Caso Géssica: PMs acusados de matar enfermeira passam por audiência quase 2 anos após crime no AC


Gleyson Costa de Souza e Cleonizio Marques Vilas Boas foram denunciados por homicídio duplamente qualificado e fraude processual
Reprodução
Os policiais Gleyson Costa de Souza e Cleonizio Marques Vilas Boas, acusados pelo assassinato da enfermeira Géssica Melo de Oliveira, de 32 anos, após furar um bloqueio policial em Capixaba, passam por audiência de instrução desde às 8h30 desta quarta-feira (24), segundo determinação do juiz Romário Divino Faria, da cidade de Senador Guiomard, interior do Acre.
Géssica morreu no dia 2 de dezembro de 2023. Em abril deste ano, a audiência de instrução havia sido adiada e não haviam informado uma nova data em que iria acontecer.
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Géssica Melo foi morta por tiros de fuzil durante perseguição policial no Acre
Ao g1, o advogado da família, Walisson dos Reis Pereira, explicou que a primeira audiência acontece para que as testemunhas de acusação, Ministério Público (MP-AC), peritos, médicos, delegado e algumas pessoas que participaram da investigação sejam ouvidas.
“Depois serão ouvidas as testemunhas arroladas pela defesa dos policiais militares, e por último, vão ser ouvidos os réus. E, de acordo com todo acervo probatório que existe dentro do processo, o juiz vai proferir uma sentença de pronúncia ou de impronúncia da denúncia”, comentou ele.
De acordo com Walisson, depois disto, a defesa dos policiais ainda pode entrar com recurso, porém o advogado acredita que os dois irão a júri popular.
“Para ir ao Tribunal do Júri basta ter prova de autoria e materialidade e nós já temos a autoria e a materialidade dos crimes de homicídio, fraude processual e também porte ilegal de arma de fogo porque, segundo a investigação, um dos policiais plantou uma arma no local do crime para dizer que seria da enfermeira, o que foi comprovado durante as investigações”, complementou.
O advogado destacou que o caso é grave, ganhou grande repercussão e precisa de uma resposta ‘à altura’.
“Na época dos fatos, eles alegaram que não poderiam ficar presos porque têm filhos autistas ou também filhos com deficiência que precisariam do cuidado deles. Mas eles mataram uma enfermeira desarmada, deixando três órfãos. Então, é um absurdo soltar o policial sendo que uma mãe nunca mais vai poder abraçar os seus filhos”, disse ele.
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Caso Géssica: morte de enfermeira durante perseguição policial tem quase 2 anos no Acre
Renato Menezes/Arte g1
Processo
Os dois policiais se tornaram réus em fevereiro deste ano. A audiência de instrução dos PMs foi marcada para abril, depois foi adiada e não havia sido anunciada uma nova data, até agora.
Sobre o processo, foi negado pela Justiça alguns dos pedidos dos acusados. O Ministério Público (MP-AC) solicitou que não fosse feita reprodução simulada do ocorrido, pois no início da investigação não se sabia a dinâmica.
O MP ainda assinalou que os pedidos de ofícios aos Centros de Atenção Psicossocial em Rio Branco, Capixaba e Senador Guiomard, a fim de que se comprovasse ou não a existência de doença ou tratamento psicológico de Gessica, são desnecessários e buscam apenas manchar a honra e a imagem da vítima e não deveriam ser anexados.
O caso
Gessica foi morta com dois tiros após furar bloqueio
Arquivo pessoal
No dia 2 de dezembro de 2023, a enfermeira foi assassinada ao furar um bloqueio policial em Capixaba, no interior do Acre. O caso começou com uma acusação da polícia de que Géssica estava armada em seu carro e chegou ao indiciamento de dois policiais militares.
Géssica foi seguida por uma viatura da Polícia Militar (PM-AC) até Senador Guiomard, na BR-317, onde morreu após ser baleada. Após a morte, a polícia divulgou ter achado uma pistola 9 milímetros, restrita das forças armadas, jogada próximo do local do acidente.
A família negou que fosse de Géssica. Durante as investigações, ficou comprovado que a arma não pertencia à vítima e nem possuía seu DNA. Gleyson Costa de Souza e Cleonizio Marques Vilas Boas, respondem por homicídio duplamente qualificado e fraude processual, porém aguardavam as audiências em prisão domiciliar. Veja abaixo o indiciamento de cada um:
Cleonizio Marques Vilas Boas – indiciado por homicídio qualificado por recurso que impossibilitou a defesa da vítima, por motivo fútil e fraude processual
Gleyson Costa de Souza – indiciado por tentativa de homicídio qualificado por recurso que impossibilitou a defesa da vítima, por motivo fútil e fraude processual
O g1 reuniu os principais desdobramentos do caso. Confira aqui.
Enfermeira teria tido um surto e saiu dirigindo em alta velocidade; Géssica deixa três filhos, todos menores de idade
Arquivo pessoal
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