
Caçador de furacões da Força Aérea dos EUA registra imagens do olho do furacão Melissa
Imagens impressionantes do olho do furacão Melissa, feitas pela equipe de caçadores de furacões da Força Aérea dos Estados Unidos, viralizaram nas redes sociais.
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Jeremy DeHart, que é meteorologista e pertence ao 53º Esquadrão de Reconhecimento Climático dos EUA, postou quatro vídeos de voos de reconhecimento feitos por ele e os colegas desde esta segunda-feira (27).
“Isto é da missão Melissa de hoje. Sinceramente, talvez seja o meu vídeo favorito de penetração na parede do olho. Nunca vi este ponto de vista antes. Vista lateral de um monstro de categoria 5 com intensidade próxima ao pico. Parece que estou voando sobre as Cataratas do Niágara. Surreal”, escreveu.
Avião no olho do furacão Melissa
X / Reprodução
Segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, o furacão Melissa acelerou sua velocidade de deslocamento em direção à Jamaica nas últimas horas e também aumentou a velocidade dos ventos para 290 km/h.
A tempestade está avançando rumo à ilha do Caribe a 11 km/h, segundo boletim divulgado às 10h do horário de Brasília.
Um dia antes, quando o Melissa ainda não tinha se fortalecido tanto, Jeremy já havia começado a dividir as imagens com internautas. Veja abaixo:
‘Caçadores de Furacão’ sobrevoam olho do ciclone tropical Melissa, no Caribe
O 53º Esquadrão, parte da Força Aérea dos EUA, realiza voos de reconhecimento em furacões a bordo de um avião Lockheed WC-310J, baseado no modelo Hercules, para coletar dados para pesquisas sobre o clima.
Outros “caçadores de furacão” sobrevoaram o Melissa nos últimos dias. Missões da Associação Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), também dos EUA, decolaram em direção ao mar do Caribe.
“Foi minha primeira vez em um furacão de categoria 5, e foi definitivamente o mais turbulento que já enfrentei”, disse o climatologista Andy Hazelton, vinculado à NOAA, em um post na rede social X nesta segunda. “Eu estava processando os dados da ‘dropsonde’ e enviando-os – algumas delas estão lá em cima, com ventos tão fortes quanto os furacões do Atlântico podem ter. Definitivamente, levem isso a sério na Jamaica e em Cuba.”
Jamaica e Cuba no caminho
O furacão deve tocar o solo na Jamaica nesa terça-feira (28) e, horas depois, subir para o leste de Cuba e seguir para as Bahamas até quarta-feira.
Categoria 5 é o nível mais alto na escala Saffir-Simpson, com ventos sustentados acima de 252 km/h. O fenômeno natural evoluiu rapidamente para a categoria máxima — tornou-se um furacão ainda no sábado.
Jamaica está em alerta para a chegada do furacão Melissa
Melissa é o furacão mais forte da história recente a atingir diretamente a Jamaica e deve despejar até 76 centímetros de chuva e causar uma maré de tempestade que apresenta riscos à vida. O governo jamaicano ordenou evacuações obrigatórias de moradores da capital Kingston, Porto Real e outras áreas da ilha para 900 abrigos disponibilizados à população. Os dois aeroportos internacionais do país foram fechados no domingo.
“Muitas dessas comunidades não vão sobreviver a esta enchente. Kingston é baixa, extremamente baixa… Nenhuma comunidade em Kingston está imune a inundações. (…) Quero pedir aos jamaicanos que levem isso a sério. Não joguem com Melissa. Não é uma aposta segura”, disse o vice-presidente do Conselho jamaicano de Gestão de Riscos de Desastres, Desmond McKenzie.
Algumas áreas do leste da Jamaica podem receber até 1 metro de chuva, enquanto o oeste do Haiti pode registrar até 40 centímetros, segundo o centro de furacões dos EUA. “Inundações repentinas catastróficas e numerosos deslizamentos de terra são prováveis”, alertou.
Segundo a agência de notícias Associated Press, ao menos quatro pessoas já morreram por tempestades decorrentes do furacão Melissa, três no Haiti e uma na República Dominicana. (Leia mais abaixo)
O furacão também deve tocar o solo ainda na terça-feira no leste de Cuba. Um alerta de furacão estava em vigor para as províncias de Granma, Santiago de Cuba, Guantánamo e Holguín, enquanto um alerta de tempestade tropical estava em vigor para Las Tunas. Estão previstos até 51 centímetros de chuva para partes de Cuba, além de uma significativa maré de tempestade ao longo da costa.
O fenômeno natural também pode afetar as tropas dos Estados Unidos que estão estacionadas no mar do Caribe a mando do presidente Donald Trump, que realiza uma campanha de pressão contra o regime venezuelano de Nicolás Maduro. Dezenas de navios de guerra e aeronaves foram destacadas à região.
A região do Caribe também sofreu nesta segunda um terremoto de magnitude 6.5 a leste de Curaçao, segundo o Centro de Estudos Geológicos dos EUA. O tremor ocorreu a uma profundidade de 10 km abaixo do solo e não gerou alerta de tsunami.
Uma tempestade histórica para a Jamaica
Palmeira entortada pelo vento em Kingston, na Jamaica, em 26 de outubro de 2025.
Ricardo Makyn/AFP
Melissa pode ser o furacão mais forte que a Jamaica experimentou em décadas, disse Evan Thompson, diretor do serviço meteorológico jamaicano. O governo afirmou que a ilha inteira será afetada e pediu cautela máxima à população.
Thompson alertou que o trabalho de limpeza e avaliação de danos será severamente atrasado devido a deslizamentos de terra, enchentes e estradas bloqueadas.
Além das chuvas, Melissa deve provocar uma maré de tempestade com risco de vida na costa sul da Jamaica, atingindo níveis de até 4 metros acima do solo, perto e a leste do ponto onde o centro do furacão tocar terra, informou o centro dos EUA.
“Não tomem decisões tolas. Estamos entrando em um período muito, muito sério nos próximos dias”, alertou Daryl Vaz, ministro dos Transportes da Jamaica.
Estragos no Haiti e na República Dominicana
A tempestade já provocou fortes chuvas na República Dominicana, onde escolas e repartições públicas foram fechadas nesta segunda-feira em quatro das nove províncias que permanecem em alerta vermelho.
Melissa danificou mais de 750 casas no país, deslocando mais de 3.760 pessoas. As enchentes também interromperam o acesso a pelo menos 48 comunidades, disseram autoridades.
No vizinho Haiti, a tempestade destruiu plantações em três regiões, incluindo 15 hectares (37 acres) de milho, em um momento em que pelo menos 5,7 milhões de pessoas — mais da metade da população do país — enfrentam níveis de fome em situação de crise, sendo 1,9 milhão delas em níveis de emergência.
“As enchentes estão obstruindo o acesso a terras agrícolas e mercados, colocando em risco as colheitas e a temporada agrícola de inverno”, disse a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Espera-se que Melissa continue despejando chuvas torrenciais sobre o sul do Haiti e o sul da República Dominicana nos próximos dias.