Ondas de calor, enchentes e secas não deixam apenas marcas físicas e econômicas.
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Estudos recentes mostram que os eventos climáticos extremos também afetam diretamente a saúde mental, e esse impacto já é visível no Brasil.
Pesquisas internacionais indicam que quase 90% dos jovens relatam preocupação constante com o futuro do planeta, e metade afirma que sentimentos de ansiedade, tristeza ou raiva interferem em sua rotina.
Esse quadro é chamado de ecoansiedade, termo usado para descrever o medo persistente de um colapso ambiental.
No arquipélago do Marajó (PA), por exemplo, um estudo mostrou que um em cada quatro adolescentes apresentou sintomas de sofrimento psicológico após enchentes ou secas. Entre professores e pais, os números superam a metade.
Depois das enchentes históricas de 2024 no Rio Grande do Sul, nove em cada dez moradores disseram ter desenvolvido sintomas de ansiedade ou depressão.
Casos de estresse pós-traumático, insônia e até pensamentos suicidas foram relatados com frequência.
Por isso, especialistas destacam que esses traumas não desaparecem quando a água baixa: eles podem permanecer por anos.
a COP 30 e nosso futuro
E o calor também representa um risco. Pesquisas mostram que, em dias de temperaturas extremas, aumentam as internações psiquiátricas, sobretudo entre idosos e pessoas com transtornos prévios.
O organismo sofre: o cérebro tem mais dificuldade para regular a temperatura, os hormônios relacionados ao humor ficam desajustados e o estresse aumenta.
No dia a dia, isso se traduz em mais irritação, noites mal dormidas, fadiga constante e uma sensação de ansiedade que parece não passar.
Como funcionam as discussões da COP, a conferência do clima da ONU
Nas comunidades mais vulneráveis, os efeitos são ainda mais intensos. Escolas são obrigadas a fechar, famílias perdem renda e o acesso ao atendimento em saúde mental é limitado.
No Marajó, o programa PROA treinou profissionais para apoiar alunos e professores, mas a demanda continua muito maior do que a rede consegue absorver.
Para a psicóloga Jaqueline Assis, a questão é clara: “Se a gente não considerar o clima e o território, não há como garantir qualidade de vida e bem-estar”, disse ela à Agência Fiocruz.
A avaliação é compartilhada por outros especialistas, que defendem a inclusão da saúde mental nos planos de emergência climática, ao lado de ações para garantir água, alimentação e abrigo.
Homem observa região alagada em Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul.
Amanda Perobell/Reuters
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