Como funcionava esquema do grupo que tentava fraudar prova de residência médica em Juiz de Fora


Oito são presos por tentativa de fraude em prova de residência médica em Juiz de Fora
A tentativa de fraude no Exame Nacional da Avaliação da Formação Médica (Enamed) incluía a ida dos suspeitos ao banheiro durante a prova para receber as respostas das questões em dispositivos eletrônicos. Lá, segundo as investigações da Polícia Federal, eles anotavam o gabarito e voltavam para preencher o cartão de respostas.
O esquema foi descoberto, e um grupo de oito pessoas preso durante a Operação R1, realizada no domingo (19), em Juiz de Fora. Além do uso de equipamentos eletrônicos, o esquema contava também com falsificação de documentos.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Zona da Mata no WhatsApp
Dentre os detidos, estão médicos e “laranjas” contratados para fazer o exame no lugar dos candidatos. Os nomes não foram informados.
Grupo preso pela PF tentava fraudar prova de residência médica com aparelhos eletrônicos em Juiz de Fora
Polícia Federal/Divulgação
De acordo com a PF, os candidatos envolvidos no esquema pagariam até R$ 140 mil em caso de aprovação. Não foi detalhado em que momento seria feito o pagamento da quantia.
🔍 Como funcionava o esquema
De acordo com a Polícia Federal, o grupo agia de forma organizada e contava com duas linhas principais de atuação. Em ambas, o objetivo era receber as respostas da prova por meio de dispositivos eletrônicos, como celulares e relógios inteligentes.
Veja abaixo como o grupo operava:
Modus operandi: os candidatos usavam minicelulares ou smartwatches escondidos para receber as respostas. A comunicação acontecia, principalmente, durante idas ao banheiro, onde os suspeitos acessavam as mensagens com as respostas e depois anotavam no cartão de prova. Foi nesse momento que a fraude foi descoberta e os equipamentos apreendidos
Duas frentes de fraude: o grupo atuava tanto na transmissão de respostas quanto na falsificação de documentos para incluir “laranjas” entre os participantes
Copiadores: três pessoas se inscreveram com documentos falsos apenas para copiar as questões. Após cerca de uma hora de exame, elas saíram do local e foram a um hotel, onde resolveriam as perguntas com a ajuda de um médico ainda não localizado
Transmissão: do hotel, as respostas eram enviadas eletronicamente aos candidatos verdadeiros, que permaneciam nas salas de prova em Juiz de Fora
Laranjas: em dois casos, não eram os candidatos reais que faziam a prova, mas sim pessoas contratadas para estar no lugar deles, usando documentos falsificados e transmissores
Candidatos beneficiados: três médicos formados foram apontados como os principais beneficiados do esquema. Eles tentavam garantir uma vaga em programas de residência médica com o resultado fraudado.
Grupo é preso por esquema que tentava fraudar prova de residência médica em Juiz de Fora
PF/Divulgação
A ação contou com apoio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsáveis pela aplicação do exame.
Em nota, o Inep disse que trabalha em parceria com a PF e as autoridades competentes nas ações de combate a tentativas de fraude nos exames. “Desde o início da Operação R1, todas as medidas necessárias foram tomadas para a proteção dos processos e a integridade da aplicação do Enamed, que transcorreu com sucesso em todo o país e foi aplicado para 92% dos mais de 96 mil inscritos”.
🔍O Enamed é uma prova aplicada pelo Inep que avalia os estudantes concluintes de Medicina, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Seu objetivo é medir a qualidade da formação médica no Brasil e subsidiar melhorias nos cursos. O exame também pode ser usado como etapa classificatória para o Enare, processo seletivo nacional de residência médica. Participam estudantes do último ano e médicos formados. A aplicação busca garantir maior transparência e qualidade no ingresso à residência médica.
Prisões e apreensões
A operação resultou na prisão de oito pessoas:
Cinco foram detidas no local da prova, sendo quatro homens e uma mulher
Três foram presos em flagrante em um hotel de Juiz de Fora, onde realizavam a transmissão das respostas
Um médico local apontado como colaborador na resolução das questões não foi localizado, mas já foi identificado pela polícia. Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão na residência de um dos suspeitos, no Rio de Janeiro.
Todos os equipamentos apreendidos, como celulares, relógios, pontos eletrônicos e documentos falsos, foram encaminhados para perícia técnica.
Operação R1 prendeu grupo que tentava fraudar prova de residência médica em Juiz de Fora
Gabriel Landim/TV Integração
Pena pode chegar a 10 anos de prisão
Os investigados podem responder por fraude em certames de interesse público, associação criminosa e falsidade ideológica. As penas somadas podem chegar a 10 anos de reclusão, além de multa.
As investigações continuam, e a PF espera identificar novos envolvidos a partir da análise dos materiais apreendidos e dos depoimentos colhidos.
VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *