Dia da Amazônia: conheça espécies da floresta na região do Acre


Dia da Amazônia: conheça espécies da floresta na região do Acre
A Amazônia é cheia de biodiversidade. Aqui vivem peixes, aves, mamíferos, répteis, anfíbios e insetos que só é possível encontrar por aqui. Para celebrar o Dia da Amazônia, nesta sexta-feira (5), o g1 te convida a conhecer mais da natureza da região Amazônica, mais precisamente nas proximidades do Acre.
Para isso, o g1 conversou com dois especialistas: o biólogo Ricardo Plácido e Marcos Silveira, coordenador do Programa de Pesquisa em Biodiversidade do Ministério da Ciência e Tecnologia que nos guiaram para conhecer algumas das espécies que integram a fauna e a flora acreana.
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Ricardo é biólogo e trabalha na Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema). Ele também se dedica a observar pássaros e estuda as aves do Acre como hobby nas horas livres.
Inclusive, em janeiro deste ano, ele encerrou uma espera de sete anos e conseguiu fazer o primeiro registro fotográfico e em vídeo do tovacuçu-xodó, pássaro raro da Amazônia que habita regiões do Acre, Amazonas e Peru.
“É meu passatempo preferido. Ao longo de 10 anos venho percorrendo o território acreano em busca de registros fotográficos e outras informações ecológicas das espécies. Sou especialmente fascinado pelas aves mais raras e difíceis de serem localizadas. E nisso tudo a gente vem contribuindo com o conhecimento sobre nossas espécies”, afirmou ele.
Marcos Silveira é professor Na Universidade Federal do Acre (Ufac) e, além de pesquisador, se dedica a divulgar plantas, fungos e histórias do Acre nas redes sociais, com postagens de descobertas novas e antigas das espécies acreanas.
Em 2008, o pesquisador publicou o Primeiro Catálogo da Flora do Acre e com registros de 4.004 espécies.
“Em 2014 realizamos a primeira atualização do checklist e adicionamos 347 novos registros para a flora, agora são 4.351 espécies. No momento estamos atualizando a lista de espécies que deverá conter em torno de 5 mil espécies de plantas ou quase um terço da flora conhecida na Amazônia”, celebrou.
Os dois montaram uma lista com animais e plantas que só existem na região amazônica perto do Acre. Veja a seleção feita pelos especialistas:
Choca-do-acre fêmea
Choca-do-acre fêmea
Ricardo Plácido
A espécie foi descoberta no Acre com uma primeira aparição em 1994. Em 2004 ela foi descrita e apresentada oficialmente. Já em 2016, Ricardo Plácido fez o segundo registro da ave da história.
A ave também foi vista no Peru, país que faz fronteira com o estado. “Bicho não vê fronteira geográfica, o que separa são os rios”, afirmou Ricardo.
Flautim-rufo
Flautim-rufo
Ricardo Plácido
Um dos animais que representa a fauna acreana. Avistada em áreas adjacentes, como no Peru e sul da Amazônia, mas é endêmico da região acreana. A maior população do animal está concentrada no Acre.
Maria-sebinha-do-acre
Maria-sebinha-do-acre
Ricardo Plácido
A espécie também foi descoberta no Acre em 2015, porém, há incidência, em menor quantidade, no território vizinho peruano, que faz fronteira com o estado brasileiro.
Sagui-imperador ou bigodeiro
Sagui-imperador ou bigodeiro
Ricardo Plácido
O bigode longo difere a espécie das demais do gênero e chama atenção dos observadores de natureza. Ocorre no Acre e Amazonas, além de ser encontrado no nordeste do Peru. “Ele é encontrado em menor quantidade nas áreas vizinhas”, disse Ricardo.
Uacari ou uacari-da-cara-vermelha
Uacari ou uacari-da-cara-vermelha
Ricardo Plácido
Pode ser avistado nas florestas menos exploradas do Acre. É original da Amazônia brasileira e pode ser encontrado em florestas do Peru e Colômbia. Não apresenta pelos na cabeça, com pelagem variando do laranja ao vermelho e o rosto avermelhado.
