CPMI do INSS ouve presidente da Conafer, entidade que, entre 2019 e 2023, aumentou volume de descontos de R$ 400 mil para R$ 202 milhões


Fraude no INSS: CPMI ouve presidente da Conafer
A CPMI do INSS ouviu, nesta segunda-feira (29), o presidente da Conafer. De 2019 a 2023, foi a entidade que teve o maior aumento no volume de descontos em benefícios de aposentados e pensionistas.
O presidente da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais, Carlos Roberto Ferreira Lopes, chegou à CPI com as mãos pintadas por causa da origem indígena. Carlos Lopes falou como testemunha e se comprometeu a falar a verdade.
De acordo com a CGU – Controladoria-Geral da União, a Conafer foi a entidade que mais aumentou o volume de descontos em benefícios do INSS de 2019 a 2023. Foram:
R$ 400 mil em 2019;
R$ 57 milhões em 2020;
R$ 202 milhões em 2023.
O relator, deputado Alfredo Gaspar, do União Brasil, quis saber sobre movimentações milionárias na conta bancária de Carlos Lopes. Segundo o relator, os valores foram registrados pela Receita Federal. Ele negou irregularidades.
Deputado Alfredo Gaspar, relator: O senhor, com um patrimônio de R$ 300 mil, movimentou R$ 1,65 milhão nas suas contas. Tem uma explicação para isso?
Carlos Roberto Ferreira Lopes: Não confere.
Relator: Não confere?
Carlos Roberto: Não.
O relator questionou sobre os descontos associativos em benefícios fantasmas.
Relator: Em 2021, a Conafer fez o milagre de ressuscitar 87 mortos para desconto associativo. Em 2022, o milagre da ressurreição caiu para 61. Em 2023, o milagre explodiu: 2.083 ressuscitados. Em 2024, 1.135. Dados da CGU. O senhor poderia explicar como isso aconteceu?
Carlos Roberto: A Conafer tem 8 milhões de associados, e esses casos muito me estranham.
Relator: Eu só quero esclarecer para o senhor que foram fichas dadas pela Conafer, sob sua presidência, à CGU.
Carlos Roberto: Eu não estou negando tal afirmação do senhor.
CPMI do INSS ouve presidente da Conafer, entidade que, entre 2019 e 2023, aumentou volume de descontos de R$ 400 mil para R$ 202 milhões
Jornal Nacional/ Reprodução
O relator também quis saber como era feita a captação das assinaturas e lembrou que mais de 70 mil beneficiários da Conafer reclamaram de descontos ilegais.
Relator: Eu quero saber a captação na base para incluir no INSS, para eu ficar bem claro, no Dataprev.
Carlos Roberto: Não falamos captação. É associado com o sindicato, associação.
Relator: Quem fazia esse trabalho?
Carlos Roberto: Eu tenho certeza que o primeiro grau. Porque só pode vir de lá.
Relator: E quem inseria esses dados no Dataprev?
Carlos Roberto: O INSS, após averiguação.
Relator: O INSS?
Carlos Roberto: Sim. Eu nunca inseri uma ficha na Dataprev para desconto. As fichas eram remetidas ao INSS, o INSS fazia averiguação, e as que eles julgassem aptas botavam em desconto.
Relator: O senhor está me dando um caminho novo.
O relator encerrou a fala fazendo acusações:
“Se isso não for lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e formação de organização criminosa, é melhor fechar a CPMI”.
O Jornal Nacional procurou o INSS para que se manifestasse sobre as declarações de Carlos Lopes, mas não tivemos retorno.
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