
Polícia investiga fraude bilionária no Banco Master
Ao longo de 2025, as falas do governador Ibaneis Rocha (MDB) e da vice-governadora Celina Leão (PP) sobre a compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB) mudaram conforme as tratativas da operação avançaram ou eram embarreiradas.
O governo do Distrito Federal sempre defendeu a transação – mas o nível de entusiasmo ou de cautela variou de forma perceptível. Por exemplo, quando o Banco Central barrou a aquisição.
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Nesta terça (18), a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que mirou um esquema de venda de títulos de crédito falsos, resultando na prisão do presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, e outros quatro diretores da instituição.
Além disso, o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado do cargo.
Entusiasmo inicial
Em março, quando a negociação se tornou pública, Ibaneis adotou tom de entusiasmo e classificou a ocasião como “um dia de festa”.
“Isto tem um significado muito grande para a população do Distrito Federal, porque nós, como acionistas majoritários de um banco público, passamos a ter mais dividendos para poder investir nas obras que são necessárias na cidade”, afirmou o governador.
Ibaneis Rocha, governador do DF
Renato Alves/Agência Brasília
Segurança da operação
No início de abril, o foco passou a ser a segurança da operação.
Em entrevista dada em Dubai, no dia 14, o governador afirmou ter orientado a presidência do BRB a aprofundar a auditoria – e excluir créditos de maior risco.
Segundo Ibaneis, a operação teria pouco risco para o BRB.
“Como a gente sabe, no mercado o Daniel [Vorcaro, presidente do Banco Master] tem alguns ativos nos quais ele investiu bastante, principalmente na questão de precatórios e em algumas empresas. Eu pedi ao Paulo [Henrique Costa, presidente do BRB] que deixasse essa fatia no Master de fora. E isso aconteceu. A operação hoje tem pouco risco para o BRB”, complementou.
Também em abril, Celina Leão, vice-governadora, se manifestou pela primeira vez. Ela declarou não ter sido comunicada sobre a negociação.
“Não tenho conhecimento sobre a operação. Não fui consultada, fiquei sabendo pela imprensa”, declarou Celina.
Críticas após veto do Banco Central
Com o veto do Banco Central anunciado em setembro, o discurso do governo tornou-se mais cauteloso sobre o processo.
Ibaneis afirmou que, se fosse inviável, a negociação deveria ser interrompida. Ele disse ainda que a compra negada pelo BC colocaria em risco todo o sistema financeiro nacional pela possibilidade de descapitalização do Master.
“Se for inviável, nós vamos parar e vamos realmente trabalhar outras oportunidades para que o Banco de Brasília possa avançar e continue crescendo. […] A dilapidação do Master, que está se mostrando aí, pode trazer um grande risco para o sistema financeiro como um todo”, destacou o governador.
Celina Leão, vice-governadora do DF
TV Globo
Celina Leão voltou a comentar o caso nesta terça-feira (18), ao ser questionada sobre a gestão do BRB após o afastamento do presidente Paulo Henrique Costa.
“Nós não temos compromisso com erro. Então o próprio governador Ibaneis fez hoje a troca, já indicou um outro nome e aquilo que tiver que ser apurado, será apurado”, declarou a vice-governadora.
O que diz o GDF
Em nota oficial, o GDF disse que BRB mantém capacidade plena com total segurança administrativa e financeira.
“Medidas internas adicionais serão adotadas para reforçar os mecanismos de governança, compliance e controle interno”, disse o governo do DF na nota.
O governo também reforçou que todas as rotinas bancárias, sistemas internos, serviços aos clientes, contratos vigentes, operações de crédito e compromissos institucionais seguem em funcionamento regular.
“Não há qualquer impacto estrutural na liquidez, na solvência ou na continuidade operacional da instituição”, falou.
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