O pai de Larissa de Oliveira faleceu em 2022. Em maio deste ano, a mãe da consultora de marketing mudou de casa em São José do Rio Preto (SP). Durante a mudança, Larissa reencontrou a coleção de VHS. Larissa Oliveira de 33 anos e seu pai, Sergino Firmino de Oliveira de 63 anos que faleceu em 2022
Arquivo pessoal
Em tempos de streamings, ter um vídeo videocassete ou uma fita pode ser considerado retrógrado. Para uma consultora de marketing de São José do Rio Preto (SP), isso virou sinônimo de cuidado e amor depois que ela reencontrou VHS de animações, que ganhou do pai quando era criança, e foram guardadas por ele antes de falecer, em 2022.
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Larissa de Oliveira, de 33 anos, descobriu as relíquias na casa da mãe dela, que também a presenteava em datas comemorativas com uma nova fita. Ao g1, ela relembrou as experiências vividas com o VHS.
“Eu era nova e já sabia colocar a fita no videocassete, dar play e rebobinar. Sempre cuidei com muito carinho e não gostava de emprestar, além de tomar todos os cuidados, como rebobinar só quando chegasse ao fim da fita, para não estragar”, explica.
Larissa Oliveira de 33 anos e as fitas VHS de animações da Disney que o pai dela guardou
Arquivo pessoal
As fitas da Larissa são todas originais e a grande maioria de animações da Disney. Quando criança, ela tinha alguns problemas de saúde e ficava impossibilitada de fazer determinadas atividades. Diante dessa condição, as VHS eram uma forma de distração.
“Eu tinha algumas questões de saúde quando pequena, então não podia correr ou fazer brincadeiras agitadas. Os meus pais me deram a primeira e depois (ganhava) em datas comemorativas, como aniversário, Dia das Crianças e Natal, sempre pedia quando tinha uma nova. Assisti tantas vezes que até decorei as canções dos filmes” , revela.
Guardadas com carinho
O pai da Larissa, Sergino Firmino de Oliveira faleceu aos 63 anos, em dezembro de 2022, por conta de um câncer de pulmão, mas deixou essas preciosidades, que também eram importantes para ele.
“Quem guardou as fitas foi ele. Meu pai sempre gostou muito de filmagem. Além das fitas de desenho, temos muitas com gravações diversas. Quando fiquei adolescente e com a chegada de outros formatos de mídia, como DVD e afins, acabei me distanciando das fitas. Meu pai dizia que guardava porque era relíquia” , explica.
Larissa Oliveira de 33 anos e seu pai, Sergino Firmino de Oliveira que faleceu em 2022 por conta de um câncer no pulmão
Arquivo pessoal
Sergino tinha isso inicialmente como um hobbie. Com o passar do tempo, transformou em profissão e deixou de ser mecânico para se tornar cinegrafista de eventos em Mirassol (SP). A consultora de marketing se inspirou no pai, começou a trabalhar com ele e acabou cursando jornalismo.
Larissa conta que, até maio deste ano, as fitas estavam na casa de sua mãe, onde o pai também morava. A mudança de imóvel trouxe o tesouro à tona.
“Minha mãe se mudou de lá, e eu precisei dar um destino para essas fitas. No primeiro momento, pensei em me desfazer, talvez porque elas faziam eu me lembrar do meu pai e acentuavam a ausência dele. Mas eu respirei fundo e decidi trazer para a minha casa”, revela.
Sergino Firmino de Oliveira de 63 anos que era mecânico e transformou o hobbie em profissão, se tornando cinegrafista de eventos em Mirassol (SP)
Arquivo pessoal
O contato com essas fitas fez a consultora de marketing ter a ideia de transformar um cantinho da casa onde mora em um lugar especial, dedicado às antiguidades como filmadoras, discos de vinil e afins, muitas delas adquiridas pelo pai, que completaria 66 anos no dia 18 de julho.
De relíquia à modernidade
Em Rio Preto, uma loja de um grupo de empresas realiza a conversão de fitas VHS para os formatos atuais e digitais de vídeo e imagem.
A empresária e diretora do grupo Time Stop, Camila Parenti, de 45 anos, explicou que o processo de conversão das fitas é algo muito artesanal.
“É dessa forma porque muitas fitas acabam mofando. Materiais de aproximadamente 30 anos precisam de uma limpeza e cuidados na película antes de conseguirmos rodar com segurança. Depois, fazemos vários testes para encontrar a melhor condição de som, imagem e cor”, explica.
Acervo usado pelo grupo de Rio Preto (SP) para conversão de fitas VHS
Grupo Time Stop/Arquivo pessoal
Somente após esses procedimentos, são feitas as capturas de imagens da VHS. O formato padrão para conversão das fitas analógicas é o “.mp4 high quality”, que mantém a qualidade original e permite a visualização e edição em dispositivo ou programa.
Camila revela que o serviço de conversão tem sido muito procurado, principalmente quando contém registros de momentos especiais, como casamentos e aniversários.
“Tanto por parte de pessoas físicas quanto por parte de museus e órgãos governamentais. Falando de materiais pessoais, quase todas as famílias têm ao menos uma VHS de casamento, formatura ou algum aniversário para recuperar”, finaliza.
Aparelhos usados para a conversão de fitas VHS usado pelo grupo Time Stop
Grupo Time Stop/Arquivo pessoal
* Colaborou sob supervisão de Henrique Souza
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