Posse do prefeito Marcelo Lima (Podemos) na Prefeitura de São Bernardo do Campo, em 1° de janeiro de 2025.
Divulgação/Câmara Municipal de SBC
A Câmara Municipal de São Bernardo do Campo rejeitou na quarta-feira (10), por unanimidade, o pedido de impeachment contra o prefeito afastado Marcelo Lima (Podemos). A solicitação foi apresentada por representantes do PSOL, que não tem vereadores eleitos no município.
Lima foi afastado do cargo por decisão do Tribunal de Justiça de SP após uma operação da Polícia Federal que descobriu um desvio de recursos públicos na cidade. O esquema seria supostamente liderado pelo agora prefeito afastado, que usa atualmente tornozeleira eletrônica.
Dos 26 vereadores presentes, 25 participaram da votação e todos se posicionaram contra o pedido, inclusive três vereadores petistas. A presidente em exercício da Casa, Ana Nice (PT), não votou por impedimento previsto no regimento interno.
Após o resultado, manifestantes que acompanhavam a sessão protestaram contra a decisão.
O presidente do diretório municipal do PSOL, Anderson Dalecio, criticou o resultado e destacou a insatisfação com a unanimidade dos votos. Ele reafirmou que o partido continuará buscando a cassação da chapa eleita em 2024 — formada por Marcelo Lima e Jéssica Cormick (Avante) — na Justiça Eleitoral.
“Se o TRE-SP não aprovar a cassação da chapa, nós vamos ao TSE. O PSOL está mostrando que se preocupa com a cidade, não com acordos políticos”, afirmou Dalecio.
A votação da bancada do PT também gerou críticas por parte do PSOL. Os vereadores Ana do Carmo, Ananias Andrade e Getúlio do Amarelinho votaram contra o pedido de impeachment, o que surpreendeu os denunciantes do PSOL, que sempre votou junto com o Partido dos Trabalhadores nas cidades onde os dois partidos tem parlamentares eleitos.
PT divulga nota
Por volta das 23h, o diretório municipal do PT em São Bernardo divulgou uma nota oficial sobre os votos contrários ao pedido de impeachment. No texto, o partido afirma que “não se opõe ao pedido” e reconhece a relevância política da medida apresentada pelo PSOL.
A sigla destacou que o caso envolvendo Marcelo Lima “não pode ser reduzido a uma disputa meramente política” e defende que se trata de um “caso de polícia”, que exige investigação rigorosa e transparente.
“O PT tem defendido, desde o primeiro momento, a apuração pela Polícia Federal, com total transparência junto à população da cidade, que é a maior prejudicada por essa crise. Nossa posição é firme: exigimos que todos os fatos sejam esclarecidos e que a transparência seja garantida. Caso haja comprovação das denúncias, o PT será protagonista em apresentar as medidas cabíveis — sempre com base em fatos concretos, sem oportunismo ou disputas secundárias, mas com prioridade absoluta na busca por justiça e respostas à população”, disse a nota.
Íntegra da nota do PT em São Bernardo:
“O Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores de São Bernardo do Campo não se opõe ao pedido de impeachment do prefeito Marcelo Lima. Reconhecemos que a medida apresentada por algumas pessoas ligadas ao PSOL tem relevância em seu caráter e posicionamento político.
A Constituição Federal (art. 5º, XXXIV, alínea “a”) e a Lei Orgânica Municipal asseguram a qualquer cidadã ou cidadão o direito de protocolar denúncias e pedidos de impeachment sempre que houver indícios de irregularidades. Do mesmo modo, a própria Constituição garante o direito pleno de defesa e o princípio da isonomia (art. 5º, caput), assegurando tratamento igualitário a qualquer gestor público, independentemente de partido ou posição política, o que sempre defendemos.
No entanto, destacamos que este caso não pode ser reduzido a uma disputa meramente política e muito menos servir como palco para oportunismos partidários. Desde o início, temos afirmado que não se trata apenas de uma questão política, mas sim de um caso de polícia, que exige investigação séria, rigorosa e transparente.
Por isso, o PT tem defendido, desde o primeiro momento, a apuração pela Polícia Federal, com total transparência junto à população da cidade, que é a maior prejudicada por essa crise.
Nossa posição é firme: exigimos que todos os fatos sejam esclarecidos e que a transparência seja garantida. Caso haja comprovação das denúncias, o PT será protagonista em apresentar as medidas cabíveis — sempre com base em fatos concretos, sem oportunismo ou disputas secundárias, mas com prioridade absoluta na busca por justiça e respostas à população.
Reiteramos, ainda, que nenhuma outra sigla partidária, instituição, cargo, mandato ou CPF tem legitimidade para se pronunciar em nome do PT. Somente a direção do Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores pode expressar oficialmente a posição da legenda.
Seguiremos firmes na defesa da democracia, da justiça e do direito do povo de São Bernardo do Campo a viver em uma cidade governada com ética, responsabilidade e respeito ao interesse público.
Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores – SBC”