Secretário de Educação de Sorocaba (SP) manda retirar livro premiado da rede municipal por suposta apologia ao diabo
Reprodução/TV Vanguarda
O bispo e secretário de Educação de Sorocaba (SP), Clayton Cesar Marciel Lustosa, mandou retirar exemplares do livro ABC Doido da rede municipal. A justificativa é de que pais reclamaram do conteúdo.
A obra, premiada e usada na rede de ensino do todo o país desde os anos 2000, já foi tema de polêmica em outra cidade de São Paulo, quando o secretário de Educação foi convocado para prestar informação para a Câmara de Taubaté.
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Em Sorocaba, o documento assinado por Clayton Cesar é desta quarta-feira (3), ao qual o g1 teve acesso, e determina que os exemplares que estiverem nos acervos das instituições educacionais da rede municipal sejam separados e retirados do uso imediatamente.
Os exemplares devem ser entregues no protocolo do Centro de Referência em Educação até 9 de setembro. “Informamos que esta obra literária não deve ser utilizada em sala de aula e nem disponibilizada aos alunos”, diz o documento.
O g1 apurou que ao menos uma mãe teria reclamado de que o material faz apologia ao diabo, formalizando a queixa sobre a questão.
A obra, de autoria de Angela Lago, que morreu em 2017, ganhou o Prêmio Jabuti 2000 de Melhor Livro Infanto-juvenil. Também venceu o prêmio Ofélia Fontes da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) na categoria O Melhor para a Criança.
Questionamento na câmara
A determinação de recolhimento dos exemplares gerou repercussão na Câmara de Sorocaba. Um requerimento da vereadora Iara Bernardi (PT), protocolado nesta quarta-feira, quer saber se houve análise prévia por parte de equipes pedagógicas, conselhos de educação ou especialistas da rede municipal antes da determinação. Outro ponto do questionamento é se há previsão de substituição da obra por outros títulos e quais critérios serão utilizados para a seleção.
O que diz a prefeitura
A Secretaria da Educação (Sedu) informou que, “diante de questionamentos de pais de estudantes da rede municipal, solicitou, de forma cautelar, o recolhimento dos exemplares do referido livro das unidades escolares. O levantamento da quantidade de obras já está em andamento.”
Disse também que os livros foram encaminhados às escolas em 2012, por meio do Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), do Governo Federal.
A Secretaria da Educação informou, ainda, que os exemplares foram recolhidos para análise da Comissão Permanente de Análise de Títulos de Livros Paradidáticos, instituída em 2021 e regulamentada pela Portaria SEDU/GS nº 02, responsável pela avaliação de obras paradidáticas adotadas na rede municipal.
Polêmica em Taubaté
A obra, junto a outras, foi alvo de polêmica na cidade de Taubaté, em 2014. Conforme relatou o g1, à época, no livro, a letra T é associada ao tridente e, na página estão figuras do diálogo que ensina que a letra T não é a da cruz. Em outros exemplares, as mães de alunos da cidade disseram que o problema estava nas palavras escolhidas para compor os textos e nas mensagens passadas pelas obras como em ‘Terríveis Romanos’, que ensina um passo a passo de como analisar as tripas de animais para ser um vidente.
Um acordo fez com as obras fossem usadas apenas como leitura complementar.
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