Caso Luisa Baptista: videochamada para médico ajudou a salvar triatleta atropelada durante treino


‘Segunda Largada’: videochamada para médico ajudou a salvar triatleta Luisa Baptista
Era a manhã de 23 de dezembro de 2023 quando a triatleta olímpica Luisa Baptista saiu para mais um treino de ciclismo na Estrada Municipal Abel Terrugi (SCA-329), no distrito Santa Eudóxia, em São Carlos (SP).
Ao lado de três amigos, ela percorria o trajeto familiar que faz desde 2011, quando começou a competir profissionalmente. A rotina, porém, foi interrompida por um grave acidente que mudou o rumo da vida da atleta.
📱 Siga o g1 São Carlos e Araraquara no Instagram
Luisa foi atropelada por uma motociclista sem habilitação e ficou inconsciente na pista. Gravemente ferida, ela teve a respiração comprometida e corria risco de morte.
Em meio ao desespero e à falta de sinal de celular, um detalhe fez toda a diferença. O triatleta amador e empresário Paulo Manzini, um dos amigos do grupo, conseguiu uma conexão estável, em um local que normalmente não tem sinal de celular e, por videochamada, acionou o médico neurocirurgião Admilson Delgado.
LEIA TAMBÉM: Caso Luisa Baptista: série da EPTV narra superação da triatleta atropelada durante treino para Olimpíadas
Paulo volta ao local do acidente e relembra de vídeochamada para médico para ajudar Luisa Baptista a respirar
EPTV Reprodução
O profissional o ensinou a fazer uma manobra que salvou a vida da triatleta até a chegada do Serviço de Atendimeneto Móvel de Urgência (Samu).
A série especial “Segunda Largada”, lançada pela EPTV nesta quarta-feira (1º), retrata os bastidores do acidente e a difícil caminhada da atleta para retomar a vida após o trauma.
‘Segunda Largada’ conta a história de superação da triatleta Luisa Baptista
Reprodução EPTV
Mais notícias da região:
SUPERAÇÃO: triatleta Luisa Baptista dá primeiros passos após ser atropelada no interior de SP; ela segue internada
PÓS-ACIDENTE: Triatleta Luisa Baptista consegue falar pela primeira vez na UTI, 60 dias após acidente
RECUPERAÇÃO: Triatleta Luisa Baptista recebe visita de suas cachorras no hospital e promete: ‘logo estou de volta’
Entre a vida e a morte
O acidente aconteceu pouco antes das 8h da manhã e o treino duraria três horas. A princípio, o amigo Paulo pensou em não ir ao treino, porque na noite anterior havia chovido e a sua bike estava limpinha. “Eu até pensei em não ir, estava com preguiça de sujar a bicicleta. Mas insistiram, ‘Vamos lá, Paulão, só três horinhas’, contou.
Durante o trajeto, um dos amigos do grupo, Nathan, surgiu desesperado na pista, pedindo ajuda. “Ele gritava algo sobre um acidente, sobre uma menina caída. Foi quando percebi que era a Luisa”, conta Paulo.
Ao se aproximar do local, a cena foi chocante. A triatleta estava caída no chão, inconsciente, com a língua para fora e dificuldade para respirar.
“Ela estava roxa. Eu não conseguia nem tocar nela. Era muito sangue, ferimentos muito graves. A perna estava completamente destruída”, relembrou.
Luisa Baptista foi atropelada enquanto treinava para as Olimpíadas em estrada de Santa Eudóxia, em São Carlos (SP)
Arquivo pessoal
Videochamada salvou a vida de Luisa
Sem saber o que fazer e sem treinamento médico, Paulo recorreu a um contato pessoal e ligou para o neurocirurgião Adimilson Delgado. “Eu liguei e falei: ‘doutor, pelo amor de Deus, me ajuda’. Pedi para ele fazer uma videochamada comigo.”