A coloração de seu rosto é bastante marcante nos machos, funcionando como atrativo na seleção sexual.
Buxaceae
Buxaceae
Mayk Oliveira
O botânico descreve a espécie como uma novidade para a flora do Brasil. Essa espécie foi coletada no Acre em 2007, e em 2015 foi registrada em um gênero e em uma família inéditas para o país. Encontrada no Acre no Parque Nacional Serra do Divisor (PNSD).
Era conhecida apenas nas terras baixas e no piemonte andino da Colômbia, Equador e Peru.
Orquídea
Epidendrum macrocarpum Rich
Marcos Silveira
Epidendrum macrocarpum Rich, uma orquídea epífita com flores alaranjadas com até 5 cm de comprimento. Muito vistosa nos domínios da Mata Atlântica, da Amazônia e da região andina. Ela é conhecida pela ciência há 230 anos, mas somente recentemente entrou para a lista de espécies de plantas do Acre.
Aristolochia putumayensis O.C.Schmidt
Aristolochia putumayensis O.C.Schmidt
Marcos Silveira
Aristolochia putumayensis O.C.Schmidt, é uma espécie coletada em 1935 pelo botânico amador, Guillermo Klug, nas terras baixas do Rio Putumayo, na foz do rio Zubineta, em Loreto, Peru.
Considerada até recentemente uma espécie endêmica peruana, essa planta foi coletada em janeiro de 2022 no município de Assis Brasil, na fronteira Brasil-Peru.
Drymonia pulchra Wiehler (Gesneriaceae)
Drymonia pulchra Wiehler (Gesneriaceae)
Marcos Silveira
Drymonia pulchra Wiehler, uma espécie identificada pela especialista colombiana, Laura Clavijo, e era conhecida apenas nas terras baixas e no piemonte andino da Colômbia, Equador e Peru, foi registrada de forma inédita no Brasil, mais precisamente no Acre, em 2019.
Em atividades de campo que Marcos Silveira faz anualmente no Parque Nacional Serra do Divisor, os formandos do curso de Ciências Biológicas flagraram a Drymonia (Gesneriaceae).
Aristolochia guentheri O. Schmidt
Aristolochia guentheri O. Schmidt
Marcos Silveira
Essa planta foi coletada pela primeira vez por Otto Buchtien, em 1927, na região de Mapiri, Departamento de La Paz, nas franjas andinas, a aproximadamente 100 km do Lago Titicaca e 500 km do Acre.
E era uma espécie amazônica conhecida em território brasileiro apenas nos estados do Amazonas, Pará e Amapá. No Acre ela foi coletada em 2017, no Rio Iquiri.
Aenigmanu alvareziae (Picramniaceae)
Aenigmanu alvareziae (Picramniaceae)
Marcos Silveira
Uma árvore pequena, que mal passa os 6 m de altura, foi coletada pelo botânico Robin Foster no Parque Nacional de Manu, Peru, em 1973. Posteriormente foi coletada em 2019, no Parque Estadual Chandless, a 450 km de Manoel Urbano, durante um curso de monitoramento de plantas e até então, representa o único registro da espécie no Brasil.
Dia da Amazônia
O Dia da Amazônia foi criado pela Lei nº 11.621, em 19 de dezembro de 2007. O objetivo é lembrar as pessoas da importância da floresta amazônica e da sua biodiversidade para o mundo.
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O dia 5 de setembro foi escolhido porque, em 1850, foi criada a província do Amazonas. Hoje, ela é o estado do Amazonas.
A floresta amazônica, entre outras inúmeras contribuições, possibilita através das riquezas naturais e biodiversidade, o fornecimento de água nas cidades, a formulação de remédios por meio das plantas, além de ser responsável por boa parte da qualidade do ar e da regulação do clima e, sobretudo, possui um importante papel na cadeia produtiva.
O Dia da Amazônia lembra que é preciso cuidar dos recursos naturais. Isso inclui usar com responsabilidade e acompanhar os impactos nos rios e nas bacias hidrográficas.
Fauna e flora da região amazônica próximo do Acre é rica e diversificada
Arquivo pessoal
VÍDEOS: g1

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