Transplantes entre parentes ajudam a diminuir a espera por órgãos
O Dia Nacional do Doador de Órgãos é comemorado neste sábado (27). O transplante entre parentes ajuda o Brasil a bater recorde de cirurgias.
O João tem 13 anos. Aos 10, ele teve os primeiros sintomas de cirrose hepática, doença irreversível que pode comprometer o funcionamento do fígado. Como a situação piorou, ele foi para a fila do transplante.
Como um doador não aparecia, os médicos sugeriram que alguém da família doasse parte do fígado para João. Só a mãe era compatível. O transplante estava marcado, quando a família recebeu uma ligação da equipe médica dizendo que tinha conseguido um doador.
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 47 mil pessoas estão na fila do transplante. A maioria precisa de rim (43.867) ou fígado (2.305).
Mas nem todos têm a sorte do João. Por isso, o transplante entre pessoas vivas é uma forma de diminuir essa espera.
Um dos requisitos para este tipo de transplante é que o doador precisa ser da família. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, apontou 2 motivos para isso:
é uma regra que ajuda a coibir, em vários países, o tráfico de órgãos;
quanto mais próximo o parentesco, menor o risco de rejeição a esse transplante.
A doação em vida é feita quando o paciente não encontra um doador compatível e precisa de um órgão com urgência.
Ela é possível para medula óssea, rim e partes do fígado e do pulmão. Estes dois órgãos têm alta capacidade de regeneração.
“O pedaço que fica em quem doou aumenta até quase ficar do tamanho que era o fígado inteiro”, diz o médico José Sampaio.
Mais de 7 mil transplantes foram realizados neste ano no Brasil. No primeiro semestre, 555 foram com órgãos de doador vivo.
Essa foi a solução para a Júlia. Ela e a irmã gêmea, Helena, desenvolveram, ao mesmo tempo, um caso grave de hepatite. A família de Santa Catarina foi encaminhada para o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, referência no atendimento pediátrico.
A Helena conseguiu se recuperar. Mas o fígado da Júlia parou de funcionar.
“Se ela não transplantasse dentro de um prazo que variava de criança para criança, ela não iria sobreviver”, afirma a médica hepatologista Débora Kirchner.
A mãe de Júlia, Alessandra Machado, foi compatível. “Meu fígado tinha um tamanho que era bom para doar, e foi um alívio”, diz.
A Júlia já voltou para casa.
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