividade, tocando em muitos festivais de metal e realizando grandes shows, como no O2 Arena [na Inglaterra], vimos com nossos próprios olhos muitas pessoas se unirem através da nossa música e a desfrutarem, independentemente do gênero. Por isso, eu não sinto que estamos sendo vistas com desconfiança agora.
g1 – Em 10 anos, o que vocês prefeririam que as pessoas dissessem: “Babymetal mudou o pop” ou “Babymetal mudou o metal”?
Moametal (Babymetal) – Eu ficaria feliz se as pessoas dissessem: “O BABYMETAL mudou o metal”. Como está no título do nosso álbum atual, temos o objetivo de ir “Do metal ao metal e além”. Queremos expandir o alcance da nossa música e, ao fazer isso, esperamos expandir também o escopo da música metal.
O grupo Babymetal e o cantor Alice Cooper em 2016
Divulgação/Redes Sociais da banda
g1 – As músicas de vocês frequentemente misturam riffs brutais com melodias bubblegum. Vocês são fãs de outros estilos que também vivem em contraste, como bubblegrunge ou power pop? O que pensam desses tipos de rótulos? Vocês os acham divertidos, úteis ou apenas irritantes?
Momometal (Babymetal) – Eu, se gosto de uma música, simplesmente gosto, então não me importo muito com esses rótulos. Não costumo ouvir pensando: “Esta música é assim, então é bubblegrunge ou power pop.” Acredito que hoje em dia, a música, incluindo o metal, está em uma era de muitos gêneros e se tornando “sem gênero”. Eu espero que todos ouçam diversos sons e descubram algum gênero que amem. Ficaríamos muito felizes se as pessoas encontrassem a música do Babymetal por meio dessa exploração.
g1 – O que significa colaborar com lendas do rock como Rob Halford? Em que medida estar com veteranos com ele é um selo de aprovação — como se estivessem sendo endossadas pelas pessoas que definem o gênero?
Su-metal (Babymetal) – Tivemos a oportunidade de colaborar com Rob Halford há cerca de 10 anos. Naquela época, tínhamos acabado de começar e recebíamos muitas críticas dizendo que “isso não é metal.”
“Quando Rob Halford, a lenda do metal, nos endossou, dizendo: “Vocês são o futuro do metal, acreditem em si mesmas e sigam no seu próprio caminho,” e fomos reconhecidas por ele, isso nos deu uma grande confiança.”
Sentimos que nossa música era nova e interessante, e que deveríamos seguir em frente no nosso próprio caminho. Foi extremamente divertido.
g1 – Como foi a experiência de vir ao Brasil?
Momometal (Babymetal) – Poder nos apresentar no Brasil, que fica do outro lado do mundo em relação ao Japão, é realmente uma honra. Ficamos muito surpresas com a quantidade de momentos que mostraram que muitas pessoas estavam nos esperando. Esperamos poder voltar ao Brasil em breve.
g1 – O que vocês mais se lembram sobre a viagem e a apresentação aqui?
Moametal (Babymetal) – Minha lembrança mais forte da viagem é ter comido o açaí autêntico. Quando comi pela primeira vez, pensei: “O que é isso? Este é um sabor que estou provando pela primeira vez.” Mas, ao continuar comendo, o sabor se tornou viciante, e eu percebi: “Ah, este é o sabor autêntico.”
“Por ser a nossa primeira vez no Brasil, sentimos que o público estava nos esperando, com a empolgação começando antes mesmo de o show iniciar. Foi, acima de tudo, muito divertido.”
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