O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo brasileiro está em “negociação avançada” com a União Europeia e com a China para a criação de um mercado internacional de carbono.
Com cartas diplomáticas, presidência da COP30 tenta garantir avanços concretos
Em entrevista à TV Globo, ele afirmou que o foco é conseguir articular essa coalizão para ser anunciada ainda na COP30, a Conferência do Clima da ONU, a ser realizada em Belém, no Pará, em novembro.
A ideia em discussão é integrar os sistemas de mercado de carbono, que tem a seguinte lógica:
empresas e governos que deixam de poluir ganham créditos;
esses créditos podem ser vendidos para quem ainda não consegue cumprir metas de redução de gases do efeito estufa;
isso ajuda a retirar ou reduzir esses gases que agravam as mudanças climáticas.
“Você [vai] começar a levar em consideração o quanto de energia fóssil foi utilizada na produção de uma determinada mercadoria, seja aço ou qual for, e ter esse processo de mensuração faz com que a transição energética aconteça mais rapidamente”, disse o ministro.
A aliança internacional também teria o objetivo de definir metas de emissão de carbono, que devem ser reduzidas gradualmente. Com isso, há um estímulo para diminuir as emissões.
Presidência da COP 30 intensifica trabalho diplomático em preparação para o evento
TFFF
Haddad disse que o Brasil tem condições de liderar esse debate do mercado de carbono, como tem feito no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, sigla em inglês), anunciado na COP28, em Dubai, em 2023.
Nesses dois anos, o governo brasileiro tem se empenhado em costurar o apoio de vários países. Agora, quer abrir caminho para ações na área de mercado de carbono.
“Você pode ter uma grande coalizão em torno de um mercado internacional de carbono. Isso pode fazer toda diferença, com os cuidados que a economia exige, porque a gente sabe o impacto que isso pode ter no preço, mas, ao mesmo tempo, a gente sabe o tanto que a tecnologia está evoluindo para baratear os custos de produção de energia limpa”, afirmou o ministro em entrevista.
Ele lembrou ainda que há alguns anos o preço de aquisição de uma placa solar era muito alto e, depois, isso caiu bruscamente.
“Temos que também contar com a ciência. A ciência está dando passos muito céleres em busca de soluções tecnológicas”, declarou, lembrando que as ações precisam ser tomadas para os países não dependerem mais do petróleo.