Cantor de Batatais, SP, conquista vaga na Ópera de Paris
O cantor lírico Luís Felipe Sousa, de 27 anos, natural de Batatais (SP), conquistou uma vaga especial na Academia da Ópera de Paris, uma das mais renomadas companhias líricas do mundo.
A casa, fundada há 350 anos, realiza mais de 400 apresentações anuais e recebe apenas 12 artistas por edição do programa. Atualmente, apenas dois brasileiros fazem parte do elenco, e Luís Felipe é um deles.
Baixo-barítono, ele ingressou na academia em setembro de 2023, após ser convidado para uma audição fora do período regular de seleção.
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“Foi uma prova dificílima. Cantei para a direção da academia, fiz obras adicionais que pediram na hora e exercícios vocais. No dia seguinte, me chamaram para cantar para o diretor geral da Ópera, no palco principal, com 3 mil lugares. Olhei para aquele tamanho e pensei: vamos cantar!”.
Desde então, já participou de três espetáculos nos palcos principais da companhia, incluindo ‘L’enfant et les sortilèges’ (2023), no papel de ‘A Poltrona’, e ‘Les brigands’ (2024), como ‘O Tutor’. Também atuou como ‘George Jones’ em ‘Street Scene’ e ‘Enrico’ em ‘L’isola disabitata’.
Filho do interior paulista, cantor Lírico Luís Felipe durante apresentação de ‘As bodas de Fígaro’
Divulgação
🎶Da infância no interior aos grandes teatros da Europa
Filho do interior paulista, Luís Felipe viveu em Ribeirão Preto durante a adolescência e o período universitário. Formou-se em canto lírico pela Universidade de São Paulo (USP) e tornou-se mestre em musicologia e performance pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
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A ligação com a música ganhou força no Teatro Minaz, em Ribeirão Preto, onde estreou como solista em 2016, no papel de ‘Comendador’, na ópera ‘Don Giovanni’.
“O Teatro Minaz é meu lar na música. Cantei ali minha juventude inteira e levo na minha essência artística tudo o que vivi e aprendi naquele lugar. É emocionante pensar que saí de um teatro de 300 lugares para um de 3 mil”.
Entre 2016 e 2023, atuou em produções como ‘Gianni Schicchi’, ‘O barbeiro de Sevilha’, ‘Il campanello’, ‘Trouble in Tahiti, ‘O diletante’, ‘A coroação de Poppea’ e ‘As bodas de Fígaro’.
Reconhecimento e carreira internacional
A trajetória do cantor reúne apresentações na Itália, Alemanha, Áustria e Luxemburgo, além de participações em obras como o ‘Réquiem de Mozart’, na Sala São Paulo, e a ‘Petite Messe Solennelle’, de Rossini, no Palácio das Artes.
Em 2020, conquistou o segundo lugar no Prêmio Paula Klein e no Concurso Internacional de Voz Linus Lerner – Edição Brasil, e o primeiro lugar masculino no 13º Concurso Estímulo para Cantores Líricos.
Quando recebeu o convite para a vaga extra na academia parisiense, Luís Felipe diz que percebeu que estava diante de um momento único na carreira.
“Ir para a Ópera de Paris estava além dos meus sonhos, mas quando vi que era possível, abracei com tudo”.
Baixo-barítono Luís Felipe, de Batatais (SP) durante apresentação de ‘Gianni Schicchi’
Divulgação
🎨Volta ao repertório brasileiro na França
Uma coincidência marcou a estreia do cantor lírico na França: a primeira ópera que interpretou na companhia foi ‘Gianni Schicchi’, a mesma que já havia cantado pelo menos quatro vezes no Brasil.
“Foi como se eu fechasse um ciclo. A sensação era de estar levando um pedaço da minha história para um novo palco”.
Com a temporada em andamento, o cantor segue nos ensaios e apresentações na capital francesa. Ele também mantém contato frequente com a família, que ainda vive no interior de São Paulo.
“Sou filho do interior e tenho muito orgulho disso. Minha história começou ali e, de certa forma, continua ali, mesmo eu estando do outro lado do oceano”.
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