Mesmo com sinal fraco na região, a conexão funcionou. Ao ver a cena pelo celular, o médico percebeu a gravidade do caso.
Paulo Manzini durante gravação do documentário “Segunda Largada”, que conta sobre o acidente com Luisa Baptista
Reprodução EPTV
“Quando ele mostrou a câmera, vi que ela estava inconsciente, com sinais de hipóxia, o rosto virado para o asfalto. Pedi que o Paulo erguesse suavemente o queixo dela, para desobstruir as vias aéreas e facilitar o movimento respiratório”, contou o médico.
A manobra funcionou e Luisa começou a dar sinais de que respirava, ainda que com dificuldade. Pouco depois, o som da sirene do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi ouvido.
“O doutor falou: ‘Agora deixa com eles’, e desligou. Mas se não fosse aquela ligação, eu não sei se ela teria sobrevivido”, disse Paulo.
Médico neurocirurgião Admilson Delgado auxiliou Paulo em videochamada após Luisa Baptista ser atropelada
Reprodução EPTV
Oito minutos em parada cardiorrespiratória
A cena impressionou até mesmo os socorristas. Ao verem o acidente, ainda não sabiam que se tratava de uma atleta olímpica.
“Ela estava com a parte neurológica muito comprometida, não respondia a estímulos. O tórax estava afundado, a clavícula quebrada, e havia fraturas múltiplas nas pernas, além de perda de tecido”, relatou Karina de Oliveira Stoco, técnica de enfermagem do Samu.
Triatleta foi atropelada por um motociclista sem habilitação em dezembro de 2023 em Santa Eudóxia, distrito de São Carlos (SP)
Divulgação
Segundo os paramédicos, Luisa estava há pelo menos 7 ou 8 minutos em parada respiratória parcial.
“O cérebro não resiste muito tempo sem oxigênio. Mais cinco minutos e a chance de sobrevivência seria mínima”, explicou o profissional.
Família soube do acidente pelo g1
Enquanto Luisa era levada para o hospital, a família ainda não sabia a gravidade da situação. O primeiro aviso veio por telefone, e a mãe, Jaquelina Baptista Duarte, pensou que fosse uma queda leve de treino.
Outra informação chegou um pouco depois com a ligação do coordenador e treinador do Sesi São Carlos, Marcelo Kavaco, local onde Luisa treinava. “A primeira pergunta que eu fiz para ele foi: ‘Ela está viva?’ E a resposta foi “está, mas está inconsciente”, recordou a mãe, já aflita.
Mas uma matéria no g1 sobre o acidente acendeu de vez o alerta da família. A partir daí, a correria começou e os pais, desesperados, partiram as pressas de Araras, cidade natal da triatela.
“A hora que vi a notícia no site do g1, aí me preocupou. Me deu um gelo porque a notícia falava que era muito grave. Corremos para São Carlos só com a roupa do corpo” lembrou o pai.
Luisa foi levada para a Santa Casa de São Carlos e os médicos cogitaram até amputar uma perna para tentar salvar sua vida. A mãe Jaqueline é farmacêutica e recorda que sedação utilizada era muito alta, o que poderia trazer risco de vida também.
“Eu sou farmacêutica. Quando vi os parâmetros de sedação, entendi que ela não aguentaria mais três dias, no máximo”, contou a mãe.
Contra todas as previsões, Luisa sobreviveu, passou seis meses no hospital, sendo dois destes em coma e sofreu 28 fraturas. Passou por várias cirurgias, tratamentos intensivos e aos poucos retomou os treinos.
Confira a história da triatleta na série especial “Segunda Largada”, de segunda a sexta-feira, no EPTV1.
Luisa Baptista é a única mulher brasileira medalhista de ouro em Pan Americano
Reprodução EPTV
Veja vídeo: Segunda Largada’: série da EPTV conta história da triatleta Luísa Baptista
‘Segunda Largada’: série conta a história de triatleta atropelada em São Carlos
Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *