Corpo em mala: os detalhes do depoimento de homem preso por suspeita de matar e esquartejar namorada no RS; VÍDEO


Detalhes do depoimento de homem preso por suspeita de matar e esquartejar namorada no RS
O publicitário suspeito de matar, esquartejar e esconder as partes do corpo de sua namorada em Porto Alegre foi interrogado pela polícia em 10 de setembro, cinco dias depois de ser preso. Durante três horas, Ricardo Jardim relatou sua versão sobre o crime. A repórter Adriana Irion, de Zero Hora, teve acesso à íntegra do depoimento com exclusividade. Veja trechos acima.
À Polícia Civil do RS, Ricardo Jardim nega que tenha matado Brasília Costa, de 65 anos. Ele afirma que encontrou o corpo da namorada, já morta, no quarto da pensão em que os dois moravam. Relata ainda que pagou R$ 2 mil para um catador de lixo descartar o corpo em uma mala, mas diz que nunca pediu que a mulher fosse esquartejada.
“Era um relacionamento absolutamente perfeito. Nunca tive um relacionamento tão estável, de tanto companheirismo, de tanta fidelidade, de convivência tão tranquila”, disse.
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A Polícia Civil segue em busca do crânio da mulher. Partes do corpo dela foram espalhadas pela cidade, e a cabeça é a única parte que ainda não foi localizada. A investigação começou depois que o torso do cadáver foi achado dentro de uma mala em um armário da rodoviária da capital em agosto deste ano.
Jardim, publicitário de 66 anos, com quem ela tinha um relacionamento, foi preso ainda em setembro por suspeita de feminicídio. Segundo a Polícia Civil, a motivação do crime é financeira, pois, ele teria tentado usar cartões de crédito de Brasília.
O depoimento
No depoimento à polícia, Jardim negou que tenha matado a mulher. Ele afirma que o combinado entre o casal era comemorar um ano do relacionamento. Entretanto, quando chegou no quarto dela, teria encontrado a mulher “deitada na cama com o braço caído”, já morta, em 8 de agosto, e não soube como reagir. Já segundo a polícia, Jardim teria matado a mulher no dia seguinte.
“Ela estava imóvel, eu sacudi, chamei por ela e ela não respondeu nada. Aí eu fiz todo aquele procedimento que a gente faz: olha pulso, olha aqui, ouve, tenta ouvir a respiração, coração… Por último peguei o aparelhinho, botei no pulso dela”, relatou.
Ao ser questionado o que fez depois de encontrar a namorada morta, Jardim disse:
“Acertei ela na cama, botei o cobertor por cima, fechei a porta de novo e voltei para o meu quarto.”
No depoimento, o publicitário diz que pagou R$ 2 mil a um catador de material reciclável conhecido como “Binho”:
“Eu disse para ele [Binho] que eu botaria ele [o corpo] numa mala, mas eu não disse para ele picar ela, não disse para ele cortar a cabeça, eu disse para ele (…) cortar um pedaço da perna, uma coisa assim, para caber numa mala”, relatou.
Em outro trecho do depoimento, Jardim afirma que temia ser preso:
“Eu tinha medo de ser preso. Tinha certeza que ia ser preso. E, além disso, tinha medo de ser preso com a acusação de também ter matado ela. Sei lá pelo que, por envenenamento, por estrangulamento, não sei exatamente o quê.”
O publicitário disse ainda que a ideia era distribuir as partes do corpo de Brasília em vários locais da cidade, para dificultar o trabalho da investigação. E explicou por que escolheu a rodoviária como um desses locais:
“Pensei na rodoviária, recém foi reformada por causa da enchente, não deve ser tão aparente. Achava ela mau iluminada, complexa. Aí resolvi deixar, ‘vamos ver o que acontece, pelo menos vão encontrar um corpo, vai dar para enterrar, não é uma coisa que vou jogar no rio e vai sumir para todo o sempre'”, afirmou.
Jardim diz ainda que descartou a cabeça da mulher em uma lixeira perto da Avenida Borges de Medeiros, no Centro da Capital. Veja cronologia do caso abaixo.
Ricardo Jardim, publicitário preso por suspeita de matar e esquartejar mulher em Porto Alegre
Reprodução
Investigação segue
O delegado Mario Souza, responsável pela investigação, diz que ainda há perspectiva de que o crânico seja encontrado, mesmo com o tempo transcorrido. A investigação começou há cerca de dois meses, após a localização da mala, em 20 de agosto. O crime teria sido cometido no dia 9 do mesmo mês.
“A cada dia que passa, fica mais difícil. Mas vamos encontrar [a cabeça]. Seguimos trabalhando”, disse.
Jardim é representado pela Defensoria Pública do Estado que, procurada pelo g1, informou que só se pronunciará nos autos do processo.
Questionado sobre se o suspeito seria chamado para prestar novo depoimento e, talvez, indicar onde colocou a cabeça, Souza sinaliza que não é uma intenção da Polícia Civil, pois o publicitário já passou informações falsas que atrapalharam o trabalho investigativo.
Exemplo disso foi quando ele disse aos policiais que havia descartado a cabeça em uma lixeira na região da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, o que levou uma equipe a fazer buscas pelo local, mas nada foi encontrado (saiba mais abaixo).
Ainda que o crânio não seja encontrado nos próximos dias, a Polícia Civil pretende finalizar o inquérito indiciando o suspeito pelo assassinato. São aguardadas perícias do Instituto-Geral de Perícias (IGP) para que o documento seja finalizado e remetido ao Ministério Público (MP).
Em 2018, Ricardo Jardim foi condenado a 28 anos por matar e concretar a mãe. Ele foi solto em 2024 após conseguir autorização para progressão ao regime semiaberto (relembre o caso abaixo).
Corpo dentro de mala: coletiva detalha investigação do caso
Polícia Civil/Reprodução
Corpo de vítima foi mantido dentro de geladeira, diz delegado
Partes do corpo espalhadas pela cidade
Ricardo Jardim, suspeito de esquartejar mulher e colocar corpo em mala, após depoimento
Reprodução/ RBS TV
O primeiro descarte de partes do corpo ocorreu em 13 de agosto, em um local ermo, sem movimento ou câmeras de segurança, na Zona Leste da capital gaúcha.
Já o segundo ato foi registrado em 20 de agosto, na rodoviária, um espaço de grande circulação e monitoramento. As pernas foram encontradas em dois trechos diferentes da Zona Sul.
Além disso, a polícia sinaliza que o homem deixou pistas falsas no guarda-volume, dentro da mala e há suspeita de que tenha feito denúncias falsas para a polícia.
“Parecia que ele estava querendo controlar os atos do estado, os atos da polícia. Parecia que ele queria estar um passo a frente da polícia”, explica o delegado Souza.
Após deixar a mala na rodoviária, ele teria ido para a Zona Norte de Porto Alegre, onde foi até um estabelecimento comercial e, então, para uma pousada.
O suspeito foi identificado a partir de imagens de uma câmera de segurança do estabelecimento comercial. Em certo momento da gravação, ele é visto abaixando a máscara que usava e que aparecia vestindo no vídeo registrado na rodoviária da capital (veja abaixo).
Vídeo mostra momento em que homem deixa corpo em mala na rodoviária de Porto Alegre
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Infográfico – Linha do tempo: homem preso após abandonar mala com corpo na rodoviária de Porto Alegre
Arte/g1
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