Depois de criticar o governo federal, afirmando que as forças de segurança do Rio de Janeiro estavam atuando sozinhas, o governador do estado, Cláudio Castro (PL), ligou para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para dizer que em nenhum momento teve a intenção de criticar o presidente Lula.
Segundo apurou o blog, o governador disse que procurou explicar que havia solicitado empréstimo de blindados, mas não teve seus pedidos autorizados por falta de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
O governador disse ter sido informado que um pedido oficial de GLO não foi realizado e que, sem a solicitação, como ele mesmo explicou, não é possível liberar o blindado.
Nesta terça, forças de segurança do Rio de Janeiro realizaram uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Pelo menos 64 pessoas morreram – 4 delas policiais – e 81 foram presas.
Megaoperação no Rio: Ministério da Justiça diz que tem atendido a todos pedidos do governo estadual
Em entrevista, antes da ligação para Gleisi, Cláudio Castro disse que o governo federal negou ajuda para operações policiais no Rio de Janeiro e que o estado “estava sozinho” na ação desta manhã nos complexos do Alemão e da Penha.
“Tivemos pedidos negados 3 vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”, reclamou Castro.
Após essa declaração, o Ministério da Justiça disse que atendeu a todos os 11 pedidos de renovação feitos pelo governo do Rio, o que demonstra “total apoio” do governo às forças de segurança estaduais e federais que atuam na capital fluminense
No comunicado, o MJ explicou que mantém a Força Nacional no Rio de Janeiro desde outubro de 2023, com atuação garantida até dezembro de 2025. Segundo o ministério, essa medida pode ser renovada
A pasta também reafirmou “compromisso com o estado do Rio de Janeiro, promovendo a segurança pública por meio do apoio integrado”.
“As ações coordenadas têm como objetivo fortalecer o combate ao crime organizado, reduzir índices de criminalidade e garantir maior sensação de segurança à população”, diz a nota do governo Lula.
Tentativa de transferir responsabilidade
A equipe de Lula avalia que o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, tentou transferir responsabilidade sua para Brasília ao dizer que as forças de segurança do Estado estão sozinhas no enfrentamento do crime organizado, e que o governo federal tem negado ajudar com blindados.
Segundo assessores diretos do presidente Lula, em nenhum momento o governador do Rio avisou que uma operação dessa dimensão estaria sendo programada, que, com certeza, envolveria um grande risco para as forças policiais envolvidas e para a população.
Um auxiliar de Lula argumentou que o empréstimo de blindados só pode ser feito quando uma Garantia de Lei e da Ordem (GLO) esteja vigorando. E isso não existia.
Segundo assessores diretos do presidente Lula, em nenhum momento o governador do Rio pediu a decretação de uma GLO no Estado.
“O desencadeamento de uma operação para GLO implica o reconhecimento formal da falência dos órgãos de segurança locais por parte do Chefe do Executivo estadual”, diz um assessor de Lula, o que não foi feito.
Esse auxiliar afirmou ainda que não chegou ao Exército nenhuma solicitação de uso de blindados da Força em ação de segurança no Rio de Janeiro.