CPMI do INSS prende ex-diretor de empresas do Careca do INSS e esposa de ex-procurador do
A sessão, que começou na tarde desta segunda-feira (22), ficou marcada por vários momentos em que o depoente foi alertado pelo risco de prisão.
Logo no começo, Rubens não quis se comprometer em dizer a verdade diante da CPMI, mas foi persuadido pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), a concordar com o termo para dizer a verdade e ficar calado para tudo o que julgar que poderia incriminá-lo.
Durante a sessão, Viana ainda realizou outras interrupções e suspendeu a oitiva para conversar com a defesa e os demais membros da mesa para pedir maior colaboração de Costa com os parlamentares que estavam fazendo as inquirições.
Ao fim de sua fala, o relator afirmou que suspenderia as perguntas por entender que era “infrutíferas”, em função do habeas corpus recebido por Costa, e propôs à CPMI um pedido de prisão cautelar contra o depoente.
Gaspar ainda apontou que Rubens Costa movimentou, como procurador, mais de R$ 350 milhões nas contas correntes das empresas em que atuava como diretor financeiro.
“Isso mostra, Sr. Presidente, que há muito dinheiro disponível para se manter a impunidade. […] Esse cidadão participou efetivamente de crimes gravíssimos contra aposentados e pensionistas, continua na impunidade, continua praticando crimes, se encontrando com outros investigados, e isso só seria suficiente para esses depoimentos estarem sendo acobertados e combinados.
O poder político escondido um dia vai aparecer, mas só vai aparecer se esta CPMI tiver a coragem de enfrentar esses que meteram a mão no dinheiro dos aposentados”, justificou Gaspar.
Por volta de 20h25, Rubens Oliveira foi desmentido pelo vice-presidente da CPI, deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA), por várias contradições em seu depoimento ao longo do dia.
“Eu pedi que adiasse a minha participação na CPMI para que eu pudesse trazer as provas inequívocas do falso testemunho do depoente, senhor Rubens. Toda e qualquer testemunha precisa dizer a verdade, ela não pode se negar a dizer a verdade”, criticou o deputado.
O vice-presidente ainda foi elencando os momentos em que Costa teria se contradito durante suas falas na CPMI:
“- 16h38, você Rubens se negou de assinar o termo de dizer a verdade, você já está configurando, com muita clareza, uma grave omissão, de dizer a verdade.
– 16h40, você diz que não tinha nenhuma relação com a empresa ACCA. Após, reafirmar que não tinha nenhuma relação e repitiu agora, repetiu, você, às 16h44, quatro minutos após, quando o nosso querido relator Alfredo Gaspar perguntou, por favor, descreva quais empresas o senhor apresentou ao senhor Milton Salvador. Ai você disse, ACCA, Prospect, Brasília Consultoria, Plural e ACDS. Ai o nobre relator perguntou, você apresentou essas cinco empresas? Você disse, sim. Essas empresas que estavam sob a minha gestão. Então, como é que em nenhum momento diz que não tem nenhuma participação. Outrora, num segundo momento, você diz que tem participação. Você está mentindo. Você mentiu na CPMI diversas vezes.
– 17h44, você muda de ideia mais uma vez e diz, inclusive, que tinha relação e emitia nota fiscal em nome da ACCA.
– 17h04, o senhor disse que era só administrador das empresas e não mexia em dinheiro.
– 17h08, você disse que não movimentou nenhum recurso e que esta era responsabilidade do Alexandre Guimarães.
– 17h48, você mais uma vez muda a versão dos fatos. Você confirma que sacou dinheiro, provisionou para saque e afirmou que era diretor financeiro.
– 17h04, você disse que só conheceu o Alexandre em 2023. Mentira. Você é sócio do Alexandre desde 2022.”
Em razão do horário, após o registro da ocorrência no Senado, Rubens deve passar a noite na superintendência da Polícia Federal enquanto não passa por audiência de custódia que deve determinar uma fiança para sua soltura.
Quem é Rubens Oliveira Costa?
CPMI do INSS prende ex-diretor de empresas do Careca do INSS e esposa de ex-procurador do órgão
Reprodução/TV Senado
Em sua fala inicial, Rubens Oliveira Costa, 57 anos, afirmou que prestava serviços de “gestão administrativa e financeira, na avaliação de empresas, no gerenciamento de projetos, atendendo as empresas de diversos segmentos de mercado, em especial micro e pequenas empresas”
Além disso, Rubens confirmou que atuou como diretor financeiro de várias empresas ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, onde a CPI constatou que ele teve procuração para operar as contas bancárias, que movimentaram milhões de aposentadorias do INSS
O depoente também aparece como diretor de empresas ligadas a Thaisa Hoffmann Jonasson, companheira do ex-procurador do INSS, Virgilio Ribeiro de Oliveira Filho, apontado também como um dos articuladores do esquema. E também manteve sociedade com o ex-diretor de Governança do INSS, Alexandre Guimarães.