Com 35% de execução, feirantes enfrentam crise à espera de reforma do Mercado Elias Mansour em Rio Branco: ‘Sobrevivendo’


Com obra 35% concluída, feirantes do AC lamentam atraso e relatam prejuízos nas vendas
“A venda aqui tá no limite. A gente está, simplesmente, sobrevivendo”.
Esta fala é de Manoel da Silva, um entre as dezenas de feirantes que aguardam, ansiosamente, pelo término das obras do Mercado Elias Mansour, no Centro da capital acreana.
É que desde o anúncio do realojamento para um espaço anexo, descrito como ‘labirinto’ pelos feirantes, os trabalhadores relatam dificuldades para vender suas mercadorias porque as pessoas não vão até o local como iam no espaço em reforma.
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Apesar de ter afirmado, em abril de 2024, que a obra ficaria pronta em um ano, o secretário municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, Cid Ferreira, negou à Rede Amazônica que a reforma esteja atrasada em três meses, mesmo confirmando que a construção está com 35% de execução.
A previsão de entrega, segundo o gestor, é para fevereiro de 2026.
“Já saímos da primeira laje e já estamos na parte metálica. Mas é uma obra que eu achei um monumento turístico que requer os cuidados no momento do acabamento. E ali vamos ter escada rolante, esteira rolante. Teremos elevador, vamos ter os locais da praça de alimentação, a praça de hortifrutigranjeiros, carne, peixe, essas coisas todas”, afirmou ele.
Com a mudança, devido a localização das bancas e a falta de clientes, os trabalhadores disseram estar apenas sobrevivendo, pois as vendas, segundo eles, diminuíram drasticamente.
“A gente tem uma expectativa [de] que quando o outro mercado sair, tenhamos uma melhora nas vendas e melhore o capital da gente”, complementou o feirante citado no início desta reportagem.
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No mercado onde os feirantes estão desde julho, só há mesmo os comerciantes. As bancas ficam repletas de hortaliças, frutas e verduras, mas os clientes quase não aparecem. Os trabalhadores têm dificuldade até para garantir o mínimo para sobreviver.
A feirante Osmilda de Oliveira ressaltou as dificuldades que vem enfrentando durante mais de um ano em que está no novo local.
“É muito complicado porque todas as bancas estão cheias de mercadorias, mas esse local é muito escondido. Muita gente [que] eu encontro na rua pergunta onde está minha banca. Muita gente diz que procurou e não me encontrou. Isso aqui é um labirinto, tem várias entradas e aqui fica escondido. Não tem visualização, não tem vista, então fica difícil as pessoas encontrarem”, reclamou.
Prejuízos
Os galpões adaptados dificultam o acesso aos setores para quem não conhece o espaço. Mesmo com várias entradas e saídas, a circulação ainda é complicada. Desde que os comerciantes foram realocados, eles relatam que muitos produtos acabam estragando e o prejuízo é grande.
“Logo que a gente veio pra cá, eu tinha R$ 2 mil de capital de giro. O resultado é que hoje eu não tenho nada, porque acabou tudo nessa ‘brincadeira’ de comprar mercadoria e se estragar”. lamentou Osmilda.
Feirantes lamentam perdas de mercadorias por conta de falta de movimentação em local para onde foram realocados
Aldo França/Rede Amazônica Acre
Em julho do ano passado, os comerciantes que trabalhavam no local e que foram realocados para esse novo espaço, onde poderiam continuar realizando suas vendas, já reclamavam sobre a localização.
À época, o feirante Paulo Cesar afirmou ter chegado com 100 cheiros-verdes e precisou retornar com 50 unidades para casa. “Eu não tive vendas, joguei um monte fora, o cheiro verde e a rúcula. A chicória e o alface ainda duram. De resto eu jogo fora, já perdi para mais de R$ 350”, afirmou na época.
De porta em porta
Osmilda contou que, para conseguir vender parte das mercadorias, algumas vezes sai de porta em porta em seu bairro. “No bairro onde eu moro, eu sou muito conhecida. Encontrei uma solução para pagar uma luz ou comprar alguma coisinha para casa, mas nunca sobra. Só dá para suprir a comida, um dia após o outro”, apontou ela.
No dia do feirante, que foi comemorado na última segunda-feira (25), Neide contou que também precisa se virar para sobreviver, por conta das baixas vendas.
Os comerciantes aguardam o término da obra do novo mercado, que consideram demorada, mas que, segundo a prefeitura da capital, está dentro do prazo.
“Depois que a gente saiu daquele mercado, eu não vendo quase nada. Vendo R$ 5 por dia. Aí eu tenho que andar por acolá [sic.] para tentar comprar mistura de casa que é a carne e o frango. O pessoal da verdura joga um monte no lixo porque não vende. Eu espero que esse mercado saia um dia [para] que melhore pra nós”, torceu ela.
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Divulgação/ Seinfra
Obra
Em abril de 2024, o secretário Cid anunciou que o tradicional Mercado Elias Mansour seria demolido para dar lugar a um mercado cultural turístico.
A obra iria iniciar em maio daquele ano e deveria custar em torno de R$ 30 milhões, sendo R$ 22 milhões de emenda parlamentar.
Em julho, os comerciantes que trabalhavam no local foram realocados para um novo espaço, onde poderiam continuar realizando suas vendas.
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